04/04/2003

O tijolo e o negro líquido

Os pacíficos governos europeus que sempre acusaram os americanos de guerrear por causa do petróleo, aparecem agora em público a reivindicar o seu quinhão de construção civil do Iraque, esquecendo-se (ou fazendo-o crer) que se trata de construção civil por petróleo. O exacto petróleo que os mesmos pacifistas renegavam há 15 dias não querendo nele sujar as mãos.

A moral?

Vamos dar de barato que os americanos guerreiam para aceder ao vil líquido e que a reconstrução do Iraque é mais uma faceta desse abjecto negócio. Os americanos farão isso MAS sofrem baixas. Os europeus constróem por petróleo mas tudo fazem para parecer não terem a iniciativa de "aceder" a esse "bem", e à sombra das baixas americanas.

Algumas almas reclamam que o pacifismo tem florescido na Europa graças à segurança que os americanos lhe têm proporcionado. E parece que assim vai continuar.

Claro que as Nações Unidas estão no circuito para "moralizar" a operação de reconstrução. Também os traficantes de droga procuram os bancos para lavagem de dinheiro. Se a mesma guerra tivesse sido aprovada pela ONU teria, portanto, o beneplácito da Branca (como o "pó") de Neve.

Esperam-se, portanto, violentas manifestações na Europa, contra os pacifistas governos europeus que cederam à sede imperialista pelo vil petróleo (também os europeus têm sede).

Já se sabe que os americanos atacam também para agradar ao lobi interno dos construtores de armas e que muito longe disso estarão os europeus, claro. Se calhar só estão longe disso quantitativamente, e por imbecilidade política. Se calhar porque não dedicam ao assunto recursos suficientes para competirem quantitativamente e tecnologicamente. Mas nos poucos casos em que o conseguem lá estão, também eles, a vender aviões, tanques ou componentes para armamento. Não é por acaso que uma boa parte das metralhadoras americanas são de fabrico alemão (talvez sejam alemães de Marte e só eu é que não me apercebi disso).

Enfim, dizia o patético e absoluto pacifista Carvalhas "guerra não porque prejudica os mármores". Pois agora, que já foi feita, aproveitemos e vendamos mármores. Não consta que ele proponha que sejam pacifico-filantropicamente oferecidos.

Aguardemos as previstas (por mim) manifestações.