24/02/2008

Quando as veias nos gelam

A esquerda é caracterizada por uma espécie de mentalidade capitalista feudal, particularmente notada no meio sindical.

Quando a fábrica da Opel, Azambuja, ameaçou fechar, os sindicatos apresaram-se a declarar greve.

Greve. Pois claro. “Greve, em defesa dos postos de trabalho”.

E as indemnizações? E quantos deles perceberam de imediato que seria o momento supremo para afundar o barco de vez e reclamar a indemnização? E, ter-se-á dado o caso de terem sido justamente os mais velhos, com mais anos de casa e mais entrincheiradamente sindicais, a irem por aí?

E os mais novos, que seria deles? E que importava os mais novos aos mais velhos desde que o graveto pingasse para o lado deles?

E a solidariedade? “Parece que temos sarna” gritavam os que ali, como pelas ‘siderurgias’ por esse país fora, iriam, de facto, para o desemprego com meia dúzia de notas no bolso. “Nem conseguimos falar com eles. Fogem de nós”. E que teriam os mais velhos a ver com isso? Direitos conquistados são direitos garantidos e direitos garantidos é graveto no bolso.

M'ai nada!

"A cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
Tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
e eu não sabia...

Há quem cante por interesse
há quem cante por cantar
e há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
p’ra não perder o lugar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar

O faduncho choradinho
de tavernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções"

Publicado no Fiel Inimigo.
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14/02/2008

Porque é a Europa absolutamente irrelevante?

Robert Gates:
"We must not -- we cannot -- become a two-tiered alliance of those willing to fight and those who are not."

"Such a development, with all its implications for collective security, would effectively destroy the alliance."
[Traduzido por ML, com o meus agradecimentos]
"Não devemos - não podemos - tornar-nos uma aliança de duas posturas, aqueles que querem lutar e aqueles que não querem."

"Essa trajectória, com todas as implicações que teria para a segurança colectiva, destruiria de facto a aliança."
[Publicado, no Fiel-Inimigo]
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09/02/2008

Rússia: Microsoft perde para Ubuntu

Via Miguel Lomelino
Leonid Reiman, ministro russo com a pasta das telecomunicações, referiu à agência Itar Tass que "até 2009 vão ser implementados pacotes de software livre em todos os computadores dos colégios russos, que substituirão os programas comerciais existentes".
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07/02/2008

A balda crónica


Segundo a TSF, José Sócrates terá servido de testa-de-ferro, na Câmara da Guarda, a um colega que, sendo fiscal, nunca teria podido assinar projectos. Segundo a mesma estação, o exacto colega em cujos projectos de arquitectura Sócrates teria colocado a sua assinatura, seria posteriormente fiscal da execução da obra.

O cenário descrito acima, a ser verdadeiro, levanta-me-ia dificuldade em encontrar uma palavra, não relacionada com o mundo da pulhice, para o classificar.

José Sócrates pode ter sido movido pelas mais bondosas intenções do mundo. Foi certamente o caso.

Foi certamente pelas mesmas altruístas razões que o Ministério da "Educação" (vulgo Al-Mined*) se decidiu pela imposição, a cada professor, da obrigatoriedade legal de organizar e dar aulas de recuperação a todo e qualquer aluno que, em virtude de excesso de faltas, mesmo que injustificadas, se encontrasse impossibilitado de levar a bom termo aquela que é a sua única incumbência: aprender.

A ideia não podia ser mais filantrópica. Pena é que os alunos propensos a baldarem-se à escola o passem a fazer sistematicamente, escudados na "garantia" legal com que a Ministra de Al-Mined, inefável seguidora do grande timoneiro assinador de projectos, os projectou para o mundo da felicidade final: o da balda crónica.

A verdade é que eu, como outros professores, só posso ser parte de um gang, escumalha avarenta, que insiste em não deixar que outros coloquem a sua assinatura naquilo que escrevem ou já teriam percebido que deveriam fazer acompanhar todo e qualquer avaliação da respectiva resolução, deixando, por preencher, apenas o espaço destinado à assinatura do aluno.

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* Eduquês

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PS. Tentem não deitar este Primeiro abaixo. O próximo, na fila, é muito, mas muito pior.

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Publicado a 1 de Fevereiro de 2008 no Fiel-Inimigo.
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06/02/2008

Ciência, e "aquecimento global"

Via EcoTretas:

When we've finally gotten serious about global warming, when the impacts are really hitting us and we're in a full worldwide scramble to minimize the damage, we should have war crimes trials for these bastards -- some sort of climate Nuremberg.

