31/03/2005
Os sangrentos
O príncipe Carlos de Inglaterra, é de carne e osso como todos nós.
Ele, como nós, tem o direito de estar em casa, apanhar chuva, apanhar sol, caminhar pelo campo ou pela cidade, divertir-se na neve ou onde muito bem entenda.
Ele, como nós, tem direito a dar-se com quem muito bem entenda e tem também o direito a dizer “não me chateiem”.
Ser uma figura pública não o transforma numa figura pública a tempo inteiro.
Ser uma figura pública não o obriga a comportar-se como toupeira para ter vida privada.
…
O que acabei de expor parece ser muito difícil de perceber aos meios de comunicação social e respectivos jornalistas, incapazes de compreender que, estando o homem, em determinado momento, a dar a cara contra a sua própria vontade, está a ser privado da sua liberdade, ou a ser pressionado a passar aos túneis para a poder gozar(?).
Há, aliás, no meio jornalístico, uma “corrente de opinião” que defende qualquer jornalista está inerentemente empossados de um tal “direito à perseguição”. Para quem se lembra do tempo da outra senhora, algo parecido com aquilo a que a PIDE se arrogava e exercitava (a PIDE matava, os jornalistas ainda não – mas provocam mortes).
Enfim, em boa verdade se pode dizer que talvez não seja humano exigir a jornalistas o supremo esforço de perceber que quando alguém diz “deixem-me em paz”, quer dizer, que essa pessoa, quer ser deixada em paz.
Como carraças, determinadas pessoas acham que têm o direito de se instalarem nas costas de outras pelo simples facto de as segundas terem tido o desplante de sair à rua e gozarem a sombra da árvore em que as primeiras se instalaram.
Nem quando uns dizem "gente malvada" … "detesto fazer isto", os outrs são capazes de perceber que estão a exercer violência. E continuam sem perceber que, o facto de "desmascararem" o que escapou, entredentes, da alma da toupeira, exibindo na TV a respectiva lamúria, estão a elevar essa violência à milésima potência.
… há gente (?) que não há maneira de perceber o que é liberdade.
30/03/2005
Se eu pudesse fazer o tempo voltar para trás ...
Hugo Chavez nacionalizará propriedades rurais e redistribui-las-à como fez Mugabe. A queixa do homem a quem a BBC apelida de "guerreiro da liberdade" é a de que 1% da população detém 60% da terra arável.
90% da população é urbana - acrescentando-se que, na melhor hipótese, não mais do que 50% da restante população está envolvida na agricultura. Portanto, pouco mais de 2% da população terá reposto o seu bem estar para benefício dos restantes 3%, juntamente com quem quer que seja que Hugo consiga despachar para o campo na persecução da sua revolução cultural.
Porquê abagunçar tudo? Porque não simplesmente fazer o povo passar fome em vez de tornar os pobres ainda mais pobres, fazendo com que tenham que pagar mais pela comida?
If I could turn back time...
posted by Joe N. @ 6:21 PM
Hugo Chavez will be nationalizing farms and redistribute the land à la Mugabe. The complaint of the man the BBC refers to as a "warrior for freedom" is that 1% of the population owns 60% of the agracultural land. 90% of the population is urban - it goes to follow that, at best, no more than half the remaining population is involved with agriculture. So the 2+% percent of people will have their wealth reposessed for the benefit of the other 3, along with anyone else Hugo can cart off to the countryside in his cultural revolution.
Why muss around? Why not just starve people instead of making the poor even poorer by making their food cost them more?
Voyeurismo Papal
Isto não se está a tornar num caso de puro voyeurismo ao sofrimento humano?
Onde é que isto vai parar?
Suicidas involuntários?
Notas:
1 - O termo “fascistas islamitas”, mais propriamente “islamitas” parece-me excessivo. Muito embora os próprios se reclamem dessa qualidade (islâmitas), duvido que os restantes seguidores do islão os aceitem como tal. No entanto, tentando traduzir tão fielmente quanto possível o documento original (transcrito posteriormente), mantive o termo.
