24/10/2004

A independência da dependência

São 22:26H de 24 de Outubro de 2004 e o Telejornal da RTP2 acaba de noticiar uma barafunda na Ucrânia onde terão ocorrido manifestações de protesto e escaramuças de variada índole, porque o governo ucraniano, entre outras coisas, terá fechado uma estação de televisão.

De seguida a jornalista, em voz-off, clarifica que a dita estação de televisão “era a única independente e pró-oposição”. Depreende-se que as restantes estações de televisão sejam dependentes e pró-governo.

Por aquelas paragens e pela RTP, matérias de liberdade de imprensa conseguem conciliar-se de forma que uma estação “pró-governo” seja dependente e outra, “pró-oposição”, seja independente.

A RTP parece não discernir este paradoxo, sendo portanto de admitir que nele navegue.

23/10/2004

Professores ajudantes

Que Santana Lopes (SL) lance a ideia de colocar professores em horário zero a ajudar juizes, é, obviamente, uma ideia avulsa, porque podia propor que os professores fossem fazer milhentas outras coisas para as quais estão capacitados.

De qualquer forma, percebe-se que parece SL que a profissão de Juiz é uma espécie de pináculo das profissões, talvez até com um pé no esotérico.

Outras coisas são difíceis de perceber.

Porque é que SL não declara, simplesmente, estar aberto a propostas para que esses professores possam fazer algo? Quererá evitar ser encharcado com eventuais disparates a que terá que fazer face?

Porque é que SL não investiga, ou pede para investigar, se na legislação já existente, não há algo que é suposto ser feito por esses professores? Dar-se-á o caso de os professores já deverem estar a fazer algo de alternativo?

Porque é que o Sindicato dos Professores não vem declarar que a proposta de SL não faz sentido porque esses professores, por mote próprio, já encontraram trabalho alternativo dentro dos estabelecimentos de ensino onde (deviam) estar a leccionar, ou nas suas redondezas? Será que a razão de existir do sindicato é a de reclamar um máximo de proveitos com um mínimo de esforço?

Porque é que o Sindicato dos Professores não evitou que o problema se levantasse dinamizando, ele próprio, a alternativa de trabalho? Quererão que os professores em horário zero fiquem sem fazer nada? Será que têm medo de mexer num ninho de vespas?

Porque é que um Juiz, num canal de Televisão, vem declarar que tal ideia é tão bizarra que é até desprestigiante para os professores? Quererá ele, com isso, dizer que os Juizes são má companhia?

Será que temos todos a mania de querer estar no topo da nossa piramidezinha?

Porque estamos todos, sempre, contra todos?

21/10/2004

Zapatero ataca preventivamente

À luz dos mais elementares princípios humanistas, pacifistas, morais, etc, que Zapatero defende, vou comentar esta notícia.


Desarticulada Rede Terrorista Islâmica em Espanha
Por NUNO RIBEIRO, Madrid
O Pùblico - Quarta-feira, 20 de Outubro de 2004

Na madrugada de ontem, em diversas regiões do país, a polícia espanhola desarticulou uma rede terrorista islâmica que tinha como objectivo perpetrar um atentado contra a Audiência Nacional de Madrid. A operação, dirigida pelo juiz Baltasar Garzón e ainda em aberto, saldou-se com nove detidos, um dos quais, o chefe da célula, na Suiça, e levou na tarde de ontem os agentes a diversas prisões de Espanha, onde estão detidos outros membros do grupo.

"Foi uma operação preventiva contra uma célula do radicalismo islâmico que preparava um atentado", disse, ao fim da manhã de ontem, José António Alonso, ministro do Interior de Espanha.

Aaaaaahhhhhhh ……. este termo de “operação preventiva” lembra-me qualquer coisa. Se calhar não lembra, é simplesmente parecido com a palavra “preemptive” usada por George Bush.

António Alonso precisou, ainda, "que o grupo não tinha material para cometer o atentado", mas que já tinha escolhido o alvo: o edifício da Audiência Nacional de Madrid, o tribunal que em Espanha julga e instrui os processos de terrorismo.

Péra lá … então prenderam os rapazes e nem as armas de destruição maciça de que os acusam de pretender usar encontraram? Moveram-lhe caça baseados em quê? No diz-que-disse?

"O grupo já tinha escolhido o meio, um camião carregado com 500 quilogramas da explosivos", revelou Alonso. Aliás, os planos teóricos do ataque estavam muito avançados, incluindo os contactos para a compra de explosivos.

