Quando a fábrica da Opel, Azambuja, ameaçou fechar, os sindicatos apresaram-se a declarar greve.
Greve. Pois claro. “Greve, em defesa dos postos de trabalho”.
E as indemnizações? E quantos deles perceberam de imediato que seria o momento supremo para afundar o barco de vez e reclamar a indemnização? E, ter-se-á dado o caso de terem sido justamente os mais velhos, com mais anos de casa e mais entrincheiradamente sindicais, a irem por aí?
E os mais novos, que seria deles? E que importava os mais novos aos mais velhos desde que o graveto pingasse para o lado deles?
E a solidariedade? “Parece que temos sarna” gritavam os que ali, como pelas ‘siderurgias’ por esse país fora, iriam, de facto, para o desemprego com meia dúzia de notas no bolso. “Nem conseguimos falar com eles. Fogem de nós”. E que teriam os mais velhos a ver com isso? Direitos conquistados são direitos garantidos e direitos garantidos é graveto no bolso.
M'ai nada!
"A cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
Tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
e eu não sabia...
Há quem cante por interesse
há quem cante por cantar
e há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
p’ra não perder o lugar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar
O faduncho choradinho
de tavernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções"
Publicado no Fiel Inimigo.
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