25/09/2004

Diplomacia de Fahrenheit

Excerto de uma entrevista a Loureiro dos Santos – A Capital, 24 de Setembro de 2004 – Destaque – Diplomacia e estratégia

- Viu o filme Fahrenheit 9/11?
- Vi.
- E?
- É um acto de propaganda política muito bem feito. Aliás, Michael Moore não o escondeu e disse que fez o filme para tentar que Bush não ganhasse as eleições. Mas há muita manipulação, muita distorção. A montagem que é feita com a cena em que o presidente Bush está numa sala e começam os ataques às torres gémeas é absolutamente terrível. Completamente demolidor. E depois as verdades que não são ditas. Moore apenas conta o que lhe interessa. Por exemplo, dá relevo, e isso é importante, ao facto de logo após o atentado ter sido autorizada a saída de uma série de sauditas e membros da família de Bin Laden, mas não diz que quem o autorizou foi Richard Clarke, na altura o responsável pelo combate ao terrorismo da administração Bush, que depois se desentendeu com o presidente e escreveu o livro Contra Todos os Inimigos, denunciando aspectos da administração Bush. O certo é que foi ele quem, na altura, considerou que seria possível deixá-los sair do que deixá-los ficar, com o argumento que era inevitável uma acção sobre eles. O filme está todo construído de uma forma extremamente manipuladora. Pelo que não diz, e pela forma como o diz.