30/07/2007

Roberto Carneiro - O Iluminado



No DN, pode ler-se:
A partir de Setembro, os estudantes do 1.º e 2.º ciclo, dos sete aos onze anos, terão um novo currículo nas salas de aula: vão aprender a entender a publicidade e a defender-se dos seus abusos.
É curioso que o estado perca tempo com uma coisa destas e, fazendo-o, resolva que publicidade seja uma coisa que as crianças devam digerir e não vomitar.

Continua o artigo:
Em Portugal, a supervisão estará a cabo de um grupo de peritos, liderado pelo ex-ministro da Educação Roberto Carneiro.
Pois claro. Provavelmente o mais eminentes "cientista da educação", um dos mais directos responsáveis pela catástrofe em que o ensino se tem atascado.

Mas, segundo a edição impressa (via O Insurgente), o antigo ministro refere ainda:
“É preciso educar as crianças e através delas as famílias”
Pois. Baboseira maior seria difícil.

Roberto Carneiro supõe que os pais das crianças serão incompetentes para tratarem o assunto e que quem estará em melhores condições para "passar a mensagem" serão os rebentos. Sendo assim, a mensagem deveria brotar da prole de Roberto Carneiro, não dele próprio.

Roberto Carneiro assina, portanto, um atestado de incompetência próprio e, implicitamente, ao estilo Mao Tse-Tung, a todas as famílias portuguesas: imbuir os rebentos em meia dúzia de palermices e botar os ditos, já como iluminados, a ensinar os palermas dos papás*.

É uma ideia luminosa, assim como 'fechar a gaveta à chave e meter a chave lá dentro' e é desta lógica imbecil que o nosso ensino está pejado.

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* Os tais que é suposto, nas escolas, classificarem os professores. Resumindo: o iluminado rebento ensina o pacóvio do papá que, por sua vez, classifica o atrasado mental do professor, que ensina o iluminado rebento que ensina o pacóvio do papá que classifica o atrasado mental do professor, que ensina o iluminado...

... não é giro?

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29/07/2007

As radiações do PCP.


Francisco Lopes

[Actualizado]

A silly season no parlamento.

O PCP, pela voz do seu deputado Francisco Lopes, na TSF, acusa a Siderurgia do Seixal de ter radiação espalhada pelas instalações.

Das duas uma: ou o PCP tentou extorquir uns cobres à Siderurgia, ou ao LNEC. A coisa deve ter falhado e a revange não se terá feito esperar. Tiques estalinistas e coisas que só a democracia permite.

Contra a vontade do PCP, com Zita Seabra viva, também os responsáveis pela Siderurgia e pelo LNEC assim se manterão. ... por muitos anos, espero.

A coisa é tão estúpida que o iluminado deputado nem se lembrou que o aço produzido, pretensamente empestado em radiação, acabaria por afectar toda a população portuguesa e, como tal deveria, nesse sentido, ter reagido.

...

Lembro-me de Cunhal, chegado da URSS, desmentindo que algo de problemático tivesse tido lugar em Chernobyl.

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Vulcão sexual luso na intempérie da reestruturação soviética



De ler este post de José Milhazes.
O livro “Etna no vendaval da perestroika”, escrito por Miguel Urbano Rodrigues e Ana Catarina Almeida, despertou em mim uma grande curiosidade por duas razões.

A primeira tem a ver com a dedicatória: “aos portugueses que estudaram na União Soviética e permanecem comunistas” e a segunda prende-se com a afirmação em uma das capas: “é o primeiro romance português que tem por tema central o sismo político e social que destruiu a União Soviética”.

Quanto à dedicatória, fico de fora, porque estando entre os bolseiros que estudaram na URSS, não obedeço ao segundo critério. Porém, no que respeita à segunda razão, eu estive lá na mesma altura e, por conseguinte, posso falar com conhecimento de causa.

A descrição da chegada de um novato à URSS e das aventuras ligadas aos primeiros trâmites coincide com o que aconteceu com a maioria dos bolseiros quando chegaram ao “país dos Sovietes”.

Porém, a continuação do enredo provocou em mim enorme perplexidade. O grande número de orgasmos bem conseguidos por Etna, intervalados com citações de discursos e declarações de Mikhail Gorbatchov e de outros dirigentes soviéticos, trouxeram-me à memória as primeiras linhas do brilhante romance “As doze cadeiras”, dos escritos soviéticos Ilf e Petrov.