Quando finalmente levamos a sério o aquecimento global e, visto que os impactos nos estão a atingir e estar a lutar-se a nível global para minimizar o problema, deveria haver julgamentos marciais para estes bastardos ["negacionistas" do aqueciemnto global] -- algum tipo de Nuremberga para clima.
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01/02/2008

Escola racista



[Já publicado aqui ao lado]

Vou referir-me a brancos e pretos sem me preocupar com os que acham que referir pretos é "feio", que se lhes deve chamar negros. Não acredito na existência de raças, muito embora perceba que a palavra pode não ser usada em função da classificação científica dos animais.

Na escola em que andei não havia pretos. Não havia, porque (quase) não havia pretos naquilo a que então se chamava metrópole (se a memória me não falha). Recordo-me, aliás, quando um belo dia, na Boa Hora (Lisboa) vi uma preta e fiquei estarrecido. Eu tinha tido um acidente que me tinha provocado um derrame gigantesco na cara e me tinha deixado, por uns 15 dias, literalmente preto. Mas aquilo era demais. A minha mãe explicou-me que os habitantes de África eram assim e para não me preocupar.

À preta que vi atravessando a rua seguiram-se muitas mais pretas e pretos. Era o início da imigração das então colónias.

O tempo acabou por me permitir aprender que os pretos são pessoas cuja pele é substancialmente mais escura em resultado da acção de determinadas células que, sendo exactamente iguais às minhas, se entretêm pintar e escurecer a pele com muito mais intensidade do que as minhas células seriam capazes.

Fiquei ainda a saber que teria, hipoteticamente, mais genes de preto do que imaginava em virtude da assimilação da população escrava. Não era a primeira vez que me perguntava por onde andaria a descendência dos escravos. Julgo não estar longe da verdade se afirmar que nenhum branco, alfacinha de gema, tripeiro, escalabitano, algarvio, alentejano ou minhoto pode afirmar, com segurança, que não tem no seu passado recente descendência de preto (ou preta), pelo menos relativamente ao período iniciado pelos descobrimentos.

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Passa o tempo e um belo dia vou parar a uma sala de aula onde há uma boa colecção de pretos de idades à volta dos 15. É uma escola “inclusiva”, em que o eduquês oficial discrimina o preto em função do seu bairro de origem e lhe “dá o direito” a aprender apenas metade. Uma escola “inclusiva” onde o branco tem consciência que chamar preto a um preto é racismo, mas ouvir um preto dizer que tem orgulho em ser preto e nojo do branco deve ser encarado como coisa resultante da “diversidade”.

É uma escola esquisita. É uma escola que apoia os que trazem para a sala de aula os mais espectaculares telemóveis e zingarelhos mp3 apesar de um conjunto de papelada permitir determinar serem de “zonas degradadas”. Se calhar são, o que é difícil é fazer perceber aos brancos que o preto que lhe diz na tromba que “só não tem um igual porque é parvo” e que “se fosse preto já saberia como o arranjar” que o roubo deixa de ser coisa censurável.

É uma escola esquisita quando a violência perpetrada pelos intocáveis pretos se eterniza sem se conseguir saber quem são exactamente os pais, sem se saber onde moram exactamente, quem, de facto, toma conta deles.

É uma escola esquisita, que parece acreditar que tem a seu cargo pessoas que é incapaz de controlar, de ensinar, sequer de orientar. Afinal trata-se de gente “diferente”, que deve ser supostamente “integrada”, mas em “diversidade”. Uma escola que é suposto ensinar mas aceitar que não se aprenda e que, ainda por cima, aceite como válido tudo o disparate que o “diverso” debite, deitando mão à inatacável condição de “diferente”. Enfim, um exercício em que aquele que “tem que ser integrado” tem que continuar “diferente” porque ... sim.

... é apenas uma escola racista, no sentido que habitualmente se atribui ao termo, incapaz de perceber que o “diferente” é tão capaz como os outros. Uma escola que mais parece um instrumento de perpetuação do bom selvagem apesar da selva e do modelo de sociedade (?) de onde é oriundo apenas lhe permitir uma subsistência periclitante que o levou a emigrar.

Enfim, uma escola onde tudo isto “faz sentido” mesmo tendo presente que a esmagadora maioria deles não conhece mais terreno (outro país) do que eu conhecia quando encarei a primeira preta: algumas ruas da cidade e a zona da província por onde habitualmente pastava perus.