27/01/2007

Da estirpe do argumento e do argumentista



Não encontro outra forma de classificar esta declaração de Pinto Monteiro, Procurador Geral da República: disparate total. E ainda por cima demonstrando um enfado pesporrento assinalável. O homem supõe que esse enfado vai moldar o mundo. Coisas.

Então o Procurador não gosta de escrita electrónica. Se calhar a escrita em papel também é pare ele uma modernice abjecta. Deve ter, no gabinete, dúzias de marteladores de pedra. Essa sim, terão classe.

A não ser que ele se refira ao facto de teimar querer ignorar os argumentos dos bloggers por não saber, exactamente, de quem se trata. Então ainda é pior: só lhe interessa verbo vindo de quem ele conheça. Não lhe interessará, portanto, a qualidade do argumento, mas apenas a do argumentista (de acordo com o seu douto critério, evidentemente).

Na melhor das hipóteses, lá terá o Procurador que ver o mundo dele moldado à existência de blogs. Pois é. Vai ficar debaixo de olho e acabará por ser forçado a dar atenção aos argumentos que insiste em ignorar. É o que acontece a que insiste recusar a realidade.

... ou voltaremos à idade média.

.