2 - VBIED (Vehicle-Borne Improvised Explosive Device) - Dispositivo Explosivo Improvisado Instalado num Veiculo
O sujo segredinho dos fascistas islamitas é o de que muitos destes carros-bomba não são, como afirmam na sua propaganda de recrutamento, um sacrifício suicida. Demasiado frequentemente, os condutores desses veículos não estão conscientes de que estão a fazer algo mais do que a contrabandear mercadoria através de um posto de controlo ou a colocar um carro bomba para posterior detonação. Aqueles assassinos guiam frequentemente a pouca distância do VBIED levando consigo um dispositivo de detonação por controlo remoto. A bomba é detonada logo que o veiculo chegue suficientemente próximo do alvo, ou, como em muitos casos, num posto de controlo, logo que o dispositivo esteja prestes a ser descoberto e a missão comprometida. O posto de controlo torna-se então um alvo de oportunidade não interessando quantos inocentes lá estejam. Chamamos a isto um Kervorkian, ou um acto de bombardear suicida assistido.
The dirty little secret of the Islamo-fascists is that many of these car bombs are not the suicide sacrifice that they tell of in their recruiting propaganda. All too frequently, the driver of many of these vehicles is unaware that he is doing anything more than smuggling supplies through a checkpoint or planting a car bomb for later detonation. These murderers are often driving not far behind the VBIED with a remote control detonation device. The bomb is detonated as soon as the vehicle gets close enough to the target, or, as in many cases, the device is about to be discovered and the mission compromised at a checkpoint. The checkpoint becomes a target of opportunity, no matter how many innocents are there. We refer to this as a Kervorkian, or an assisted suicide bombing.
29/03/2005
Mais um passo mercantilista
Nos programas de informação das TVs voltou a acontecer o habitual. Um abandalhamento geral do conteúdo das emissões.
Os profissionais do quadro impõem a sua autoridade e vão de férias deixando os escravos, estagiários, a tomar conta.
É a altura ideal para que os jovens demonstrem que “estão com o projecto”. Atropelando todos os princípios deontológicos para “provar” que conseguem as mesmas audiências ficam mais ao alcance das boas graças do grupo de comunicação onde se encontram e onde desejam alcançar um vínculo laboral mais firme.
Passadas as mini-férias, os veteranos regressarão e perceberão que a arraia abateu mais umas barreiras. Mas basta aproveitar a brecha, fazendo como eles, para manter as distâncias.
Especulação analítica
A última fase inclui a dramatização da coisa.
O ruído já raramente é natural. Chegámos ao ponto em que até os peixes fazem “blops” cada vez que abrem a boca, como se, naquelas circunstâncias o ruído existisse.
As imagens são frequentemente conseguidas em estúdio (especialmente para as espécies mais pequenas) sem que isso seja mantido claro.
Pode ser razoável a artificialização do processo, mas deve haver honestidade. De outra forma a fronteira entre o documento e a invenção esbate-se de tal forma que se pode passar a chamar o que se quiser ao que se quiser.
Hoje, 27 de Março, a SIC exibiu um programa sobre vida natural, a que chama, como é da praxe, documentário. Suponho, aliás, que esse termo já lhe é atribuído pela BBC, produtora original do programa.
A determinada altura (parece-me que numa anterior circunstancia já o tinha feito, mas eu não estava muito atento), um babuíno está a preparar-se para deitar a luva a um flamingo, a imagem é parada e é dita a seguinte frase: “Vamos analisar o que poderá ter acontecido para se chegar a esta situação”.
Esta frase é, aliás, muito usada nos nossos meios de comunicação social em programas (supostamente) de informação. De cada vez que algo acontece em que nada se sabe sobre o que tivesse na origem de determinado desfecho, para manter as audiências especula-se a torto e a direito.
Voltando à bicharada, não parece razoável que “se analise o que possa ter acontecido”. Podem analisar-se cenários. Hipóteses. Mas deve ser claro, em cada caso, que se está no campo da mera hipótese.
Pode dizer-se “vamos analisar o que aconteceu” ou “vamos tentar descobrir o que pode ter acontecido”. Declarar-se que se vai analisar o desconhecido parece-me, pura e simplesmente, desonesto.
Não sei se a “bucha” foi impingida na tradução da locução original para português ou se já existia no original. A ser o primeiro caso, não abona a favor da SIC. A ser o segundo, não abona a favor de ambas. Da BBC porque tem responsabilidades, até históricas, na produção de informação isenta (será que se mantém?), da SIC por estar pouco atenta ao que emite.
Febre de Marburg: a invenção da RTP
Hoje, 29 de Março, as autoridades competentes vêm anunciar que, após as análises apropriadas, nenhum dos casos suspeitos se revelou consequência do vírus.
Pode, com legitimidade, concluir-se que, das duas uma:
1 – A RTP tem outras fontes que garantem que o viris está, de facto, no nossos território.
