31/10/2007

As "carraça" do telefone do PGR

O Procurador Geral da República (PGR) declarou ontem (citando de memória).
"Quando me foram instalar o telefone disseram-me que, pelo facto de o telefone não permitir ligações encriptadas, que se quisesse ter uma conversa sigilosa ligasse a televisão e me aproximasse dela."
Uma ligação encriptada(*) serve par dificultar extraordinariamente uma escuta que possa ter lugar por via de uma "carraça" (mecânica ou electrónica) num qualquer ponto da interligação.

Ligar um televisão para produzir barulho serve para dificultar a escuta do que for dito se essa escuta estiver a ser feita por via de um microfone localizado algures na sala.

Não é por se ligar uma televisão que se evita que haja uma escuta a uma linha telefónica não encriptada. De outra forma também o interlocutor do PGR nada perceberia.

Fica-se a saber que o PGR fala do que desconhece, dando como boa a informação que recebe de quem lhe monta um telefone.

... entretanto, suponho que a coisa foi dita perante um grupo de deputados. Nenhum terá pestanejado.

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(*) Dir-se-á criptada? Cifrada? Hei de investigar.

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29/10/2007

Rankings

Anda tudo à batatada por causa dos rankings das escolas. Anda tudo à batatada porque não se está de acordo em relação ao que é "a melhor escola".

Para mim a melhor escola é a que consegue ensinar mais, tendo em atenção o nível de resistência, seja ela de que tipo for, à aprendizagem.

O problema é que isto de pouco adianta, porque, de facto, só quem atinge as metas interessa. Para o que conta verdadeiramente, a melhor escola é aquela que consegue que mais alunos atinjam as metas.

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2007.10.30 - Leitura complementar (Helena Matos).

... e uma boa achega de
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Coisas do mundo real

Vital Moreira parece não saber que a Terra não é plana. Não sabe que o caminho mais curto entre o Irão e os Estados Unidos se faz pelos arredores do Polo Norte.

Enfim, coisas do mundo real.

(Via Blasfémias.)

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28/10/2007

Mensagem nº 794

A falta de tempo é total. So deverei voltar a publicar lá para o fim da semana.

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21/10/2007

Oooouuu lálá.

Isto está a aquecer.

Maçonaria, Opus Dei ... chamem os Marines.

Entretanto, Condes, Barões e afins.



Parece que na escola há impunidade. Os professores e funcionários já não se metem no assunto e as imagens das câmaras entretanto instaladas nas escolas vão passar a aterrar na PGR.

Isto faz-me lembrar aqueles que acham estranho que os suíços em geral sejam os seus próprios polícias. Em Portugal todos assobiamos para o lado e tentamos encontrar quem faça aquilo que todos deveríamos fazer.

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A verdade oficial ...

... a verdade dos tribunais ou a verdade? (Via Blasfémeas - transcrevi para evitar que o link se viesse a partir).
O filme de Al Gore sobre o aquecimento global (Verdade Inconveniente) transformou-o no mais importante paladino dos valores ambientais. O Governo inglês pretendia exibir o filme de Al Gore em todas as escolas públicas de Inglaterra. Stewart Dimmock, membro de um conselho escolar de Dover, considerou o filme político e o caso acabou em tribunal. Um tribunal inglês analisou o carácter político e o rigor científico do filme. O juiz concluiu que o filme tem uma orientação política e contém informações pouco rigorosas que podem induzir o espectador em erro. Para chegar a esta conclusão, o juiz comparou as ideias transmitidas pelo filme (explícitas e implícitas) com o consenso expresso nos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas). Este procedimento judicial é um reconhecimento de que o consenso é uma fonte de verdade e que o IPCC é o detentor da "verdade" oficial sobre aquecimento global. O juiz acabou por permitir a exibição do filme nas escolas, desde que fosse garantido o contraditório. Poucos dias depois desta sentença, um comité de representantes dos principais partidos noruegueses, também conhecido por Comité Nobel Norueguês, atribuiu o Prémio Nobel da Paz a Al Gore e ao IPCC.

