29/07/2004

Urânio, chumbo e ai ai, que me dói a mona

Num canal qualquer ouvi um manfio (penso que na qualidade de combatente) contar a estupefacção que invocavam contando um episódio da guerra de libertação do Qwait.

Rezava algo assim:

"Às vezes não percebíamos a indiferença com que os tanques Iraquianos iam direitos a nós, em campo aberto, podendo nós acertar-lhes a uma distância a que as balas deles nunca nos atingiriam.

Os poucos sobreviventes ficavam de mãos atrás da cabeça até que fossem feitos prisioneiros e após o que apontavam para os nossos tanques e diziam qualquer coisa que nós não percebíamos.

Tanto insistiam apontando para os tanques que mandámos vir um intérprete que nos informa que eles estavam simplesmente a pedir para tocarem com o dedo nos nossos tanques.

Tanto pediram que nós deixámos.

Tocado o tanque eles ficavam estupefactos e perguntavam de que era feito o tanque, ao que nós respondíamos que eram feitos de aço e urânio empobrecido.

Perguntámos nós então porquê aquela insistência em tocar os tanques, e eles responderam que os generais deles lhe tinham garantido que não tivessem medo dos nossos tanques porque eram feitos de ... contraplacado."

Voltando à reincidente suspeita, porque será que, na Europa, de cada vez que há problemas bizarros com a saúde dos soldados se canaliza a coisa para o urânio empobrecido, fazendo testes para determinar se sim ou não, e não se canaliza a coisa no sentido de investigar, mais abrangentemente, que diabo de coisa está a provocar problemas?

Até parece que, havendo problemas, algum encobridor insuspeito projecta a coisa no sentido do urânio re-camuflando o problema.

Por mim, se for ao médico tendo um problema, espero que o médico tente perceber o que tenho eu, e não simplesmente se tenho qualquer coisa que desconfio ter, ou que alguém sugere ao médico que averigue. Neste último caso, só sugeriria a um médico de um amigo meu que averiguasse determinada coisa de que esse meu hipotético amigo se queixasse, se eu estivesse a envenena-lo com outra coisa qualquer.

Do ponto de vista da radiação ionizante (capaz de escavacar outros átomos) o urânio empobrecido é incólume (liberta protões - atomos de hidrogénio sem electrões - a alta velocidade, que, normalmente, não viajam mais de meio metro). Do ponto de vista químico é perigoso (como o chumbo, que se despeja pela caça, por esses campos, aos milhares de toneladas), mas, neste modo, para haver problema tem que se encontrar urânio no corpo da vítima … o que nunca tem acontecido …

Evidentemente que ninguém gosta de lamber ou manusear urânio empobrecido, como ninguém deve lamber ou manusear chumbo (que aliás é produto do decaimento do urânio), mas dar-lhe poderes mágicos (ou de macumba) parece demais. As fábricas de electrónica, que manuseiam grandes quantidades de chumbo contido na solda (estanho + chumbo), sugam os vapores da solda derretida e canalizam-nos para filtros onde os átomos de vapor do chumbo é suposto ficarem retidos.

Mas enfim, já se sabe que não vale a pena lutar contra “dados adquiridos”.