2 – A RTP inventou e mentiu.
No primeiro caso pode suspeitar-se que, tendo outras fontes, a RTP está apostada em que o vírus se dissemine e, não revelando as bases que sustentaram a sua afirmação, está a contribuir que a praga se propague. A lógica que leva a esta hipótese é, aliás, a lógica a que se agarram os órgãos de comunicação social quando suspeitam que alguma informação não lhes está a ser facultada.
No segundo caso, que nem a tranquilidade dos portugueses é respeitada quando se trata de gerar stress, espalhar a confusão, enfim, aumentar as audiências.
Garrafas 5 e 6
O cômputo de audiências entre "o desgraçadinho da seca" e "precisamos de chuva para poder facturar culturas queimadas" pende, positivamente, para o primeiro. Portanto, é por aí que a comunicação social vai - na busca do po$$$$itivo".O Miguel respondeu com esta outra garrafa.
E eu, volto à carga:
Tá bem, mas esse "amor" dos media pela classe política não é altruísta. Esse "amor" é mantido porque eles não a podem (ainda) contornar.
O paradigma do grupo media emergente da uma total deglutição dos restantes grupos, seria passar a chamar-se Diário da República. E porquê? Para arrecadar mais carcanhois sem ter que despender energias: com o governo numa primeira fase, com o estado numa segunda.
Já nessa fase (lagarto-lagarto) continuar-se-ia a fazer de conta que o país continuaria a existir.
Tudo caminha no sentido de criar uma nova era colonialista acionistas-trabalhadores, onde as bolsas seriam então demasiado restritivas. Os pequenos accionistas são, por enquanto, um mal necessário (como os governos).
Neste filme, a tropa de choque são os jornalistas.
26/03/2005
A espiral e o prego.
"Aprender pouco interessa, o que interessa é aprender a aprender".
É espantoso como um disparate desta dimensão consegue fazer carreira: o Ministério da Educação está cheio de gente que adora a máxima. Dizem, entre outro desatinos, que “a malta nova, de facto, sabe pouco. Mas sabe outras coisas” … Pode dizer-se, em abono da verdade, que já o diz com pouca convicção, mas não desiste. O prejuízo causado é de tal monta que é mais fácil negá-lo. Nada de novo.
Suponho que a cidade de Boston tem algo a ver com esta ‘corrente de pensamento’ que tem vindo a gerar seguidores por todo o lado.
Ninguém aprende coisa alguma se nada souber. Não basta saber onde fica a livraria para se ficar feliz na sapiência de se saber onde fica o estabelecimento.
Saber, é ter a capacidade de relacionar o que se conhece. Para se conhecer é preciso aprender.
A hecatômbica máxima é tão estúpida quanto esta outra:
Aprender a aprender, pouco interessa. O que interessa é aprender a aprender a aprender.
Ou esta ainda:
Aprender a aprender a aprender, pouco interessa. O que interessa é aprender a aprender a aprender a aprender.
Eis-nos na espiral. Nenhuma das máximas anteriores é mais estúpida do que a outra. São todas uma idiotice pegada. Só o ponto inicial faz sentido. O resto é bebedeira.
Aprendamos e deixemo-nos de disparates. Se aprendermos, aprendemos a aprender. Mas só pela primeira ficamos com a segunda. Adquire-se o ponto que interessa e a espiral é dominada.
Na instrução primária? Tabuada. Cantada e tudo. Não tenhamos medo que os putos confundam a coisa com o hino da mocidade portuguesa.
.
O caos rumo à chacha.
A conversa era suposto andar à volta do exercício da medicina, mas o Contra-informação faria mais sentido.
Nenhuma ideia conseguia ser exposta. Os convidados eram meras lebres em corrida de galgo que permitiam às sumidades detentoras do programa exercitarem as suas artes de tornar qualquer raciocínio num caos, em que reinavam com delicadeza de tornado gigante em aldeia antiga.
A certa altura, minha mãe, que me acompanhava, disse: "Éh pá, esses gajos transformam o programa em pura conversa de chacha. Irra!".
Nota:
Gotaria de lhes enviar este artigo, mas não consegui encontar o e-mail ou blog de qualquer um deles. Se alguém puder ajudar ... Tks.
