27/04/2006

A cruz nos exames – a cruz de todos nós ...

... ou um método especial para "grunhos".

Este ano, parte dos exames de português do 12º ano, será feita por escolha múltipla. Aquilo a que habitualmente se chama “por cruz”.

Argumenta-se que por esta via se permite que alunos com dificuldade em expressarem-se sejam avaliados em relação à compreensão de um texto.

No 12º ano, qualquer aluno com dificuldade de expressão (ou de escrita) deveria chumbar. Chumbar liminarmente. Este tipo de coisa não é aceitável para lá da 4ª classe. Quem não se sabe explicar oralmente e por escrito não deve passar, de modo algum, do 9ª ano (deveria ser da 4ª classe, mas a hecatombe é tão grande ...).

Para 2007, os idiotas do Ministério da Educação proporão:

1 – Que todo o exame seja feito por escolha múltipla.

2 – Que uma parte do exame seja feito por carimbadela para permitir que os alunos que não saibam fazer uma cruz possam ainda responder.

Para 2008, os mesmos idiotas do Ministério da Educação (mesmo assim as luminárias acharão que é de manter o nome do ministério) proporão o seguinte:

1 – Que o exame continue a ser feito, por completo, por “cruzinha”.

2 – Que se faculte aos alunos um professor destinado a ler-lhes os textos e as perguntas. Desta forma permite-se-á que alunos que não saibam ler, possam responder.

3 – Que os alunos possam responder por grunhidos. Caberá ao professor seleccionar o grunhido que mais se adeqúe à resposta correcta.

.

26/04/2006

Chernobyl 20



Convém não esquecer que:

1 - O reactor nº 4 de Chernobyl estoirou há 20 anos.

2 - Que só depois de vários dias decorridos foi admitida pelas autoridades da União Soviérica a ocorrência do acidente - e só perante a chedgada e detecção da respectiva radiação aos países vizinhos.

24/04/2006

Multiculturalismo de retrete

Segundo a BBC (via No Pasaran), o Ministério do Interior inglês providenciou a construção de blocos de casa de banho novos de forma a evitar que os prisioneiros muçulmanos ficassem virados para Meca enquanto as utilizassem.

.

Epistemologia jornalística

No Blog Retórica e Persuasão, escreve Américo de Sousa:

Disponibilizo aqui o texto integral da comunicação que levei ao VII Congresso Lusófono de Ciências da Comunicação, em Santiago de Compostela. Mas para quem queira apenas, ou antes de mais, ficar com uma ideia geral do que lá se trata, o melhor ainda será ler a breve apresentação que dela fiz no próprio evento:

A minha comunicação corresponde, em síntese, a uma reiterada afirmação do primado da objectividade jornalística e dos valores de isenção e rigor que lhe andam associados.

Trata-se aqui, naturalmente, da objectividade possível e não de uma objectividade absoluta, que é, como se sabe, inacessível aos humanos. Mas como digo no meu texto, o facto da própria ciência não ascender a verdades absolutas não lhe retira objectividade. Com as devidas diferenças, assim será também no jornalismo.

Não parece, contudo, ser este o pensamento dominante no actual campo jornalístico português, tantos são os que contestam os valores de isenção e de rigor no jornalismo, ainda que os mesmos continuem a figurar como deveres básicos nos códigos deontológicos que regem a actividade.

Fui à procura de declarações de jornalistas portugueses que se posicionam num certo “subjectivismo jornalístico” e encontrei três grandes tipos de argumentos:

O argumento mitológico - a objectividade é apenas um mito criado para o jornalismo aparentar uma competência que não tem.
O argumento perspectívico - não há objectividade, porque os jornalistas olham para realidade a partir de uma determinada perspectiva (que pode não ser a dos outros).

E o argumento limitativo - a objectividade é impossível devido às limitações do próprio jornalista (percepção, influência do seu sistema de valores, particular relação com o mundo, etc.).

São estes três principais argumentos que procuro desqualificar no meu texto, ao mesmo tempo que chamo a atenção para o perigo de poderem funcionar como verdadeira almofada teórica para justificar todos os excessos, desde logo, o da recusa de qualquer pretensão de objectividade jornalística.

É que num jornalismo sem objectividade, sem imparcialidade, sem isenção e rigor o jornalista poderia passar a dizer o que lhe viesse à cabeça, escrever sobre assuntos da sua exclusiva preferência ou interesse pessoal, cingir-se à realidade ou misturar ficção. Seria indiferente. Porque o leitor não teria nada a ver com isso. A voz de comando seria a de um critério jornalístico verdadeiramente à solta e sempre sujeito às mais subjectivas invocações.