Peço desculpa por algum desvio, mas vou citar de memória: “Na cidade N. havia tantas barbearias e agências funerárias que se ficava com a impressão de que os habitantes dessa cidade apenas nasciam para cortar o cabelo e morrer”. Até parece que os bolseiros portugueses foram para a URSS aprender a atingir orgasmos supremos e, nos intervalos, liam os discursos dos dirigentes soviéticos.

Talvez para prestar tributo ao internacionalismo proletário, um dos fundamentos básicos do marxismo-leninismo, a heroína fez amor pela primeira vez com o português Francisco, mas depois atraiu e foi atraída por homens de outras raças e civilizações.

Mas é estranho que uma jovem revolucionária sexualmente tão activa, a ponto de fazer inveja a uma das maiores defensoras do amor livre: Alexandra Kolantai, não tenha feito amor com um representante sequer dos mais de cem povos e etnias que povoavam a URSS (cito a propaganda soviética).

Em geral, os soviéticos são seres raros neste livro que pretende retratar um dos períodos mais agitados da História da URSS. Uma colega de quarto ucraniana, a senhora anafada do Palácio dos Casamentos, o presidente do Kolkhose (unidade agrícola soviética) e o professor de História. Não me devo ter esquecido de muitos mais.

As aventuras “kama-sutristas” do vulcão sexual luso, fundamentalmente com homens de países oprimidos, trouxeram-me à memória uma reunião de militantes comunistas portugueses em Moscovo, no início de 1978. Joaquim Pires Jorge, nosso controleiro e representante do PCP junto do irmão mais velho, decidiu colocar na ordem de trabalhos a discussão dos namoros e casamentos de estudantes portugueses com estrangeiros, alertando para o perigo de se estar a assistir “a uma perda de quadros para a futura revolução portuguesa”. Se Etna tivesse participado nessa reunião, não se teria saído bem ...

A ausência de nativos soviéticos nesta obra e a presença maioritária de personagens estrangeiras levou-me a pensar que isso tenha levado à indevida interpretação da correlação dos factores dirigente-massas no período da perestroika soviética (1985-1991).

Etna tenta-nos convencer que Mikhail Gorbatchov conseguiu realizar, quase sozinho, aquilo a que se opunham a maioria dos dirigentes comunistas soviéticos e do povo, ou seja, a destruição da União Soviética. Um estudante que cursou História numa universidade soviética, que queimou muitas pestanas a decorar a História do PCUS, o Materialismo Histórico e Dialéctico, o Ateísmo e Comunismo Científico, apresenta-nos o decorrer dos acontecimentos, grosso modo, como uma operação planeada e realizada por Gorbatchov (claro que a CIA deveria estar algures) contra a vontade de “verdadeiros comunistas” como Vorotnikov, Ligatchov e Krutchkov e com a “passividade das massas”.

Tal como um “encantador de serpentes”, Gorbatchov conduz um bando de carneiros de tal maneira dóceis e ingénuos, que quase não reagem mesmo quando sabem que estão a ser conduzidos para o “matadouro”.

A Etna, talvez ocupada com outras coisas importantes, não viu as grandes manifestações de rua que se realizaram nos anos da perestroika, não participou, nem acompanhou as acesas discussões sobre o futuro da URSS, nem, embora historiadora, se interessou pelos numerosos documentos que foram então revelados.

Os organizadores do golpe de 19 de Agosto de 1991, reunidos no Comité para o Estado de Emergência, pensaram da mesma forma e esperavam que a sua conjura se iria cingir a um golpe palaciano, tal como fora derrubado Nikita Khritchov em 1964. Enganaram-se. As massas saíram para as ruas de Moscovo e de outras cidades soviéticas, pondo os dirigentes da conjura a tremer de medo ou talvez os tremores se devessem à ingestão excessiva de álcool. Basta recordar aquela famosa conferência de imprensa dos cinco "salvadores" da URSS que lhe deram o golpe de misericórdia.

Eu acompanhei os acontecimentos e posso testemunhar que nem todos os que vieram defender a sua liberdade nas ruas da capital russa eram agentes da CIA. Longe disso... Claro que se pode discutir se se concretizaram as expectativas desses milhares e milhares de pessoas, mas, nessa altura, acreditaram na sua força.

Mas este livro poderá ter um mérito, se provocar a publicação de outras memórias, de outros romances sobre a passagem pela URSS. Eu não me arrisco a isso, porque – e escrevo isto sem a mínima ironia – falta-me as veias poética, romântica e trágica para conseguir ilustrar tão grande saga.