Esta história contém algumas situações notáveis. Um governo a querer introduzir um filme de propaganda nas escolas públicas. Um documentário que pretendia levar a ciência às massas contém afinal algumas liberdades artísticas para melhor vender uma mensagem política. Um tribunal que se vê obrigado a avaliar o rigor científico de um filme de propaganda. A ciência a ser avaliada por um comité que estabelece a "verdade" oficial (o IPCC). O comité que estabelece a "verdade" oficial a receber um prémio político (Nobel da Paz), concedido por um comité político e partilhado com um político (Al Gore).

Os procedimentos seguidos pelos diferentes actores desta história para chegarem à verdade sobre o aquecimento global são incompatíveis com a tradição científica. A tradição científica valoriza a liberdade de aprender e de ensinar, a liberdade de promover teorias impopulares, a avaliação descentralizada pelos pares e a competição entre teorias contraditórias. A tradição científica rejeita a autoridade dos consensos e as "verdades" oficiais. E percebe-se porquê. O propósito da ciência é descobrir a verdade. A verdade reside na realidade externa, não reside nos comités nem nos tribunais. A descoberta da verdade tem frequentemente que passar pela refutação dos consensos do momento e constitui um desafio permanente aos poderes estabelecidos. A descoberta da verdade requer a total liberdade de ensino e de investigação. Dispensa governos que fazem propaganda nas escolas e comités que estabelecem "verdades" oficiais.

João Miranda
Investigador em biotecnologia
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17/10/2007

IP maldito

... coisas do "aqueciemento global". Deve ser para evitar a fusão das calotes polares e preservar as melgas de morrerem afogadas.
As I mentioned yesterday, Malcolm Hughes and/or the University of Arizona Laboratory for Tree-Ring Research had gone to the trouble of blocking my IP address from accessing their website.
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Hoje é dia de Acção

No Caldeirada de Neutrões, em 20 doces fascículos*, há ambientalismo girino giro, para todos os gostos.

É escolher, rapaziada.

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* Açúcar natural e papel reciclado (incluindo o higiénico - aditivado também com "produto" natural).

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16/10/2007

Fala do homem nascido


Adriano Correia de Oliveira

Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém

Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci

Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr

Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta rumo ao norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada

Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham

Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu

Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar
com licença com licença
com rumo à estrela polar

António Gedeão

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Transgredir as fronteiras: para uma hermenêutica transformativa da gravitação quântica

... de escangalhar a rir ...
Nada do que ali escrevi, faz qualquer sentido, é um mero amontoado de palavras e frases que parodiam a retórica do Ezequiel e do Ondevaisrio.
O 5 Dias é o máximo. Segundo parece, não gostaram que lhes tivessem tirado a cuequinha e apagaram a coisa.

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07/10/2007

Só suor

Já percebi. Sem alunos estes gajos não teriam trabalho.

[via A Blasfémia, texto original no Sorumbático]

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Carlos Pimenta e a passagem

Os paranóicos do CO2 andam para aí aos gritos porque abriu a passagem de Noroeste.

Abriu?

Não deixa de ser caricato ver Calos Pimenta na TV, num daqueles programas de propaganda eco-terrorista, a defender a necessidade das eólicas ... por causa do CO2.

Carlos Pimenta está metido até ao pescoço no negócio das eólicas.

... se fossem petrolíferas, já tinha caído o Carmo e a Trindade.

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Kid raised by dogs

Não conhecia este caso, mas conheço outro. Não consegui encontar imagens do outro (com um rapaz).

Encontrei entretanto um link com muitos outros casos.

Aqui fica o vídeo que encontrei sobre uma moça da Sibéria.


06/10/2007

As moscas



Estimulado por este artigo no Rato de Biblioteca e respectiva troca de comentários, aqui vai.

...

Pensava eu que era claro a quem está ligado ao assunto que o desenvolvimento da criança está directamente relacionado com a estimulação a que ela é sujeita.

