22/02/2007

Breeze-M explode em órbita


Imagem: Gordon Garradd

Artigo de Rui C. Barbosa, Postado em 22 de Fevereiro de 2007, no Em Órbita com a devida vénia e chapelada [links meus].

Chamo também a atenção para que a totalidade das publicações Em Órbita, se encontram disponíveis aqui.

Breeze-M explode em órbita criando mais de 1000 detritos
Por Rui C. Barbosa. Postado em 22 de Fevereiro de 2007.

Um estágio superior Breeze-M explodiu em órbita terrestre criando mais de 1000 detritos espaciais.

A 28 de Fevereiro de 2006 o foguetão 8K82KM Proton-M/Breeze-M (53511/88515) era lançado desde o Complexo LC200 PU-39 do Cosmódromo GIK-5 Baikonur, Cazaquistão, transportando o satélite Badr-1 (Arabsat-4A) a bordo. Os três estágios do foguetão lançador desempenharam a sua função sem qualquer problema, mas a queima do estágio superior Breeze-M (88515) não correu como previsto deixando o satélite numa órbita inútil. Após considerações iniciais acerca de planos para salvar o satélite de comunicações utilizando a gravidade lunar, foi decidido abandonar o Badr-1 e este acabou por reentrar na atmosfera. Entretanto o estágio Breeze-M (88515) permaneceu em órbita com os tanques quase cheiros de propelentes hipergólicos.

Os propelentes hipergólicos são altamente tóxicos e corrosivos, entrando em ignição quando em contacto, não necessitando de um oxidante como o oxigénio líquido. As membranas de isolamento que se encontram nas condutas dos propelentes acabaram por sofrer os efeitos da corrosão devido à exposição prolongada aos mesmos em órbita, levando a que entrassem em contacto e à posterior explosão do veículo.

No dia 19 de Fevereiro, astrónomos amadores na Austrália detectaram uma brilhante explosão em órbita que se assemelhava à combustão de um veículo no espaço. Inicialmente era desconhecida a causa deste fenómeno, mas análises posteriores levaram à determinação de que se tratava da mesma órbita onde se encontrava o estágio Breeze-M (88515). Outras hipóteses sugeriram que o veículo teria sido atingido por um micrometeoro, mas a explicação mais lógica parece sugerir uma falha no mesmo relacionada com os seu propelente (situação já anteriormente verificada em órbita com outros estágios superiores).

O Comando Espacial norte-americano já detectou 1111 detritos em órbita. Tendo em conta que somente os detritos superiores a 10 cm são detectados, então pode-se concluir que o resultado da explosão será muito maior. O número de detritos detectados será superior aos que resultaram da destruição do satélite meteorológico chinês Feng Yun-1C durante um teste anti-míssil no passado mês de Janeiro.

A órbita dos detritos irá eventualmente fazer com que estes acabem por reentrar na atmosfera, mas devido à sua altitude ainda deverão permanecer em torno da Terra durante algum tempo.

Imagem: Gordon Garradd
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