31/12/2007

As tropelias da GNR

Há uns tempos um amigo meu, na altura autarca, disse-me: meu caro, esta coisa do poder corrompe.

Percebi que não estava a falar de corrupção nos moldes em que falamos dela normalmente, mas de corrupção a que eu talvez chamasse corrosão.

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Estive uns dias na zona de Braga e pude observar a forma de actuar de uma brigada de trânsito da GNR.

A coisa passava-se, inevitavelmente, à volta de uma operação de detecção de velocidade entre Cerdeirinhas e Braga. Havia um carro estacionado algures e um outro mais à frente que interceptava os condutores que o primeiro detectava em falta.

Talvez por não terem documentos, talvez por demonstrarem excesso de álcool, a verdade é que, de vez em quando, um carro identificado GNR-BT se deslocava do local de intercepção até Braga (aparentemente). E é aqui é que bate o ponto.

Do local onde me encontrava podia ver uma parte sinuosa do percurso, cheia de traços contínuos e onde a proibição de se circular a mais de 50 era bem patente. Mas tudo isso a GNR ignorava.

Fosse curva aberta ou fechada, tivesse ou não traços contínuos (duplos), houvesse ou não trânsito em sentido contrário, o carro a GNR ultrapassava sem sequer ligar as lamparinas azuis.

Sempre que lhe era impossível ultrapassar porque zonas do percurso tinham pirolitos verticais instalados sobre o duplo traço contínuo, a GNR encostava o carro ao carro que lhe seguisse à frente mantendo-se, sistematicamente, a bem menos de 2 metros de distância e mostrando-se, ao condutor que lhe seguia à frente, quer pelo retrovisor da esquerda quer pelo da direita. Frequentemente parecia ter intenção de ultrapassar pela berma ou dar a ‘pista’ ao condutor que o precedia para o fazer. Reafirmo, sem nunca assinalar a marcha com pirilampos azuis ou sirene.

Logo que conseguia ultrapassar, triturando molhadas de normas de gente civilizada, pulverizava todas as normas de limitação de velocidade: prego a fundo.

Eu não sei que exemplo pretende dar a GNR-BT, mas de gente civilizada não seria.

Foi assim uma tarde inteira (pelo menos). A verdade é que, não fosse tratar-se de um carro identificado, eu diria: ali vai um belo punhado de assassinos.

Para o ano, se lá voltar, levarei comigo uma câmara de vídeo.

Aliás, não seria má ideia que os carros da GNR fossem obrigados a ter instalado um circuito de gravação vídeo onde se pudesse perceber a forma como os militares conduzem.

Câmaras de vídeo não são coisa de gente civilizada... mas é justamente o caso.

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E se o funcionário fosse para o ...

Pode parecer que ando mal humorado, mas não é o caso. Vai apenas havendo cada vez mais perus com piolho.

[Insurgente]

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30/12/2007

O sucessor

Anuncia-se agora que Benazir Buttho tem "sucessor"! E há mais: é um sucessor a prazo. Enquanto o dito não sair do aviário, outro peru o substituirá.

Mas não reclamava ela por democracia e que era general o mau da fita?

Não defendia ela que o "verdadeiro muçulmano" nunca atentaria contra uma mulher? Quereria ela definir um muçulmano, exactamente à medida que lhe daria jeito?

... à medida do que lhe daria jeito ... pois: os aviários servem para isso.

Continuo sem perceber da qualidade da aderência do ocidente à "democracia" reclamada pelos Buttho.

Entretanto, não se esqueçam ser o general o mau da fita.

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Algém me explica ...

... a razão de ser da orgia delambida pelos órgãos de comunicação social à volta da nomeação de um caramelo qualquer para capitanear um banco qualquer?

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A estupidez segue o seu caminho ...

... ou a família como balde de merda em que crianças dormem (?):




[Clicar para ver melhor]

Via Abrupto.

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24/12/2007

Login?

Não sei se conseguirei vir aqui durante os próximos dias.

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23/12/2007

Arauto



Os recibos verde e o faz de conta que se faz prestação de serviços

... e porque fica o Estado sempre de fora?