O raciocínio só pode ser desenvolvido de se raciocinar. O cálculo mental só pode ser estimulado de se tentar calcular mentalmente, etc.

Um dia destes vi um documentário onde isto era bem claro.

Determinada criança tinha, desde tenra idade, uma catarata numa das vistas. Nada havia de errado com o sistema nervoso relacionado com aquele lado da visão. O que o olho captava era difuso e a imagem enviada ao cérebro não o estimulava por ser incompreensível. O cérebro, paulatinamente, começou a desviar todos os recursos para a outra vista desligando as ligações neuronais (ou tornando-as inactivas).

Os médicos explicaram que era extremamente importante recuperar a visão da vista afectada e, para o efeito, removeram a catarata, explicando ainda que seria naquela altura ou nunca mais. Mesmo assim, adiantaram, nunca o sistema nervoso relacionado com a visão da criança seria igual ao de uma criança normal.

Segundo explicaram, nestes casos, mesmo que posteriormente a catarata viesse a ser removida essa vista seria, pelo cérebro, usada de forma irrelevante.

Executaram a cirurgia mas não ficaram por aí. Taparam o olho que se estava a desenvolver bem de forma a obrigar o cérebro a desenvolver também as ligações neuronais do olho então operado. A criança teria que andar com o olho saudável tapado cerca de 1 ano.

...

Dito isto, espanta-me que haja dúvidas em relação ao uso de calculadoras por crianças.

Quando uma criança usa uma calculadora não está a fazer mais que a pedir ao aparelho que calcule por meio de dispositivos electrónicos binários aquilo que a criança supostamente deveria ser capaz de fazer mentalmente.

Em boa verdade, as crianças, no 1º ciclo, poderiam também usar software para leitura de voz (voz -> escrita - já existe que permite que se dite um texto) ou software de leitura por voz (escrita -> voz). Porque não?

E plotters com caneta? Já existem há dezenas de anos. Caíram em desuso, aliás. Porque não evitar que a criança passe por esta “tortura”, ligando a plotter de canetas ao software de leitura de voz (voz -> escrita). O sucesso escolar estaria garantido.

Tudo isto pode ser feito em prole da “felicidade” da criança.

O que já há muitos anos é sabido, é que criança criada como um cão se porta irreversivelmente como canino. Criança criada como um computador, vai portar-se como quê?

O passo seguinte consistirá em fazer tudo isto sem crianças.

Enfim, a felicidade suprema acessível no livro de Stanislaw Lem “A Nave Invencível” (título português).

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[Actualização]

Transcrevo, de seguida, a totalidade de um comentário de Joaquim Simões a um outro comentário de Alf (blog Portugal e Outras Touradas).
A aprendizagem das palavras não é da mesma natureza da dos números. A capacidade de operar com os números exige uma abstracão (básica) dupla.

Há uns quantos que o conseguem fazer desde muito cedo, da mesma forma que houve Pascal, Mozart ou Carlos Seixas. Uma coisa que é da experiência comum dos professores de filosofia é que, dos alunos que entram no 10º ano com 14 anos, raros são os que conseguem encontrar interesse na matéria e desistem, criando resistências e arrastando-a pelo ano seguinte.

Não se trata de dificuldade de compreensão, mas do próprio questionamento, que não lhes passa sequer pela cabeça, quanto mais interessar-lhes! Numa palavra: esses alunos são ainda incapazes, aos 14 anos, de encontrarem qualquer sentido de questionamento (repare que eu não disse no, mas de questionamento). Os alunos de 15 anos (dando razão a Rousseau e a Piaget quanto às fases de desenvolvimento cognitivo) já o conseguem fazer com mais ou menos dificuldade. Mas nem sequer os companheiros conseguem despertar os mais novos, que acham aquilo tudo (repito: o questionamento) incompreensível ou disparatado. Aos 15, são incapazes de perceber os temas do 11º. Não se trata unicamente de educação, mas de fases que não se pode saltar e, numa enorme medida, das características individuais. Tenho em minha casa, onde os níveis de questionamento foram mantidos, embora com uma tipologia diversificada (o chamado "ensino individualizado"), um bom exemplo disso e que me fez rever uma boa quantidade de coisas na minha forma de ver o problema. E aprendi muito, embora nem sempre de uma forma muito agradável.

