Há uns tempos um amigo meu, na altura autarca, disse-me: meu caro, esta coisa do poder corrompe.
Percebi que não estava a falar de corrupção nos moldes em que falamos dela normalmente, mas de corrupção a que eu talvez chamasse corrosão.
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Estive uns dias na zona de Braga e pude observar a forma de actuar de uma brigada de trânsito da GNR.
A coisa passava-se, inevitavelmente, à volta de uma operação de detecção de velocidade entre Cerdeirinhas e Braga. Havia um carro estacionado algures e um outro mais à frente que interceptava os condutores que o primeiro detectava em falta.
Talvez por não terem documentos, talvez por demonstrarem excesso de álcool, a verdade é que, de vez em quando, um carro identificado GNR-BT se deslocava do local de intercepção até Braga (aparentemente). E é aqui é que bate o ponto.
Do local onde me encontrava podia ver uma parte sinuosa do percurso, cheia de traços contínuos e onde a proibição de se circular a mais de 50 era bem patente. Mas tudo isso a GNR ignorava.
Fosse curva aberta ou fechada, tivesse ou não traços contínuos (duplos), houvesse ou não trânsito em sentido contrário, o carro a GNR ultrapassava sem sequer ligar as lamparinas azuis.
Sempre que lhe era impossível ultrapassar porque zonas do percurso tinham pirolitos verticais instalados sobre o duplo traço contínuo, a GNR encostava o carro ao carro que lhe seguisse à frente mantendo-se, sistematicamente, a bem menos de 2 metros de distância e mostrando-se, ao condutor que lhe seguia à frente, quer pelo retrovisor da esquerda quer pelo da direita. Frequentemente parecia ter intenção de ultrapassar pela berma ou dar a ‘pista’ ao condutor que o precedia para o fazer. Reafirmo, sem nunca assinalar a marcha com pirilampos azuis ou sirene.
Logo que conseguia ultrapassar, triturando molhadas de normas de gente civilizada, pulverizava todas as normas de limitação de velocidade: prego a fundo.
Eu não sei que exemplo pretende dar a GNR-BT, mas de gente civilizada não seria.
Foi assim uma tarde inteira (pelo menos). A verdade é que, não fosse tratar-se de um carro identificado, eu diria: ali vai um belo punhado de assassinos.
Para o ano, se lá voltar, levarei comigo uma câmara de vídeo.
Aliás, não seria má ideia que os carros da GNR fossem obrigados a ter instalado um circuito de gravação vídeo onde se pudesse perceber a forma como os militares conduzem.
Câmaras de vídeo não são coisa de gente civilizada... mas é justamente o caso.
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