Via Mitos Climáticos, de
Alberto Gonçalves, Crendices, ou ...

O FIM DO MUNDO TAL COMO AL GORE O CONHECE

E, discretamente, o aquecimento global, esse Medo do Ano, parou. Se o facto não chegou às manchetes nem por isso deixa de ser um facto: as temperaturas médias de 2007 foram idênticas às de 2006. E as de 2006 às de 2005. E as de 2005 às de 2004. E por aí fora até 2001. É isto, então: aparentemente, as temperaturas terrestres (por complexas que sejam de estabelecer) não aumentam há seis anos. David Whitehouse, astrofísico e ex-editor científico da BBC (não, não é o "céptico" comum), comenta o assunto em artigo na revista "New Statesman" e procura, em vão, uma explicação. A explicação "clássica" liga o aumento das temperaturas ao aumento das emissões de dióxido de carbono. Mas, no período em causa, as emissões de CO2 continuaram a subir (nos dois sentidos) e as temperaturas, repito, não. Na perspectiva científica, é legítimo suspeitar que, afinal, uma coisa não está relacionada com a outra, e que talvez a acção do homem não influencie o clima do modo que se pensava e se obrigava toda a gente a pensar.

O problema é que o conhecimento científico nunca foi exactamente o objectivo desta história. A coisa passou mais por apavorar as massas com visões folclóricas da catástrofe, espatifar fortunas em "investigação" com tese previamente definida, realizar o "Live Earth", dar o Nobel ao sr. Gore, reunir os grandes da Terra (aflitíssimos) nas praias de Bali e aliviar fúrias acerca dos EUA e de Quioto. Feito, feito, feito, feito. Se calhar, é suficiente. Podemos voltar à gripe das aves? Ou, se quiserem um perigo comprovado e realmente assustador, à crendice dos homens.|

Sábado, 22 de Dezembro
Será talvez este o maior logro da história recente, logo depois do logro em que a esquerda alinhou no tempo da cortina de ferro e ainda depois dele. Inclino-me, aliás, a dar razão a quem reclama que a história do aquecimento global não passará de uma espécie de terapêutica ideológica substitutiva que, para não variar, se assume em forma de logro.

O prémio Nobel não terá passado de cereja em bolo-bosta.

Um dia destes ouvi, na RDP, uma entrevista a uma investigadora da Universidade de Aveiro. Logo na primeira pergunta o jornalista abordou a questão em forma de polarização - a desgraça dos ursos afogados. A cientista, sem refutar a paranóia, chamou a atenção de que os pólos estavam a aquecer (o que parece não ser verdade) mas outras zonas estavam a arrefecer. Enfim, respondeu sem tentar desmanchar o logro. Ainda algum tempo há de passar antes de se poder chamar os bois pelos nomes sem se correr o risco de se ser chamado de negacionista.

Não sou católico, mas queira Deus que a temperatura não comece a baixar de imediato. Se ainda por cá andar, terei interesse em ver como se irá defender que a produção maciça de CO2 não possa vir a ser uma ferramenta para evitar o arrefecimento global.

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22/12/2007

Tubinhos inox

Música


Thick as a Brick

Daqui a pouco vou fazer umas pequenas reparações no meu carro: trocar uma lâmpada e substituir a ficha do isqueiro (não fumo mas preciso dela).

Entretanto, façam o favor de ouvir Thick as a Brick. Aqui fica o link para o artigo Wikipedia, onde destaco:
The epic is notable for its numerous time signature and tempo changes (not uncommon to the newly emerging progressive rock subgenre of rock), as well as a large number of themes throughout the piece, resembling a typical classical symphony in this regard, rather than a typical rock song.
Duração: 43:28

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21/12/2007

O fascínio da estupidez galopante

Parece que o estado dá uns cacaus a cada grávida. Bastará que a futura parturiente (estou a falar bem?) prove que está grávida de 13 semanas e cairá o pilim. Desconheço os pormenores miudinhos por manifesto desinteresse: duvido poder vir algum dia a cair na referida categoria.