A pluralidade dos seres é muito engraçada. Mas porque é que tem que haver (a pergunta não é: "porque é que há?") pluralidade? Essa é que é a pargunta, do mesmo modo que o fundamental não é apenas o "como se formam as ideias e de onde vêm elas", mas, sobretudo, "o que é conhecer?".
Bom, mas isso fica para a próxima.
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Pobes lágrimas, as do crocodilo

Declaração de João Cravinho:
«Foi dos maiores choques da minha vida ver que aquela matéria (as medidas anti-corrupção) causava um profundo mal-estar, era como um corpo estranho no corpo ético do PS. Apesar de algumas dificuldades que antevia, não contava com uma atitude de absoluta incompreensão para a Natureza real do fenómeno da corrupção».
Lágrimas de crocodilo?
De Morais Silva a 8 de Janeiro de 2007 às 15:03

Eu nunca esqueci.

O general é Garcia dos Santos um homem impoluto a quem Cravinho-ministro tirou o tapete quando o general chegou aos "finalmente" no arejamento da JAE, ao tempo, povoada por rapazes preocupados em aforrar para uma velhice descansada. Foi esta a razão e mais nenhuma...

Subitamente os media "descobriram em JC" o campeão do combate à corrupção como se esta não campeie à desfilada há dezenas de anos!

Ficamos a "dever-lhe" esta tardia "carolinice". É a vida como já dizia o "sacristão".
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Dos holocaustos



Sempre que se fada de nazismo fala-se do holocausto e de câmaras de gás.

Quase sempre que se fala de câmaras de gás saltita uma ladainha que pretende clarificar o nível de horror a que se chegou nas câmaras da morte. A ladainha refere mais ou menos que nunca como com o nazismo se chegou ao requinte da industrialização da morte. Nalguns casos a ladainha segue o seu percurso referindo que o caso estaria relacionado com a “mania da perfeição dos alemães”, projectando assim sobre eles uma espécie de gene perpetuador de uma espécie de canibalismo civilizacional dos tempos modernos.

Quanto a mim e ao nazismo e ao holocausto, vade retrum satanás.

O que não se espera é que a conversa da industrialização da morte constitua uma cortina de fumo para tentar esconder outros holocaustos capazes de fazer parecer o holocausto perpetrado pelos nazis numa brincadeira de crianças. Refiro-me aos holocaustos perpetrados por russos, chineses, etc.

Quando os nazis começaram a assassinar pessoas, maioritariamente judeus, não começaram de imediato pela via industrial. Começaram pela via do simples fuzilamento directamente para valas comuns: obrigavam as vítimas a abrir valas e depois fuzilavam-nas directamente dentro delas.

Rapidamente se tornou óbvio às chefias militares que esta forma de ‘fazer a coisa’ deixava marcas cujos efeitos nas tropas encarregadas das execuções seriam a prazo difíceis de controlar: os militares não gostavam de fuzilar, em particular, mulheres e crianças.

Foi face ao problema exposto que foi decidido ‘impessoalizar’ a coisa construindo câmaras de execução maciça por gases letais.

Porque só aconteceu isto na Alemanha? Porque noutros locais se estiveram sempre nas tintas para os efeitos secundários (dando de barato que pudessem ter vindo à tona).