24/03/2005
O preço da Bombardier
Doença: o copioso verbo
"Para resumir, temos que melhorar substancialmente as formas de transferência do conhecimento através da educação, a produção de novos conhecimentos através da investigação e a utilização e aplicação desse conhecimento através da inovação."Esta frase lapidar é um exemplo de uma das insidiosas doenças que afecta o nosso sistema de educação: a produção de novas definições quando nada há de substantivamente novo.
O autor da frase podia ter simplesmente dito: Precisamos de mais investigação e de melhor ensino.
China e o comércio livre
A abertura do mercado europeu aos têxteis chineses foi mais contestada pelos
defensores dos direitos humanos do que o provável levantamento do embargo da
União Europeia à venda de armas à China.
Pois ...
Desmanche sim, aborto não.
É uma questão política curiosa (choca-me chamar-lhe isto, mas é, de facto, uma questão política): se o “sim” ganhar, a extrema esquerda vai capitalizar politicamente esta vitória (o que será, no mínimo, indigno), mas se o “sim” perder, esta rapaziada continuará com a sua arma de arremesso político favorita.
Já agora aproveito para deixar duas notas que ouvi durante a discussão do problema por altura do primeiro referendo.
1.
O pessoal (?) quer poder abortar se tal achar conveniente, mas não quer que se saiba que tomou essa decisão. Foge de tudo o que lhe cheira a consultas que impliquem a possibilidade de se saber que o fizeram ou o decidiram.
Portanto, consultas de planeamento familiar, etc, etc, que não possam garantir o anonimato ...
2.
Uma amiga minha referiu ter ouvido esta conversa entre duas senhoras:
- Então, como vais votar?"
- Não sei. Essa coisa do aborto não me agrada. Desmanche, está bem .... mas aborto ...
23/03/2005
Freitas do Amaral e o homem que não tinha ido à tropa
Não foi Freitas do Amaral que, nessa altura, justificou que a sua prisão tinha sido resultante de ele ter fugido à tropa?
Freitas do Amaral potencial vítima de intolerância
Freitas do Amaral considera "injusto" ter sido suspenso do PPE
Helena Pereira
"Mas teria pena se o PPE, numa manifestação de intolerância quisesse controlar e condicionar as opções políticas de cada um" ... [diz Feitas do Amaral]
Se o PPE correr com ele, será que ele carimbará o PPE de partido SS, de Partido Nacional Socialista?
Se ele for expulso, será que poderá ser acusado de falta de percepção política, por não se ter apercebido que pertencia a um partido intolerante? Ou, pior ainda, de saber que pertencia a um partido intolerante?
Mesmo que não venha a ser expulso, será que pode ser acusado de pertencer a um partido capaz de equacionar a expulsão de um militante só por ele ser membro do governo legítimo de um país da Europa?
Freitas do Amaral e o imperialismo interior
Vistas assim as coisas, Freitas do Amaral parece sentir-se com todo o peso de um partido político (egocentrismo à parte). Tem o seu pequeno império interior. Imperialismo interior?O Governo e os mitos da esquerda
Manuel Queiró
…
…
P.S. - Ouvi Freitas do Amaral invocar o exemplo de governos de coligação entre socialistas e democratas-cristãos a propósito da sua presença no Governo. Ver-se-á a si próprio como um dos lados de uma coligação? Se assim é, convirá lembrar-lhe que as coligações sem base parlamentar se rompem com muita facilidade. Desconfio que não hão-de faltar motivos.
Proteccionismo suicidário :-))
Proteccionismo a sério
Se o proteccionismo é bom para o desenvolvimento de um país, como diz o Barnabé, então deve ser ainda melhor para o desenvolvimento de uma província, de um distrito, de uma aldeia ou até para o enriquecimento de um indivíduo. Se o comércio externo é mau, então o interno é ainda pior. Acabemos com todo o comércio. Que cada um produza para si próprio. O mercado está garantido e não vai haver desemprego.
Está bem, mas isso lembra-me uma teoria minha (se calhar já alguém, antes de mim, se lembrou desta).
"A globalização está condenada porque no dia em que o planeta estiver completamente globalizado, a impossibilidade em fazer comércio com outros planetas atira-nos para uma situação de proteccionismo suicidário." :-))
Parece-me o proteccionismo razoável quando for, simplesmente, razoável.
Adenda.
Suponho que quando se fala em protecionismo não se fala em boqueamento a todas as trocas comerciais mas somente às importações . Sendo assim não é muito difícil antever toda a espécie de efeitos secundários.
O Far West (www.range-o-dente.com)
O artigo original está aqui.
22/03/2005
Freitas do Amaral em novo momento de não dar a cara?
