28/05/2004

Guetos em Paris

Guetos em Paris, anuncia a CNN.

Fica-se a saber que está cheio de árabes, já com direito a verem surgir, entre eles, uma moçoila que escreveu um livro sobre o inferno desses guetos.

Um desses "infernozitos" envolve violações em massa, em que, 40, 50, ou 60 gajos se regalam (?) numa vítima.

Só não se percebe se o inferno é local ou importado. Quero dizer, se são os franceses que lhes infernizam a vida, se eles próprios uns aos outros. Enfim, deve ser tudo mentira. Nem os socialmente avançadíssimos franceses aborreceriam os árabes, nem os árabes seriam capazes de ser maus uns para os outros.

Claro que já por lá andam uns fundamentalistazitos a tentar arregimentar tropas. Deve ser para combater a presença da CNN.

"Somos 10% da população e somos absolutamente segregados", reclama um deles. "A França exporta retórica de pacífica convivência de comunidades, mas não a pratica" clarifica o mesmo, acrescentando: "Não conseguimos um único representante ou apoiante no parlamento".

Enfim, América profunda ...

A propósito, será que o gajo que realizou Farenheith 9/11 não gostaria de debruçar-se sobre o assunto? Pode ser que venha a concluir que o gueto está construído nas traseiras de um conhecido (pelo menos por ele) rancho do Texas.

A populaça costuma dizer: Quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras. Isso já os franceses perceberam. Deixaram de debitar postas de pescada. Talvez a coisa esteja também relacionada com o que o António Vitorino disse um dia destes: que desde o 11 de Setembro já tinham sido "desmanchados", na Europa, 18 atentados, tentados realizar pelo mesmo empreendedor pessoal que meteu mãos à obra no 9/11, a maioria dos quais nos territórios daqueles que mais abertamente se tinham oposto à guerra no Iraque.

Continuo na minha: no mundo, o perigo, não vem dos belicistas. Vem dos pacifistas de meia-tijela. Dito de outra maneira, o mais perigosos belicistas são os pacifistas de meia-tijela.

26/05/2004

Não combatentes

A Convenção de Genebra prevê direitos especiais para os "não combatentes".

Qualquer pessoa dirá que, não combatentes, são os civis. Parece que não é assim. Não combatentes parecem ser (mais ou menos) os espiões, sabotadores, etc.

Os direitos especiais que a convenção de genebra prevê para "não combatentes" são ... praticamente nenhuns (é essa a especificidade dos direitos dos "não combatentes"). Implicitamente, para os ditos, a convenção inclui a possibilidade de serem submetidos a tortura e a execução.

É claro que há-de haver muita opinião sobre o que é tortura.

Mas, mais uma vez, e de forma idêntica ao caso da ONU, há muita gente que deposita demasiada confiança na Convenção de Genebra.

Aplicada à letra no caso dos espiões, a dita convenção permite a tortura, o que coloca os defensores incondicionais da Convenção na posição de defensores da tortura.

Porque insistem os tais pacifistas (?) na paranóia da lei internacional e não defendem simplesmente uma posição de princípio?

Pacíficos gregos

E o melão de Chipre?

Dir-se-ia que o Sul (Grego e implicitamente pacifista e amigo do internacionalismo proletário) receberia de braços abertos os irmãos pobres do Norte. Dir-se-ia também que a malta do norte, muçulmana e potencial inimiga do capitalismo, rejeitaria a reunificação.

Tudo ao contrário.

Face ao exposto, muito pacifista deverá rever-se ao espelho e convidar os restantes à auto-crítica (não era assim que se dizia há uns tempos?). Evidentemente que os ditos estão isentos da dita auto, se os passarmos a chamar pelo verdadeiro nome: pacifistas-kitch.

Mais um pormenor … há más línguas (viperinas, evidentemente) que adiantam que a malta do sul não aprovou a coisa para evitar uma fuga de turistas para o norte …

Bom, cada um defende o petróleo a que consegue deitar a luva, muito embora só os habitantes das terras do Tio Sam levem, habitualmente, na mona, por causa disso.

Vá-se lá saber porquê …