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Aromas

Importante ler este artigo (de O Jumento) e os comentários subsequentes, em especial do Alf e do Joaquim Simões.

aqui fica um aroma:
Alf:
[..]ou fazemos uma evolução lenta e vamos mantendo o desemprego controlado, ou damos o salto e o desemprego dispara. Os Espanhóis escolheram a segunda opção e estão agora a recolher a recompensa. Não há milagres....
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05/10/2007

O “ensino da democracia”

O “ensino da democracia” tem sido um dos cavalos de batalha de um conjunto de mamíferos ligados à “educação”, seres que continuam em dificuldade para perceberem porque continua a generalidade dos alunos do básico e secundário a ignorar, mais ou menos paulatinamente, os “paradigmas” relacionados com a “cidadania”.

Qualquer alma que se preze percebe que o que está em causa é o ensino dos diversos tipos de regime político que já passaram pela superfície do terceiro planeta do sistema solar (a contar do sol para os que não saibam qual a temperatura de fusão da água).

Essa educação deveria supostamente ser dada pelas famílias e pela escola. As famílias estão mais preocupadas com as cretinices televisivas, a escola com as ideias que brotam dos cientologistas da educação que por lá pululam.

Face ao descalabro aparecem, de vez em quando, artistas imbuídos de uma crença meta-estável segundo a qual o mundo deveria ser como pensam propondo que a democracia deva ser “ensinada” aos alunos pelo método seringa-turbo.

O método seringa-turbo não é mais que uma variante de publicidade em doses de multinacional pretendendo impingir um qualquer novo tipo de cueca.

Porque não ensina a escola, como matéria a saber e sem a qual se chumba, as linhas pela qual se cosem a generalidade dos regimes?

Não cabe à escola defender causas. Cabe à escola ensinar do conteúdo das causas históricas e deixar que os alunos, anos mais tarde e já equipados com o discernimento que é de esperar, escolham o que muito bem entendam e à sua inteira responsabilidade.

Mas as tais luminárias não vão muito à bola em deixar que os alunos vão pensando pelas suas cabeças, tentando impingir a seringa-turbo em alternativa à seringa televisiva.

O problema com os regimes, como dizia, anda à volta do problema dos ideologicamente desempregados. Ensina-se o salazarismo (caso caseiro) com uma dose acrescida e conveniente de veneno e sem explicar a hecatombe que o precedeu, o nazismo pela mesma bitola, a democracia como a redenção dos nossos tempos, e aborda-se também o comunismo. Mas, neste último caso, foge-se sempre a explanar a dimensão do monstro deixando por um lado a ideia de que o mais cataclísmico foi o regime nazi, por outro escondendo-se que o comunismo foi, de longe, o regime responsável por um maior número de vítimas em execuções em massa de todos os tipos, tamanhos e feitios.

O que se pretende é apenas deixar ao socialismo uma porta aberta, evidenciando entretanto, as debilidades da democracia, entre as quais campeia a “impossibilidade de ser instituída pelo uso da força” (coisa que aconteceu em Portugal em 1974).

Entre outras debilidades apontadas figuram o florescimento de multinacionais, do capital descontrolado, do capitalismo “gerador de diferenças” mesmo que este tenha tirado e continue a tirar da fome dezenas de milhão de seres humanos.

A ‘mensagem’ é tentada fazer passar de várias formas: textos para análise não necessariamente sobre o seu sentido em disciplinas de línguas, ataques às linhas mestras da democracia e capitalismo em variadas disciplinas e de diversas formas, promoção de eventos ‘alternativos’ cujo conteúdo pinga um misto de anti-americanismo disfarçado em anti-imperialismo, propaganda “contra as guerras”, contra os “interesses das grandes corporações” sempre com um molho a condizer empestado em aquecimento global, protecção da natureza, “substancias naturais”, invariavelmente tentando rachar as petrolíferas mas esquecendo invariavelmente que elas produzem combustíveis não exactamente para uso próprio, etc, sem deixar passar em branco que a “Europa”, como os cientologistas da educação em coito com os eurocratas, será a solução para todos os males do mundo.

Enquadram-se neste cenário pejado de “ideais”, “utopias”, “amanhãs que cantam”, coisas como esta.

Seringa por seringa e com tanta cretinice à solta, continua a ser mais provável que a televisão seja a melhor.