13. Pois. Hummmmm ...

Os médicos aconselham que seja feita uma ecografia às 11 semanas e, nessa altura, passam um papel qualquer a afiançar das intenções do sistema reprodutivo da cidadã.

A mulher espera 2 semanas e entrega o papel.

Atente-se como o cidadão comum é capaz de pensar que, duas semanas volvidas desde a ecografia, o feto terá 13 semanas.

Mas o 13 não dá descanso. Entregue a papelada ao serviço estatal competente, logo este a devolve dizendo que "não, o papel diz 11 e é suposto dizer 13 semanas".

Não vale a pena argumentar que dirá 11 mas que será referente a um data passada à duas semanas, e que 11+2=13.

Não. Não vale a pena. E em boa verdade, só quem tiver um espírito mesquinho será capaz de tamanha exigência. Fazer tal soma é coisa de comum mortal, os iluminados do tal serviço estatal estão fora desse mundo mesquinho e, tá bem de ver, percebem (olho de lince) que pode estar-se perante um esquema maquiavélico em que se pretende não mais que avacalhar o calendário ...

... e um dos respectivos iluminados encontra uma solução: terá que ser o médico a afiançar que, duas semanas depois, terão decorrido 13 semanas. É por isso que a malta da matemática diz que há falta de trabalho.

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Atente-se agora este outro fascínio ...

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E porque carga de água estará o Lince em extinção? Terá alguém trocado as mãos?

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18/12/2007

A linha da REN e a palermice autárquica

Eu compreendo que seja pouco inestético morar junto à passagem de uma linha de alta tensão. Eu compreendo que sempre que se olhe para ela se possa pensar que, mais tarde ou mais cedo ela poderá cair na mona de alguém.

Em relação à estética apenas resta reclamar que é inestético e, eventualmente pretender ser-se compensado por isso. Em relação à queda da linha também se poderá argumentar que se corre um risco (pequeno que seja) do qual se tirará pouco proveito.

Quando se fala dos efeitos à saúde humana incluindo o risco de cancro, entra-se pelo esplendoroso campo da ignorância, cretinice, burrice e oportunismo.

A REN alimentava a zona por duas linhas. No momento em que a soma dos picos de carga de ambas as linhas se aproximaram da capacidade da linha mais fraca houve que providenciar a instalação de uma outra linha, caso contrário uma avaria numa delas provocaria o disparo das protecções da outra. Assim foi feito.

Vem agora o tribunal sentenciar que a terceira linha seja desligada. A REN diz que vai cumprir e que o risco de centenas de milhares de pessoas ficarem sem luz é concreto:
No caso da sub-estação de Trajouce se apagar, de a última linha que ficar a alimentá-la não tiver capacidade de suportar a carga, 700 mil pessoas vão ficar às escuras”.
A presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão vem depois dizer que não, que se tal acontecer se deverá apenas a má vontade da REN.

A não ser que a estupidez seja das poucas coisas sem limite depreende-se que a autarca tenha, com a Santa da Ladeira, um acordo de fornecimento de energia eléctrica.

No fim deste artigo (o bold é meu) pode consultar-se o monumento à estupidez humana. Foi retirado de um cache do Google e é referente a um artigo do site da Junta de Freguesia de Monte Abraão.

Por mim diria ainda que deveria ser obrigatório que os autarcas fizessem uma prova de matemática, ao nível de contas de merceeiro, antes de se poderem candidatar.

Caso as linhas vão mesmo às urtigas, como qualificar, em termos de competência, a autarca e os tribunais em causa? Caso haja corte de energia (muito provavelmente prolongado) e em consequência morram pessoas, de que estirpe de homicídio acusar os tribunais que debitaram as sentenças e a autarca especialista em energia?

Se o frio apertar e as linhas se forem abaixo das canetas em consequência do óbvio aumento de cargas (as pessoas ligam caloríferos), quantas pessoas podem, previsivelmente, morrer de frio? E a Protecção Civil está a dormir? E o nosso engenheiro terá feito, também por fax, as cadeiras relacionadas com a energia?

