De acordo com dicas circulantes, a ‘guerra’ entre Xanana e Alcatiri, no que respeita ao futuro, andará à volta do uso (Xanana) ou não (Alkatiri), das receitas do petróleo para alimentar o consumo interno.
É provável que a coisa não seja assim tão simples e eu, concedo, pouco sei sobre o assunto. Mas há aqui um padrão que não é novo e não é estranho.
Dando de barato que a coisa é como a descrevo, estaremos perante gás inflamável.
Não percebo como pensa Alkatiri evitar que o cacau acabe sendo drenado para a sociedade, e não percebo se Xanana está ciente do risco que Timor corre caso aconteça o que Alcatiri quer evitar.
Para Alkatiri levar a água ao seu moinho (e caso vença as eleições) será necessário recorrer a uma autoridade que raiará a ditadura. Terá que se apoiar nas forças de segurança e, para o conseguir, terá que os ‘comprar’.
Para Xanana levar a água ao seu moinho (caso vença as eleições) será necessário certificar-se que o cacau drenado seja consumido de forma a evitar por em causa a iniciativa interna e a não permitir a manutenção de esquemas tribais de distribuição de cacau. Mal o dinheiro comece a escorrer, a pressão para aumentar o caudal será imensa, só aplacável por meio de uma autoridade que raiará a ditadura.
Em qualquer caso, o exercício de poder andará sempre pelo equilíbrio ao fio da navalha. Ambos terão, provavelmente, que entreabrir a torneira para atenuar pressões internas. Alkatiri terá que explicar bem porque quer manter o taco no banco – suspeitas não faltarão. Xanana terá que explicar bem porque só quererá gastar dinheiro nalgumas coisas e noutras não (partindo do princípio que as decisões serão potencialmente acertadas) – suspeitas não faltarão.
... a ver vamos.
Esperemos que a maldição dos recursos naturais não se abata sobre Timor.
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