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O direito a aprender apenas metade

Não tive tempo para cascar na devida altura. No site de Nuno Crato voltei entretanto a encontrar esta entrevista de Rita Bastos, Presidente da Associação de Professores de Matemática a Maria João Caetano do Diário de Notícias.
Ficou surpreendida com os resultados dos exames de Matemática do 9º ano?

De certa maneira, sim. Nós estamos habituados a ter resultados negativos a Matemática, mas não tínhamos nenhum motivo para achar que este ano iriam ser piores que no ano passado.
É espantoso que “sem nenhum motivo” para esperar que determinada coisa pudesse acontecer, se fique espantada apenas de “certa maneira”.
Que explicações encontra para este resultado?

É difícil encontrar uma só explicação.
Espantoso seria que houvesse uma só explicação e especialmente se ela estivesse directamente relacionada connosco.
Alguns alunos consideraram os testes difíceis. Também já ouvi queixas sobre os critérios de avaliação, que penalizavam muito as respostas erradas.
Penalizariam muito, penalizariam pouco? Estará Rita Bastos habituada a valorizar o erro?
Há colegas que dizem que muitos alunos desistiram dos exames mesmo antes de os realizar, o que é típico desta idade: convenceram-se que vão ter má nota e não investem tanto quanto poderiam.
Teria talvez feito mais sentido se tivesse dito “deveriam” e não “poderiam”. Mas essa coisa do dever é hoje tabu. Uma herança salazarista.
Isso acontece muitas com aqueles que geralmente têm boas notas noutras disciplinas. Encontram uma dificuldade na Matemática e preferem não a encarar porque têm medo do insucesso. É mais fácil dizer: não fiz melhor porque não quis, não me esforcei.
Pondo Rita Bastos posteriormente em causa o real domínio dos alunos da matéria de outras disciplinas, não se percebe como se usa esse dúbio resultado como referência no resultado próprio.
Mas isto não é uma novidade em Portugal. Todos os anos há exames e todos os anos as notas são más.

Não aconteceu só em Portugal.
... há mais burros no mundo: suprema felicidade.
É verdade que Portugal está mal classificado internacionalmente, mas é uma tendência geral e há países muito piores. E aconteceu com a Matemática porque é a disciplina em que há exames. Se calhar, se houvesse exames de Inglês ou de Física e Química no 9º ano, os resultados também seriam maus. A Matemática é uma disciplina sobrevalorizada socialmente, é a disciplina que serve para classificar os alunos.
Como dizia, fica-se agora a saber que as disciplinas em que os alunos eram bons, (explicando a opção por outra coisa que não o estudo de Matemática) são disciplinas em que os alunos não serão afinal bons. Parecerão apenas bons.

Em que ficamos? Havia ou não uma questão de opção pessoal?
Como se toda a gente tivesse que gostar de ser um óptimo aluno.
Cá está o tabu salazarista. Ninguém tem que gostar de ser bom aluno, mas todos devem ser bons alunos, gostem ou não.
E há que ter em conta que o que um aluno faz num exame nem sempre corresponde àquilo de que ele é capaz.
Pois não. Pode corresponder a mais ou a menos. Será de admitir que os alunos seriam ainda piores do que se ficou a saber?
Mas os problemas não são só os exames, os maus resultados em Matemática são comuns. Porquê?

