08/09/2007

Da avestruz II

De Rerum Nostra explica, num par de parágrafos, de onde vem a crise de trabalho em que um batatal de professores se encontra.
[...]

E é aqui que as universidades clássicas cometem um gravíssimo erro histórico. Achando que a formação de professores não era assunto nobre, nem científico, (quando justamente a investigação educacional entrava em força e criava em todo o Mundo uma grande dinâmica) deixaram-na à mercê de quem a quisesse apanhar. Desde logo, centros de formação integrada, em algumas universidades recém fundadas, que, é claro, aproveitaram para se afirmar no quadro universitário nacional, depois, as escolas superiores de educação, que proliferaram por todo o País muito antes de terem recursos de qualidade em número suficiente, e pior ainda, muitas instituições particulares, centros de formação de toda a ordem, que correram atrás do negócio com o brio profissional que nos caracteriza. Ou seja, durante décadas, formaram-se, a correr, levas de professores, que iriam entupir o sistema e que o Ministério não foi capaz de planear e controlar.

Em suma, degradou-se a profissão docente, prejudicou-se a qualidade do ensino, meteu-se no sistema muito incompetente por inflação de classificações que são regra nas instituições menos qualificadas, e impede-se agora a profissionalização a muitos que poderiam dar bons professores, mas que estão impossibilitados pelo entupimento do sistema. Em suma, uma série de erros em cadeia onde falta de planeamento e de visão, oportunismo, presunção, razões de baixa política, pura ganância e amadorismo se misturaram para prejudicar o País num grau incalculável.
O que ele escreve é verdade, mas continua a espantar-me e lembra-me a história da D. Branca.

Mas, então, acredita-se, anos a fio, numa galinha de ovos de ouro pensando que será eterna? E os directamente interessados não reparam que a coisa se parece com uma corrida ao ouro?

Se estivéssemos a falar de profissões pouco qualificadas ainda se percebia que magotes de gente podia ter sido enganada. Mas, os professores?

Imagine-se que um engenheiro projecta um helicóptero que, construído, não sobe, e que, perante o fracasso, iria reclamar junto de uma qualquer academia de ciências, invocando que não teria qualquer responsabilidade no assunto porque alguém se teria esquecido de lhe chamar a atenção para a existência da força de gravidade ... e portanto exigiria o lugar a que teria direito ...

É impressão minha ou a reivindicação em causa é um atestado de estupidez aos próprios?

... ainda só não se reclamou que professor queima as pestanas.

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