21/05/2007

A possível saída do lamaçal

Actualização (a vermelho).

baldassare said...
"Já agora: desafio-o a fazer um comment no seu blog sobre a Escola ideal para si. "
Aqui vai:

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O Baldassare quer levar-me a um exercício de planeta de gambosinos? Ao estado a que chegámos, uma escola ideal é um miragem e eu gosto de contar com a realidade.

Mesmo uma escola pouco ideal é uma miragem.

Apesar destes dois parágrafos, Baldassare conclui:
Modelo da Educação segundo Range-o-Dente: Dá-se disciplina. Se o aluno for bem disciplinado e aprende bem, sobe-se a fasquia, pedindo ainda mais disciplina. Se o aluno não corresponder, "salta".
Perante a lata que Baldassare teve, salvo erro pela 6ª vez, de colocar na minha boca coisas que eu nunca disse, suponho não valer a pena continuar a dialogar com semelhante cromo.

O cromo encasquilhou meia dúzia de verborraicos slogans e daí não passa. Para ele, um sabonete e um autocarro são a mesma coisa e garante que é capaz de se ensaboar com o autocarro. A cada arroto, debita um peido para compensar. Ainda por cima, não contente por declarar que tenho um modelo, classifica-o de "educativo", conhecendo a minha posição em relação às capacidades educativas do lamaçal escolar em que estamos mergulhados.

Suponho que não perderei muito mais tempo com o gambosino. Já devia aliás ter percebido que explicar qualquer coisa a este artista é como explicar física nuclear a um frango assado.

Mas dou-lhe a primeira meta: a disciplina, sem a qual nem aulas se consegue dar.

Será pouco frutífera uma guerra destas para os que já vão do 5º para cima, mas bem poderia ser a primeira coisa por que lutar na primária (quanto mais tarde pior).

Vou mais ao pormenor. Aqui não há idealismos: o único caminho trilha-se pela subida de fasquias e a primeira fasquia será a da disciplina. Subindo ligeiramente a fasquia ‘saltariam’ alunos que seriam, numa primeira fase, entregues aos papás, com uma única hipótese de benefício de dúvida. À reincidência e percebendo-se que os papás não estariam à altura, seriam entregues a instituições mais duras. Esta manobra não daria aos alunos instituições ideais, mas dar-lhes-ia as possíveis. Não esqueça que eu não vivo no planeta dos gambosinos nem no mundo do ideal. Apenas no do possível.

Para que isto funcionasse, seria provavelmente necessário fazer coisas desagradáveis, como gravar os comportamentos dos alunos na sala de aula, coisa com que não concordo mas à qual a sociedade parece ser sensível. Aliás, a continuar assim, será coisa que a população pedirá, como já aconteceu em muitos outros casos – transportes, por exemplo. Basta que comecem a morrer alunos à navalhada. Digo que seria necessário porque a comunicação social que cultivamos, ávida de sangue, só reage a imagens – caso contrário encenará as mais diversas teorias de conspiração contra as medidas de forma a fazerem render o peixe do ‘desgraçadinho’.

Para que estas coisas dessem resultado seria necessário ter uma boa ideia daquilo que as tais instituições mais duras (de internamento, etc) aguentariam como fluxo de alunos, ou cair-se-ia na sabotagem da coisa simplesmente afogando-as em alunos para que a medida rebentasse ... o tal problema da realidade. O 'sistema' tem muitos truques para se manter incontrolável: tão depressa nega a realidade como a força em proveito próprio - em ambos os casos sempre em proveito próprio.

Chegados aqui penso que os sinais dados seriam suficiente para obter uma acalmia das coisas o que facilitaria uma nova subida de fasquia, etc, etc. Nessa nova fasquia 'saltariam' ainda (também) alunos com muito más notas.

Com uma subida regular de fasquia em relação ao comportamento e ao aproveitamento as coisas melhorariam gradualmente.

... e não há que haver tibiesas: só exercendo autoridade e poder se consegue o que quer que seja (neste mundo, no outro, que o Baldassare já sabe qual é, talvez não).

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Mas eu estou convencido que as coisas vão ainda piorar bastante antes de serem pedidas, abertamente, medidas draconianas (muito embora cenas como navalhadas possam precipitar os acontecimentos).

Quando o país voltar a cair numa recessão (dando de barato que estamos a sair desta) e se tornar claro que só conseguimos competir com países claramente do terceiro mundo (para o caso de, também a Europa, se fartar de nos aturar), não faltará quem peça coisas bem mais desagradáveis. Até o castigo corporal (e a pena de morte) será exigido, na praça pública, por multidões ululantes.

E, já agora, falta aqui uma segunda guerra. Uma boa parte dos professores já estão também anquilosados pelo eduquês reinante. Mais uma bota para descalçar.

... e uma terceira guerra: a dos conteúdos propagandísticos, niilistas, disparatados, inconsistentes, absurdos, contraditórios, inúteis, etc. Reintroduzir métodos de repetição, que calculo sejam odiados pelo Baldassare, mas com provas dadas em todo o lado. Fazer 10 exercícios à volta de um problema não é um atentado à criatividade mas uma ajuda à criação de ligações neuronais facilitantes da utilização de funções mentais.

Só se chegam aos ideais (dando de barato que são atingíveis) passo a passo, perante a realidade.

Estamos entalados entre duas realidades: somos globalmente incompetentes e o mundo não se compadece da nossa incompetência.

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