Adianta ainda que está convencido que o cenário não se tornará realidade por não ser filiado no Partido Socialista, ser independente.
Mas não nos devemos esquecer que o mesmo Freitas do Amaral declarou recentemente ser "o momento exacto de dar a cara", dando a entender que já anteriormente tripulava o barco onde passava então a assumir a face.
Que garantias pode dar Freitas do Amaral que as suas declarações sobre a sua posição presente não devem ser entendidas à luz das suas (não) posições passadas?
Freitas do Amaral compara Hitler a figuras secundárias.
Esta precisão da posição de Freitas do Amaral não abona em seu favor. De facto, comparar aquele ditador a figuras secundárias da administração americana resulta numa ainda mais marcante tentativa de reabilitação de Hitler.
Uma pergunta ingénua
Este fim-de-semana, morreram mais dois agentes da PSP no concelho da Amadora, o que está a levantar uma nova e compreensível onda de indignação nas forças policiais (após o assassinato brutal de outro agente, há cerca de um mês). As reportagens sublinham o que já sabíamos: ao actuar em zonas de risco, a polícia apresenta-se quase sempre mal equipada e muitas vezes com elementos inexperientes (um dos polícias mortos entrara na PSP há apenas seis meses). Quanto aos criminosos, não só estão mais bem apetrechados, em termos de viaturas e armas de fogo, como experimentam agora um sentimento de impunidade que os leva a nem pensarem duas vezes quando lhes surge a ocasião de "despachar um bófia".
A minha pergunta ingénua é esta: em vez de sacrificar jovens polícias mal armados na Cova da Moura, por que é que não se envia para essas áreas de elevadíssimo risco as forças do Corpo de Intervenção, que normalmente só vemos a carregar, forte e feio, sobre os estudantes que lutam contra as propinas ou sobre os trabalhadores que se manifestam às portas das fábricas? A esses agentes da autoridade, sabemo-lo bem, não falta nada: nem escudos inquebráveis, nem viseiras, nem coletes à prova de bala, nem metralhadoras, nem gás lacrimogéneo...
Mas então onde está a posição “de esquerda” que remete a resolução destas coisas para as causas e não para a força?
Será esta uma nova posição pragmática, belicista, tão ao gosto de George Bush? Será que o Blogue de Esquerda não vê um paralelismo entre o que acima sugere e o que se passou no Iraque? Ou será que pensa que uma intervenção, nos moldes que sugere (“metralhadoras”) não terá efeitos colaterais?
Não vê aqui o Blogue de Esquerda nenhum paralelismo ao “capricho vingador de George W” (ler abaixo)?
Se calhar ele tem razão no que defende agora. Teria ele razão antes?
BUSH EM BAGDAD
Foi num pé e veio no outro. Às escondidas. Em segredo absoluto. Com um boné de basebol enterrado na cabeça, supostamente para enganar os seus próprios guarda-costas. Metido num avião sem luzes e de vidros fumados, que aterrou durante a noite na capital iraquiana. E lado a lado com Condoleezza Rice, para "parecerem um casal". Depois, num refeitório militar cheio de soldadesca esfomeada, surgiu de surpresa com o peru do Thanksgiving, todo sorrisos, apenas o tempo suficiente para ser filmado e fotografado por repórteres escolhidos a dedo, antes de se enfiar novamente no avião presidencial e regressar ao conforto do seu rancho no Texas. Não acham que tudo isto cheira demasiado a Hollywood?
Eu posso responder: não cheira, tresanda. Mas os efeitos nas sondagens já se fazem sentir, essa é que é essa. E torna-se óbvio que o Iraque, depois de ter sido sujeito ao capricho vingador de George W., vai estar cada vez mais dependente das necessidades de protagonismo dos republicanos, em tempo de pré-campanha eleitoral.
O discurso europeu
-
O presidente Bush, fez supostamente charme aos europeus e, implicitamente, eles agora já não nos odeiam. Mas, apesar da recente viagem, é claro que os americanos ainda esperam, dos europeus e das suas lideranças, duas coisas: anti-americanismo profundamente sedimentado e embaraçosas contradições. Nesse contexto, examinemos todo o recente blá-blá europeu.
Não se atrevam a dividir-nos em novo e velho. Nós falamos a uma só voz, de Varsóvia a Lisboa. Nós aspiramos estar tão unidos quanto os vossos estados na América – MAS ajudem-nos a assegurar que a Europa tem assentos separados de Inglaterra e França nas Nações Unidas e, esperamos, que também da Alemanha.
