Os exames nacionais fazem parte dos disparate em que o Ministério da “Educação” trás o país mergulhado desde há bastante tempo.
Antes de 25 de Abril, havia exames para toda a gente, e exames decisivos. Nuns casos obrigatórios, noutros podia ser-se dispensado desde que as médias fossem, por exemplo, superiores a 15.
Naquela altura não havia classificação de 1 a 5 (matematicamente aberrante), ainda por cima porque não é suposto dar-se 1, apenas 2 ou mais.
Até para entrar para o liceu ou escolas técnicas eram exigidos exames. Já agora, as escolas técnicas eram aquilo a que agora, pomposamente, se chama de ensino profissionalizante.
Havia, naturalmente, queixas de que os exames seriam demasiado decisivos, mas foi assim durante muitos anos.
A matéria então leccionada era sempre a mesma, os livros duravam anos, por vezes mais que uma geração. Não havia, como não há, qualquer justificação de peso para mudar livros que ensinavam o básico do básico do básico.
A matéria era sempre a mesma, os exames mantinham, grosso modo, o mesmo coeficiente de dificuldade.
Evidentemente que a esparsos anos, um ou outro livro mudava, mais em ciências que em letras, reflectindo os avanços da ciência.
O panorama global era o descrito acima, havendo, pontualmente, excepções. Em política nada mudava, como em democracia pouca razão há para mudar.
Algures nos anos 70 as coisas complicaram-se. Acabaram-se os exames e começaram a dar-se as primeiras machadadas na sala de aula.
Não refiro aqui o período colado ao 25 de Abril porque, por razões óbvias, a confusão era absoluta. De qualquer forma, já naquela altura os demagogos de serviço gostavam de rescrever a história. Naquela altura. à volta de “amanhãs cantantes”, hoje, à volta de “politicamente correctos” desígnios.
Como não podia deixar de ser, as racha na sala de aula começaram a dar os seus frutos: ia-se aprendendo cada vez menos. Começou aí o abaixamento da fasquia que ainda não parou.
Poucos anos depois, as luminárias do Ministério da “Educação” perceberam que, entre outras coisas, os alunos tinham perdido toda e qualquer capacidade (basicamente psicológica) em abordar momentos determinantes – o caso de um exame.
Exames são coisas em que que, de vez em quando, na vida real, tropeçamos. Bons ou maus, são a única forma de aferição de saber em determinadas circunstâncias. Sendo a única forma, é irrelevante qualificar se serão bons ou maus. Há, consequentemente, que estar-se treinado a dar conta deles.
Em muitas empresas o exame é a única forma de conseguir o passo inicial, outros se seguirão. Discutir qual o mais determinante é irrelevante porque uma falha em qualquer deles representa o desemprego. Muitos chegam a trabalhar 6 meses e depois são corridos.
O caso daqueles que acabam no desemprego para evitar que passem aos quadros permanentes das empresas é outra história, aliás, consequência de uma legislação classista que pretende manter alguns privilegiados (tendencialmente incompetentes) no “emprego para a vida” à custa da vida de todos os outros.
Entretanto os exames voltaram às escolas e espera-se que voltem ainda mais.
Hoje um exame vale uma parte significativa da média final.
Suponho que a vantagem na existência de exames é, neste momento, marginal.
Aprende-se cada vez menos e os enunciados dos exames reflectem isso. Parecem apenas servir como certificado do pouco que se aprendeu, apenas certificar a uniformização, por baixo, a um nível de ensino de muito pouca exigência. Lembremo-nos dos exames de português, no 12º, por ‘cruzinha’ (eventualmente admissível na 4ª ano).
De facto os exames contribuem para familiarizar os alunos com a existência de exames ... mas é muito curto.
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