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PS.
Que tal reclamar que se retirem as instalações eléctricas das habitações? Já alguém mediu a intensidade do campo electromagnético provocado pela instalação eléctrica da própria habitação?

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1- Ponderação, sentidos de bem e interesse público e análise não impressionável pela força dos contendores nas decisões dos Tribunais, nas suas várias instâncias.

2- Total irresponsabilidade e postura "terrorista" da Rede Eléctrica Nacional (REN), que tem o seu expoente máximo no não cumprimento da (s) deliberação (ões) judicial (ais).

3- Confrangedor naufrágio do Presidente da Câmara Municipal de Sintra em todo o processo: ultrapassado pelos acontecimentos e acossado pela sua própria inércia e desinteresse no tratamento desta questão, o Presidente da Câmara enreda-se em justificações pífias, explicações contraditórias e propostas patéticas.

Desde Julho – e da então decisão do Tribunal Central Administrativo do Sul de ordenar a suspensão da corrente eléctrica da linha de muito alta tensão – que o processo foi objecto de mais duas decisões de Tribunal competente, em resposta aos recursos apresentados pela REN.

E as duas decisões – ambas em sede de Supremo Tribunal Administrativo, uma do Juiz –Relator, outra do colectivo de Juízes (Pleno) – foram no mesmo sentido, favoráveis às posições defendidas pela Junta de Freguesia de Monte Abraão e pela esmagadora maioria das pessoas (munícipes e não munícipes de Sintra): mandar desligar "a corrente" da linha de muito alta tensão, confirmando o seu potencial carácter nocivo.

Deste modo, são três as decisões que dão razão ao nosso ponto de vista. Todas de instâncias sucessivamente superiores, que contrariam e evidenciam a frágil argumentação do indeferimento (por parte do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra) das três providências cautelares por nós interpostas e que desencadearam todo este processo. As duas últimas deliberações (do Supremo Tribunal Administrativo) respondiam já a recursos da REN, que mais pareceram manobras dilatórias para adiar o desligar da linha (isto porque cada recurso implicava efeitos suspensivos sobre a decisão).

A polémica tomou, entretanto, proporções nacionais – felizmente, uma vez que alertou consciências e veio dar força a esta causa e a outras, semelhantes, que pareciam esmagadas pela percepção da desigualdade entre as partes.

Em termos de balanço, no presente, e de concreto, temos uma decisão judicial que não é mais passível de recurso ou, pelo menos, dos instrumentais efeitos suspensivos que este sempre implica; uma opinião pública conhecedora dos argumentos das duas partes e claramente a favor da suspensão da linha aérea de muito alta tensão e, pasme-se, essa mesma linha a continuar a funcionar, como se nada tivesse acontecido.

Este último ponto é gravíssimo. Gravíssimo porque constitui um crime por parte da REN. Um crime - Crime de Desobediência Qualificada, punível com pena de prisão até 2 anos e multa até 240 dias (artigo 348º, nº 2 do Código Penal) - que atenta contra um dos pilares da sociedade democrática (o poder judicial) e contra a vontade da esmagadora maioria das pessoas. E ainda mais grave porque é cometido por uma empresa de capitais públicos (de resto, os recursos foram interpostos em conjunto pela REN e pelo Ministério da Economia), por isso uma empresa com uma responsabilidade social acrescida. A REN comete o crime de desobediência qualificada, por incumprimento da decisão judicial, desde o primeiro dia subsequente à referida decisão, ou seja, desde o dia 2 de Outubro.

Porque é uma empresa que tem tutela do Estado, leia-se Governo;

Porque o Governo de Portugal é liderado pelo secretário-geral do meu partido (PS) e a REN tem na sua composição e matriz programática uma estreita ligação ao PS;

Usarei dos instrumentos legítimos – como cidadã, militante do PS e autarca – ao meu alcance para romper a impunidade, prepotência e desrespeito da REN e fazer cumprir as regras básicas de funcionamento de um Estado de Direito. Saberei questionar quem de direito sobre a tutela e respectiva responsabilidade política deste caso.