Quanto aos autores, entendo que Ana Catarina Furtado tenha escrito este livro, pois viveu em Kiev, mas Miguel Urbano Rodrigues, ao que sei, não foi bolseiro na antiga União Soviética. Mas, enfim, cada um escreve o que quer e ao leitor cabe tirar conclusões.
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Sem muros

Miguel Portas tem um blog.

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Sensores

Convém passar por aqui de vez em quando.




Estação de detecção de temperatura de "alta qualidade".


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Urticária




Sou atacado de urticária de cada vez que se "fica a saber" que um determinado "fenómeno" climático, atribuído ao "aquecimento global" foi o mais significativo nos últimos 50 anos.

Das duas uma: ou isto é escrito por idiotas imberbes que suporão ter o mundo começado na véspera do dia em que nasceram ou por "ideólogos" desempregados.

50 anos em história natural equivale a dizer que foi ontem. 100 anos, a dizer que foi na véspera.

Em Inglaterra já não chovia assim há 60 anos. So what?

Quem os manda construir em leito de cheia? O leito de cheia terá sido foi inventado pelo "aquecimento global"?

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27/07/2007

O batom

Recebido por e-mail:

Numa escola estava a ocorrer uma situação inusitada:
Uma turma de meninas de 12 anos usava batom todos os dias e removia o excesso beijando o espelho da casa de banho.

O director andava bastante aborrecido, porque a senhora da limpeza tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia.

Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom.

Chegou a chamar a atenção delas por quase 2 meses, e nada mudou, todos os dias acontecia a mesma coisa....

Um dia o director juntou as meninas e a senhora da limpeza na casa de banho, explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam.

Depois de uma hora falando, e elas com cara de gozo, o director pediu à senhora "para demonstrar a dificuldade do trabalho".

A senhora da limpeza imediatamente pegou um pano, molhou na sanita e passou no espelho.

Nunca mais apareceram marcas no espelho!!!!

"Há professores e há educadores". Eheheheheh
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17/07/2007

"Aquecimento"



Olhem donde vem o "aquecimento" global.

(Via Blasfémias).

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15/07/2007

Comutação aleatória



Há tempos casquei a tacha de Marie-Ségolène Royal.

A coisa está a tornar-se epidémica. Agora também Sócrates faz o mesmo, embora intermitentemente.

Sócrates declara qualquer coisa com cara sisuda, e, de repente, zzzzás, 'liga' o sorriso nº 23 (o mesmo da Ségolène) arreganhando a tacha.

O momento escolhido para a famigerada comutação parece ser aleatório: liga-se e desliga-se, sabe-se lá porquê.

Será que, a dormir, faz o mesmo? Que susto as melgas devem apanhar!

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Igualdade

Comentário a um comentário a este artigo.

Rouxinol:
"É impossível vencer as desigualdades de oportunidades, mas é possível minimizá-las de forma a que todos partam de uma linha de partida relativamente semelhante, para que seja possível determinar com alguma precisão qual o melhor atleta."

Pois é possível e isso deve ter lugar.

Mas não é isso que está a acontecer.

O que está a ter lugar é, entre outros disparates de equivalente calibre, a transformação de igualdade de oportunidades em igualdade ou, melhor, em igualitarismo.

Perante o aparecimento de um melhor atleta o 'sistema' supõe que se tratará de uma imperfeição do próprio sistema e achincalha o atleta, desvalorizando o que ele conseguiu e apagando as sucessivas metas cuja qualidade, entretanto, tem sistematicamente baixado.

O achincalhamento produz a dinamização do ensino privado coisa que os "defensores" do ensino público não gostam porque lhes deixa de fora a careca.

Alunos de qualidades indistintas passam ao privado e, entre eles, os melhores cortam a (famigerada) meta em primeiro lugar.

Potenciais bons alunos que, entretanto, no ensino público soçobram à bandalheira, perdem-se.

Eis como uma paranóia igualitária cria um status quo em que só aprende quem tem dinheiro.

... há quem diga que os "defensores" do público (em regime de defesa paranóica) pretendem apenas manter uma vasta classe de idiotas para à custa dela viverem.

... isto traz-me à memória a sociedade triunfo-dos-porcos.

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14/07/2007

... outra vez Bush.




Ai os malllllandros!

(Via O Insurgente)

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A culpa é de Bush



Alguém sabe o que se passa na América do Sul?