Há vários motivos. Por um lado é uma disciplina que exige conhecimentos acumulados.
Todas as disciplinas exigem conhecimento acumulado. Numas há forma de contornar o problema, noutras não.
Uma pessoa que não saiba a tabuada tem mais dificuldade em fazer exercícios mais complexos.
O que fica por explicar é a razão pela qual quem não sabe a tabuada acaba numa aula em que a deveria saber.
E os professores têm que tentar dar a volta a isso, motivar alunos com uma história de insucesso não é fácil.
Pois não. Especialmente quando se diz : “Como se toda a gente tivesse que gostar de ser um óptimo aluno”.
Depois é uma ciência muito abstracta, [...]
A Matemática é abstracta ou Rita Bastos gosta de dizer que é abstracta?
[...] que não lida directamente com os interesses dos alunos, [...]
Cá estamos a dizer amen ao interesse dos alunos, a fazer rodar o mundo à volta do interesse dos alunos. O interesse dos alunos, naquela idade, vale tanto como um caracol esborrachado. Rita Bastos ainda não percebeu isso.
[...] o que talvez dificulte o ensino.
Fica-se a saber que para Rita Bastos o que dificulta o ensino de Matemática é o facto de ela não constar na lista de “interesses dos alunos” e não o estúpido endeusamento desse interesse.
Mas, mais uma vez, não me parece que a Matemática seja muito diferente das outras disciplinas.
Tão depressa é diferente como não é. Varia, conforme o parágrafo.
O facto de ser uma disciplina constantemente sujeita a exames e ao escrutínio social causa uma pressão enorme nos professores e dificulta o ensino.
Rita Bastos perdeu uma excelente oportunidade para reivindicar o alargamento da pressão e do escrutínio social às outras disciplinas. Prefere camuflar o mau resultado em Matemática na combustão das restantes disciplinas.
Está a dizer que ensinar Matemática é mais difícil porque há exames?

Claro. O professore tem que fazer um esforço para cumprir as normas, para dar o programa, para preparar os alunos para uma prova específica.
Pois é. Há que fazer o que é suposto fazer-se: que chatice.
Um professor de História, por exemplo, pode testar estratégias de ensino diferentes e pode, até, ter graus de exigência diferentes para os alunos. Não estou a falar e ser pior professor mas de personalizar o ensino. É impossível fazer isso quando se tem 28 alunos numa turma e todos eles têm de fazer o mesmo exame. Aliás, é impossível ter um ensino inovador com turmas de 28 alunos.
É espantoso que haja professores que pensam isto em relação a alunos do 9º ano.

Graus de exigência consoante os alunos: uns são filhos da mãe, outros são filhos da puta. Está mesmo a ver-se: alunos de zonas “difíceis” são filhos que têm o direito a aprender apenas metade.

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Fon



Esta-se aqui a passar algo de interessante.

Comprei em tempos um router para este efeito, mas acabai por converte-lo para um router normal por manifesta falta de utilidade em relação à sua inicial razão de existir.

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02/10/2007

Dos 50%

Não tenho muita pachorra para coisas dos interstícios partidários, mas não posso deixar de zurzir em Luís Filipe Menezes.

O iluminado revelou hoje que poderá perfeitamente coadunar a sua actividade de presidente de câmara com a de boss da oposição.

Sendo difícil de acreditar que ser leader do PSD tome menos que 4 horas por dia, percebe-se que ser presidente de câmara não justifica mais que uma ocupação de outras 4 horas por dia.

Sendo assim há que reclamar de Menezes a devolução de 50% de todos os salários que auferiu enquanto presidente de câmara.

Que esteve ele a fazer na câmara todo este tempo? A jogar matraquilhos?

A não ser assim, tudo indica que estaremos perante um novo fenómeno.

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PSD, a vitória de Cavaco Silva

No Jumento, via Portugal e Outras Touradas.

... e ainda PSD: o óbvio próximo repasto de Paulo Portas (digo eu).

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De totalitarismo em totalitarismo

Vale a pena ler ainda (entre outros) estes dois artigos de Pacheco Pereira:
ORNITHORHYNCHUS PARADOXUS 8: UM CLIMA DE INTOLERÂNCIA

ORNITHORHYNCHUS PARADOXUS 10: UM VELHO PROBLEMA (ESCRITO EM 1998)
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Dos "corações"

Escreve Pacheco Pereira:
Se a senhora que raptou uma "menina" num hospital e que foi descoberta um ano depois, tivesse mais dois ou três anos de convívio com a criança, passaria a ser "mãe do coração"? E que diriam os pedopsiquiatras, esta nova categoria jurídico-mediática?
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