Ora o mínimo que se pode dizer deste subjectivismo é que é perfeitamente absurdo. Porque se do ponto de vista de uma vida partilhada, a reacção do outro fosse completamente imprevisível, a própria vivência comunitária estaria em risco. E não está. Pelo menos, por esse motivo.

Se o verdadeiro ou o falso, o certo ou incerto, o bom ou o mau dependessem apenas da subjectividade de cada um, como conseguiriam os homens comunicar entre si? O caso extremo das preferências pessoais é talvez o mais elucidativo. Elas são evidentemente subjectivas, naquele sentido banal de que se reportam a sujeitos. Mas já não cognitivamente subjectivas, porque podem ser justificadas, podem ser compreendidas. Não valem todas a mesma coisa, não são igualmente aceitáveis, não são aleatórias.

Uma pessoa pode gostar de fumar, e outra, não. Provavelmente, uma valoriza mais o prazer e a descontracção que o fumo lhe proporciona, do que o mal que lhe faz à saúde e que não ignora. A outra, o inverso. Mas a decisão ou comportamento de cada uma, tem uma explicação objectiva. Não é tudo subjectivo, não é tudo aleatório, não é tudo irracional.

Acresce que se tudo fosse muito subjectivo, a própria afirmação de que tudo é muito subjectivo seria também ela muito subjectiva, auto-refutante, logo, racionalmente inoponível a quem dela discordasse, já que a partir daí deixaria de haver qualquer razão ou fundamento para se poder considerar uma afirmação, qualquer afirmação, como melhor ou pior do que outra. E é para este beco sem saída que a recusa da objectividade acaba por nos lançar.

Por aqui se vê como o subjectivismo jornalístico assenta numa ideia tão errada como prejudicial. Num tempo em que, pela perversão mediática das tiragens ou das audiências, o jornalismo está sujeito a uma cada vez maior descaracterização, que estranha razão poderia levar o leitor a passar um cheque em branco a um jornalista que não respeitasse o princípio da objectividade, quando, precisamente por isso, a maior vigilância crítica o deveria submeter?

A recusa da objectividade jornalística não atenta, por isso, apenas contra os direitos do leitor mas também contra a sua boa-fé. E isso, convenhamos, não é coisa que se faça.

.

23/04/2006

Energias Renováveis

De Manuel Belo Moreira (via Kontratempos).

Energias Renováveis. «Interessado em energias renováveis encarei a possibilidade de instalar painéis fotovoltaicos. Todavia a legislação existente, supostamente feita para incentivar o seu uso, afugenta o mais afoito.

1.
É preciso enviar projecto à Direcção Geral de Energia e esperar pela aceitação, cerca de um ano pelo menos. Para quê um projecto para simples instalações domésticas?

2.
É preciso que a EDP aceite instalar um contador com duas vias.

3.
É preciso inscrição fiscal como fornecedor de electricidade, implicando complicações fiscais evidentes e continuadas, como a declaração periódica do IVA, razão que, só por si, bastou para eu deixar cair a ideia.

Em suma, para quem queira usar essa tecnologia, suportando o investimento, mas minimizando os custos através da venda do que produz em excesso, a legislação existente não serve de todo. E de facto seria possível evitar toda esta complicada tramitação legal e simplesmente fazer com que a entidade que fornece energia fique também obrigada a comprá-la a um preço a definir pelo Estado e fique encarregada de ter uma conta corrente a partir da qual acerta a fiscalidade correspondente, debitando ao consumidor o IVA se tiver que o pagar. Assim bastaria fazer contas e de acordo com as disponibilidades financeiras e responsabilidade social de cada um decidir fazer ou não o investimento. O Estado seria chamado a responsabilizar-se pela política de subsídio às energias renováveis que entenda por em prática e será julgado pela respectiva eficácia».

.

Lista de competências de um jornalista:

1 – Ser animal racional na perspectiva em que suponha não ser inconveniente cometer erros à razão de 1000.

2 – Ser capaz de classificar como abominável homem das neves quem pretenda impor a “frieza dos números” ignorando a candura da razão do jornalista.

.

12/04/2006

"Maus tratos" a menores

Finalmente, um assunto que merece a reanimação do blog.

Aqui está o link para a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (via Blasfémias).

Voltarei, para explicar porque estou de acordo com a decisão.

.

10/04/2006

A baleia supersónica

A RTP-1 acaba de noticiar que um ferry boat japonês, que seguia a 80Km/H, foi abalroado, por detrás, por uma baleia, e que o incidente provocou um batatal de feridos.

Pode concluir-se que a baleia em causa estava equipada com reactores que lhe permitiam alcançar velocidades supersónicas.

.

03/04/2006

Recebido & para meditar

O crocodilo Caixa Geral de Depósitos.

Em O Canalizador das Almas, a ler, Recebido & para meditar.

.