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Esturro



Isto cheira-me a esturro.
[...]

Um dia, o Conselho Executivo é surpreendido pela chegada, sem aviso prévio, de um grupo de inspectoras. Estas, porém, tranquilizam desde logo toda a gente: trata-se de uma visita integrada na formação de inspectores estagiários e nada mais, pelo que não haverá qualquer avaliação oficial seja do que ou de quem seja. Nada de anormal tendo sido detectado ao nível administrativo ou da documentação pedagógica, solicitam, de seguida, permissão para assistirem a uma aula de um docente, a designar pelos próprios órgãos directivos da escola, os quais indicam, compreensivelmente, um professor de comprovada competência científica e sucesso pedagógico.

Este inicia a aula como de costume e tudo decorre normalmente. A certa altura, porém, começa a ouvir-se um zunzum estranho, que vai aumentando a pouco e pouco, levando-o a suspender por momentos a leccionação e a comentar: “Vocês hoje estão muito irrequietos…!” Para seu espanto, é o orientador de estágio dos inspectores a pedir desculpa, lá do fundo da sala, pelo facto de estarem a conversar e, assim, a perturbar o bom funcionamento da aula.

Contudo, o mais absurdo há-de vir depois, quando a escola toma conhecimento do relatório feito pelo grupo de estágio. Nele se pode ler, em apreciação à referida aula, que esta não decorrera bem… por o professor ser demasiado directivo! Conhecedor da situação, o Conselho Executivo protesta, mas o relatório nunca virá a ser alterado.

[...]
E ainda, Dos Pobrezinhos.

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12/07/2007

Dos Cro Magnon

Conviria dar uma vista de olhos na discussão que vai tendo lugar neste post.

Para os distraídos, o programa está aqui.

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Nota: Se o Firefox abrir um ficheiro em vez de um 'player', instale esta extensão.

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Horticultura

Tomates.

Via 31 da Armada.
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07/07/2007

A Europa sou eu



Fernando Nobre, da AMI, declarou à Rádio Europa-Lisboa que o novo mini-tradado da Comunidade Europeia falhará porque “não vai levar, [...] à Europa que eu idealizei para mim”.

Por muito palerma que o mini tratado possa ser, poderá Fernando Nobre explicar porque carga de água haveria o documento de ter alguma relação ao que ele idealiza para ele próprio?

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06/07/2007

Do Plano Tecnológico





Muito embora tenha um par de ferroadas para verter, estou com pouco tempo para dedicar ao blog. De qualquer forma não poderia deixar passar em branco as fliscornias acima.

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02/07/2007

Novas oportunidades?

Acerca do programa Novas Oportunidades, escreve um leitor do Abrupto:
Tenho pouco conhecimento da fora como está a funcionar este programa, mas a observação sociológica do leitor José Carlos Santos, apesar de não (me) surpreender, devia ser motivo de reflexão. Aqui está outro exemplo do mesmo tipo: como deve saber, os exames ad-hoc para entrada no Ensino Superior foram extintos, pois (e estes foram os únicos motivos que ouvi serem frequentemente apontados) "reprovavam muita gente" e "aumentavam o insucesso e o desânimo" (posteriormente, ouvi insinuações de fraude, mas nenhuma prova); na minha experiência (e possivelmente também na sua), os alunos que tive e que entraram via exame ad-hoc foram , no geral, bons; na maior parte dos casos, destacaram-se da média dos outros que entraram pela via regular. Nada disto é surpreendente: quem tem a inteligência e auto-disciplina para se preparar sózinho para um exame, terá boas possibilidades de sucesso depois de entrar; e isto é ainda mais verdade em sítios (a utilização deste termo é intencional) onde o aluno médio é mediocre, se não mesmo mau (como acontece onde trabalho).

Agora, no lugar do exame ad-hoc, temos os +23, uma alteração com implicações na qualidade do nosso Ensino Superior que nunca foram cabalmente analisadas. Os únicos motivos apresentados foram economicistas e de feitura de estatísticas: se não entrassem mais, metade do ensino superior em Portugal, em especial o Politécnico, fechava e, além disso, assim temos mais gente "qualificada", um adjectivo que, cada dia que passa, se afasta mais do "competente".

Um resultado imediato desta alteração, foi a admissão de muitos candidatos que não têm qualquer preparação para fazer um curso superior e, se juntarmos a isto as pressões que os docentes que estão em situação precária sofrem para aprovar o maior número possível, o resultado inevitável é um abaixamento de nível sem precedentes.