A postura terrorista da REN – usando todos os expedientes para suspender qualquer decisão até ao fim do julgamento da primeira acção por nós interposta – terá na Junta de Freguesia de Monte Abraão (e nas instituições/associações/entidades verdadeiramente empenhadas), em todos os munícipes dos concelhos afectados pela linha e nos cidadãos que connosco estão nesta causa a devida resposta, ou seja, a persistência e esclarecimento que esta matéria exige.

Maria de Fátima Campos
Presidente JF Monte Abraão

PS - Na passada sexta-feira, na primeira audiência do julgamento, a REN brindou-nos com mais uma jogada que não poderei apelidar com outro qualificativo que não seja "golpada". Com a linha de muito alta tensão a funcionar a apenas 25 por cento (1/4) da sua potência máxima, resolveu medir os respectivos valores e usá-los como argumento de que a linha não é nociva pois "apresenta emissões electromagnéticas abaixo do valor estipulado por Lei".

Enfim… alguém acredita que um equipamento/linha é construído com uma determinada potência para depois apenas ser utilizado menos de metade da sua capacidade total?

Eu acredito que a REN está de muito má fé neste processo e não "olha a meios" para manter a linha de muito alta tensão ligada.
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17/12/2007

Vómitos



As nossas televisões fazem lembrar a PIDE: antes de ser já o é.

Salta a lebre e logo as televisões exibem a a respectiva cara nos ecrãs.

Prenderam uma data de gajos provavelmente relacionados com os assassinatos do mundo da noite, escondendo-se as caras dos polícias envolvidos mas deixando a descoberto a cara dos detidos.

O código penal prevê sanções para todos os gostos, mas desconheço qualquer castigo relacionado com a exibição pública, em meio de comunicação social, da cara do condenado. Abstraindo a irrelevância informativa, nem há sequer condenado.

E triste é também o conluio das polícias nesta encenação. Nesta, nas encenações da ASAE, etc.

Parece que vivo no mundo das touradas, no mundo do circo romano moderno. Só falta a populaça carregar um botão do tele-comando para que o 'malandro' seja, de imediato, executado e que as televisões gravem em slow motion e que repitam, em muti-câmara, até ao vómito.

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11/12/2007

Prostituiram-se

Picado por este post (As Minhas Leituras), fui desenterrar este texto enviado ao Abrupto em 8 de Agosto de 2006:
A Ministra foi populista e fez eco da crítica comum de que os professores são os responsáveis pela calamidade educativa portuguesa. Não apresenta evidências de que assim seja. Mas por que razão a Ministra da Educação e outros agentes das esferas do poder se dão ao luxo de falar assim desta classe profissional? Na realidade, os professores são responsáveis, não propriamente pelo facto de ensinarem mal ou de serem intrinsecamente maus professores. A responsabilidade é mais funda. É que desde há algumas décadas os professores abdicaram da sua vocação intelectual, ou mantiveram-na só para aquilo que interessa em cada conjuntura ou momento, aceitando em troca incluir-se na bolsa de sustentação do poder político e económico.

O poder, é sabido, precisa destas bolsas de sustentação, e um grupo como os professores é fundamental que seja "capturado" para o pleno exercício do poder actual. Fala-se em "democratização" do ensino, mas isso é um eufemismo. Com certeza algo corresponderá a isso, mas na essência o que se deu foi um fenómeno de "massificação do ensino", o que não é exactamente a mesma coisa. Nesse processo, foi preciso apresentar taxas de sucesso, níveis de ensino em grande escala, impedir o abandono escolar, etc. Ou seja, o aparelho educativo esteve ao serviço de objectivos sociais, económicos e políticos que pouco têm a ver com o verdadeiro ensino. E em troca de favores profissionais e de um certo teor de vida, entre outras vantagens, a "classe profissional" dos profs. alimentou estes objectivos extra-educativos. Numa palavra, vendeu-se ao poder.