Tudo teoria, portanto. Não encontraram camião, não encontraram explosivos, mas encontraram teorias. Avançadas dizem. No entanto engavetaram-nos … e se calhar ameaçaram-nos com armas … e se calhar eram capazes de disparar se eles defendessem a sua propriedade intelectual (os planos).

O titular do Interior do Governo de Espanha não confirmou que o fornecedor da dinamite fosse a ETA. "As forças de segurança e os juizes conduzem a sua acção por factos não por palpites", comentou.

Bem, percebe-se logo que eles mentem. Se não a dizem logo a verdade mentem. A verdade é outra … os gajos tinham ligações a Al Qaeda, - perdão, - à ETA ... estão mas é a esconder qualquer coisa ... velhos hábitos do tempo de Aznar.

"Manual do martírio"

As prisões dos argelinos e marroquinos que constituam esta célula ocorreram na Andaluzia, nas províncias de Málaga e Almeria, em Valência, em Madrid e em Pamplona, Navarra. Dos oito detidos que há muito residiam em Espanha, alguns dos quais tinham estado presos por delitos comuns, um foi posto em liberdade. Nas buscas, os agentes da Brigada de informação da polícia apreenderam cheques bancários, vários exemplares de um livro peculiar - "manual do martírio" - utilizado pelos terroristas suicidas, agendas telefónicas, computadores portáteis e dois mil euros em dinheiro.

Bem, cada um tem a liberdade de escolher seu próprio martírio. É uma questão cultural. Só George Bush não percebe. Quanto ao resto, e à excepção dos euros, tenho tudo em casa e não ando a tramar nada.

A meio da tarde de ontem, as diligências policiais alargaram-se a diversas prisões espanholas onde estão detidos outros muçulmanos que os investigadores vinculam com esta célula. A investigação sublinha que este grupo nada tem a ver com o que perpetrou em 11 de Março a matança de Atocha, tratando-se de outra célula autónoma, e que se relacionava com outras da Europa, Estados Unidos e Austrália.

Era simplesmente um problema de falta de informação. Os gajos voltaram à carga com os espanhóis porque não sabiam que Zapatero tinha retirado do Iraque. Para que os engavetaram? Os espanhóis já não estão com os restantes algozes americanos e australianos, portanto nada havia a recear. Bastariam lá ter enviado assistentes sociais para explicar que Zapatero já tinha posto as coisa “en su sítiu”. Há que não esquecer que, tudo o que de mal nasce, não nasce sem um motivo, e esse motivo não pode ser Zapatero porque não é unilateral. Bastava terem explicado isso às criaturas que elas percebiam logo.

O chefe do grupo, Mohamed Akra, um argelino que a polícia relaciona com o GIA, foi detido há dois dias na Suiça a requerimento do juiz Garzón. Trata-se de um indivíduo que viveu em Navarra, Valência e Málaga, esteve preso por duas vezes em Espanha por pequenos delitos, e que em Setembro do ano passado residia na Suiça. Geralmente utilizava as identidades falsas de Mohamed Achraf ou Mikael Etinenne Christian.

Mas o Garzón não se chama Baltazar Garzón? Então é isso, é essa a ligação à Bíblia de George Bush. Garzón deve querer repetir a visita do rei mago Baltazar ao menino Jesus. Garzón é um submarino de Bush – há que avisar Zapatero – presto, presto.

"As mesquitas são hoje pontos chave para se detectarem as mentalidades extremistas", sublinhou, ontem, Gregório Gómez, da Plataforma de Associações de imigrantes da Andaluzia. "O Governo deve promover acordos e estreitar as relações com as mesquitas para evitar as tentativas de terrorismo islâmico em Espanha", acentuou Gómez. "O Islão e o terrorismo são incompatíveis", considerou, por seu turno, Mansur Escudero, secretário-geral da Comissão Islâmica de Espanha.

Qual terroristas, qual carapuça. O governo quer estreitar relações com as mesquitas? Pois tivessem estreitado relações com os gajos que prenderam. Assim só vão exacerbar mais os ânimos e criar mais terrorismo. Olha que pouca vergonha. Terrorismo islâmico? Mas onde?

"Nós, os muçulmanos, somos pessoas normais que respeitamos a lei", referiu.

Assim não brinco. “Terrorismo islâmico” e “muçulmanos pessoas normais” quer dizer “terroristas são pessoas normais”. Vão brincar com o raio que os partam. Isto até parece um Bushismo.