Mas, voltando à observação, uma coisa é verdade: é, em geral, nos mais velhos que ainda existe alguma vontade de aprender e trabalhar, em vez de tentar explorar as vulnerabilidades dos docentes na expectativa de os intimidar. São também eles que dão os exemplos de boa educação e civilidade. O ambiente em algumas turmas nocturnas ainda recorda as aulas clássicas, o que já não acontece com os mais novos.

Talvez a nossa sobrevivência futura dependesse de uma reflexão e de acções resultantes, sobre o nosso rumo, mas não me parece que as nossas élites, políticas e outras, estejam à altura.

(João C. Soares)
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01/07/2007

Xanana - Alkatiri

De acordo com dicas circulantes, a ‘guerra’ entre Xanana e Alcatiri, no que respeita ao futuro, andará à volta do uso (Xanana) ou não (Alkatiri), das receitas do petróleo para alimentar o consumo interno.

É provável que a coisa não seja assim tão simples e eu, concedo, pouco sei sobre o assunto. Mas há aqui um padrão que não é novo e não é estranho.

Dando de barato que a coisa é como a descrevo, estaremos perante gás inflamável.

Não percebo como pensa Alkatiri evitar que o cacau acabe sendo drenado para a sociedade, e não percebo se Xanana está ciente do risco que Timor corre caso aconteça o que Alcatiri quer evitar.

Para Alkatiri levar a água ao seu moinho (e caso vença as eleições) será necessário recorrer a uma autoridade que raiará a ditadura. Terá que se apoiar nas forças de segurança e, para o conseguir, terá que os ‘comprar’.

Para Xanana levar a água ao seu moinho (caso vença as eleições) será necessário certificar-se que o cacau drenado seja consumido de forma a evitar por em causa a iniciativa interna e a não permitir a manutenção de esquemas tribais de distribuição de cacau. Mal o dinheiro comece a escorrer, a pressão para aumentar o caudal será imensa, só aplacável por meio de uma autoridade que raiará a ditadura.

Em qualquer caso, o exercício de poder andará sempre pelo equilíbrio ao fio da navalha. Ambos terão, provavelmente, que entreabrir a torneira para atenuar pressões internas. Alkatiri terá que explicar bem porque quer manter o taco no banco – suspeitas não faltarão. Xanana terá que explicar bem porque só quererá gastar dinheiro nalgumas coisas e noutras não (partindo do princípio que as decisões serão potencialmente acertadas) – suspeitas não faltarão.

... a ver vamos.

Esperemos que a maldição dos recursos naturais não se abata sobre Timor.

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Dos nomes


Se olhar atentamente a imagem, acabará, provavelmente, por ver uma girafa.

Escreve Pacheco Pereira no Abrupto:
Mães, antes de chamarem às vossas filhas Sónias, Vanessas, Vandas(1), Sandras e coisas do género,
Por mim acho o máximo quando me aparece um mânfio chamado de Sandro.

Eu vou mesmo mais longe que Pacheco Pereira: defendo que as pessoas passem a ter nomes neutros, seguidos do apelido. Por exemplo: 3426 845 da Silva Benevides.

Há lá coisa mais linda que uma mânfia chamar-se 6969 Castro Abrúncio. Se for do signo peixes tudo estará explicado. Se não for, poder-se-á argumentar que terá o dito nome por ter sido desejo dos pais que nascesse por aquele signo.

As vantagens seriam óbvias. Deixaria de haver uma ligação entre o nome e o sexo. Já se poderia ser gay, de qualquer tipo ou subtipo, ou até em combinações de sexo tipo e subtipo, sem que houvesse qualquer colisão de formalidades.

Por mim optaria por um número primo qualquer, sabendo-se (vou falar baixinho) que sou pelos harens.

...

(1) Eu conheci uma Wanda, que era podre de boa.

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Assim com não quero a coisa, lembro um livro de Isaac Asimov chamado ... [já volto, vou tentar descobrir qual - suponho ser um conto de um dos seus '9 amanhãs'].

...

[Já voltei]

Se não estou em erro, trata-se mesmo de um conto quer terá por nome "Spell My Name with an S" ("Escreva o meu nome com um S").

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Adenda:
Que tal se o nosso bem amado Primeiro Ministro se chamasse de Zócrates? Enfatizaria a empatia com Zapatero e com Zorro (que me perdoe Zenha).

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