Evidentemente, o nível de formação e de conhecimentos dos alunos tem-se ressentido drasticamente. Mas os professores têm estado sempre cegos, surdos e mudos. Sempre muito mais preocupados com os seus interesses profissionais e com a sua carreira, enfim, com a sua vidinha. Não se importaram, portanto, durante estes anos, de se submeterem a um processo de proletarização que lhes retirou muita da credibilidade que possuiam, sendo natural que agora o poder os trate como párias e não nutra por eles o mínimo respeito. E os restantes actores também não, designadamente, os pais dos alunos, que não vêm com bons olhos os resultados obtidos. Que pretendem agora os professores? Já nada podem fazer. Podem fazer greves e manifestações. Mas não têm mais crédito que qualquer outro grupo social. E perderam o apoio da sociedade, e agora falam sozinhos no deserto. Isto é uma análise generalíssima. Não se pretende pôr em causa os muitos professores que ensinam bem e que fazem das tripas coração para que os alunos passem e se formem, etc. Mas isso não pôe em causa a minha tese central: os professores, enquanto classe, prostituiram-se ao poder e agora são tratados como rameiras do sistema. E se querem ter emprego e fruir ainda de algumas migalhas do poder têm que aceitar a "grelha" que lhes é imposta e conformar-se.

O servilismo e a apatia de anos vão sendo agora cada vez mais evidenciados, e pelo próprio poder, o que não é surpreendente. Ainda me recordo quando aqui há uns anos se negociou o Estatuto da Carreira Docente (penso que em 1997), e estava em causa a saída do ensino de centenas de professores provisórios que durante anos foram os colegas de segunda, mas muitos deles com provas de dadas de qualidade e dedicação, que ficavam sempre com as piores turmas e até ganhavam menos. Estava em causa na mesma altura, através da uma reforma do ensino secundário, o desparecimento de disciplinas como Introdução à Antropologia ou Jornalismo. A "classe" dos professores e os sindicatos nada fizeram caso disso, e negociaram o Estatuto e a reforma sem o mínimo de solidariedade por esses colegas, muitos com família, que ficaram sem trabalho, e muitos continuam no desemprego porque estiveram 10, 15, 20 anos nessa situação provisória e agora não têm onde se agarrar... E quando estes fizeram manifs. à porta do Ministério estavam sozinhos, porque a "nobre" classe dos profs. esteve a marimbar-se para estes colegas... E quanto ao desaparecimento das disciplinas? Alguém se interrogou sobre a validade destas matérias, qual o seu papel na formação integral dos jovens? Alguém ainda se lembra de Educação Visual?...

Orlando de Carvalho (...não sou professor)
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10/12/2007

Outra coisa qualquer ...

No Abrupto:

Não sei o que se conseguiu e não se conseguiu. Não sei o que se ganhou ou perdeu. Nem a UE nem África. Mas sei uma coisa: a mim, como português, como europeu crente que um conjunto de países que, apesar das diferenças, compartilha ideiais de pluralismo democrático e respeito pelos direitos humanos, repugna-me ver o primeiro-ministro do meu país alardear os benefícios de um acordo (acordo? declaração de intenções? memorando de entendimento? outra coisa qualquer?...) com a Líbia, essa nação democrática, com um soba que está há décadas no poder, que compra páginas inteiras de anúncios contra o tribunal penal internacional nos principais jornais em circulação, que é suspeito de múltiplos atentados dentro e fora de portas, que se passeia com total descaramento por onde quer que vá, com óculos escuros e ar sinistro dentro dos recintos onde decorrem os "trabalhos", devidamente acompanhado por umas igualmente sinistras mulheres que são quem lhe serve de protecção pessoal. Esse mesmo chefe de estado cujos assessores queriam desgravar uma parte do filme de um repórter da RTP só porque ele perguntou se ele já tinha ou não sido confrontado com algumas questões menos simpáticas. Os mesmos assessores e seguranças que perguntavam ao conjunto de jornalistas que ali estavam, num inglês mal falado e ameaçador «do you have any problem?». Estes chefes de estado, verdadeiros líderes que se impuseram à força em países sem condições para os expulsar definitivamente, vieram cá porque Portugal exerce actualmente a presidência da UE. Nada a apontar. Mas alguns desses vieram cá e passearam a sua arrogância e prepotência, montando tendas em fortes e sendo ofertados com banquetes presidenciais. Para além do mais, ainda são agraciados com declarações únicas do primeiro-ministro, porque existem interesses económicos que, como é óbvio e qualquer um compreende, se sobrepõem claramente a quaisquer questões de princípio. Isto é hoje o meu país. Um país que cada vez tenho mais dificuldade em aceitar.

(Rui Esperança)
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08/12/2007

Mais um periférico

Acabei de ver o programa de António Barreto (sobre TV), que estava gravado na barriga do meu gravador de DVD (com disco).

Uma frase me despertou a atenção: "a mulher, que de fada recatada passou a objecto sexual".

É o progresso.

A televisão conquistou um periférico: o espectador. Nessa qualidade, a mulher, como objecto sexual, tem o seu lugar como opção de periférico de televisor.

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A cimeira da palermice

Na palermice pegada que é a cimeira africana, José Sócrates "exige" ao governo do Sudão a implementação dos acordos de forma que "uma força de paz, robusta" seja colocada no local.

Pacíficas forças guerreiras ou robustas forças de paz só saem das cimeiras pejadas de assassinos que tem lugar na Europa, especialista em multilateralismo.

... o mundo (real, para os distraídos) vai seguindo o seu caminho.

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Riquezas roubadas

Kadhafi pede a europeus devolução das ‘riquezas roubadas’

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07/12/2007

Contadores

A EDP quer trocar os contadores por outros mais práfrentex. Parece que os novos dispensariam leitura.

Entretanto, a operação custaria um barbaridade de massa e os consumidores teriam que a pagar.

Eu sei que se fosse a EDP a pagar o resultado seria o mesmo: o consumidor acabaria por pagar.

Entretanto o governo resolvei fazer abortar a coisa. Mas ...

O que não percebo é a razão pela qual se implementa uma tecnologia que implica mais custo. Se nada se poupa, porque raio não se mantém o que é mais vantajoso? Por masturbação mental da EDP?

Ou dar-se-ia o caso de os novos contadores impossibilitarem a venda de energia à EDP (micro geração)? Seria o caso?

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06/12/2007

Hannah Arendt



Espicaçado por um comentário de José Luís Sarmento (a este artigo), aqui fica um par de links:

Hannah Arendt.

Hannah Arendt - citações.

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05/12/2007

Pergunta de algibeira ou uma escola apalermada

De há um tempo a esta parte tenho vindo a perguntar a várias turmas do 12º qual a temperatura de fusão da água.

Já perguntei a cerca de 100 alunos e nenhum sabia.

Quanto muito, alguns perguntaram: - mas "ó stôr", a água tem temperatura de fusão?

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04/12/2007

Marines

A carnificina que tem tido lugar no Iraque é resultante de uma guerra de vontades e da publicitação dessas vontades.

Os Estados Unidos estão lá para fazer ver ao mundo muçulmano (em particular ao paranóico) que vão onde muito bem entenderem e para mostrar a todos que não devem esticar demasiado a corda ou sujeitam-se a que eles se apresentem na ponta dela. Os paranóicos pretendem mostrar a todos os interessados que, se se atreverem a não rejeitar liminarmente os americanos e se, ainda para cúmulo, tiverem a lata de pôr os pés numa mesa de voto, lhes infernizarão a vida.

Cada macaco no seu galho e, também em Portugal, há uma guerra (pelo menos) de vontades.

Mataram um 'empresário' da noite à bomba. Esse empresário era testemunha num processo qualquer relacionado com a mesma noite e, segundo parece claro, mataram-no porque poderia ser excessivamente "incómodo".

Qual a vontade que ganhou? Não foi a da justiça certamente. A justiça foi incapaz de garantir a sobrevivência de quem com ela aparentemente colaborava.

Há que reclamar a retirada da justiça?

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