Parem de usar a força para resolver problemas!. Escutem os nossos diplomatas. Promovam tribunais internacionais. O mundo já não funciona de acordo com as vossas leis absurdas de potência militar de desencorajamento – MAS não se atrevam a retirar, da Alemanha, mais tropas americanas.
Fiquem na NATO. Vocês estão empenhados na defesa colectiva da Europa – MAS vão-se habituando ao facto de que em breve teremos uma nova força, rival e independente dos Estados Unidos.
Tenham atenção ao mundo muçulmano!. Ouçam-nos, que temos mais experiência no Médio Oriente. Tentem incorporar em vez de isolar o "outro". – MAS parem de nos dizer que temos que deixar entrar a Turquia na União Europeia.
Parem de militarizar o globo!. Alternativamente, vejam o mundo como uma família de sociedades liberais interligadas que estão a tentar resolver as suas diferenças pela razão – MAS parem de tentar evitar que vendamos armas de alta tecnologia à grande China comunista para que ela possa ameaçar a pequena e democrática Taiwan (Formosa).
Aprendam com a nossa cultura mais humana. Vejam como a nossa semana de trabalho curta, os nossos direitos vitalícios e bem estar pela promoção do pacifismo – MAS como é que vocês, rica e poderosa América, conseguem fazer tudo o que fazem?
Lembrem-se que nós somos os vossos parceiros críticos na guerra contra o terrorismo! Apreciem o nosso trabalho não proclamado que prossegue por entre as vossas bombas sonantes de americanos desordeiros – MAS o Hezbollah não é uma organização terrorista e como tal não pode ser classificada (e a Hamas também não, e precisa do nossos apoio financeiro).
Assinem Kyoto!. Comecem a comportar-se como bons cidadãos do globo! – MAS parem de sugerir que tínhamos uma mão na bagunça do Ruanda, na bagunça dos Balcãs, na bagunça do programa petróleo por alimentos, na bagunça do reactor de Sadam, na bagunça do Hezbollah/Hamas, na bagunça de Arafat …
Desistam de proceder uni-lateralmente! Atribuam às Nações Unidas casos que afectem o mundo. Não actuem simplesmente por vós próprios como se os vossos actos não afectassem os outros – MAS esqueçam as Falkland, a Costa do Marfim, a unificação da Alemanha ou os acordos petrolíferos com Sadam.
Não interfiram no Médio Oriente! Vocês, cow boys, compreendem a loucura que estão a soltar? Mas se tiverem sucesso nós somos capazes de parar de vos caricaturar – Só SE a democracia tiver lugar e nós pudermos dela tirar crédito e lucro.
21/03/2005
Os carimbadores
De cada vez que, nos Estados Unidos, tem lugar um homicídio mais ou menos espampanante, logo a comunicação social lhe aplica a carimbadela de "resultante da disseminação de armamento pela acção de poderosos lobis armamentistas americanos em função dos seus interesses económicos".
Trata-se, evidentemente, de uma das várias carimbadelas típicas de que a maioria dos jornalistas se socorre sempre que acontece algo com características bem definidas.
Neste caso as características são:
1 - assassinato algo bizarro
2 - Estados Unidos
Outro caso típico:
1 – avanço científico
2 – aplicável no campo da medicina
3 – de difícil compreensão por jornalistas (imenso campo)
Neste último caso a carimbadela típica será: "capaz de vir a revelar-se de interesse fulcral na procura da cura do cancro".
Voltando ao caso inicial, é obvio que a disseminação de armamento ligeiro tem um peso irrelevante do orçamento dos fabricantes de armamento. Mais ainda, muito armamento disseminado nos Estados Unidos não é de lá originário.
O que interessa (que tem real peso) aos fabricantes de armamento é a venda de sistemas de armamento sofisticado (carros de combate, sistemas electrónicos de todos os tipos, sistemas de mísseis, de comunicações, aviões, etc). Mas a facilidade com que o carimbo pode ser usado sobrepõe-se aos factos.
Em Portugal tiveram recentemente lugar vários crimes violentos, alguns contra as autoridades policiais, perpetrados por pessoas aparentemente organizadas em gangs, que recorriam a quantidades substanciais de armamento.
Não se tendo verificado a característica 2 do primeiro exemplo dado, não foi declarado que o sucedido foi "resultante da disseminação de armamento pela acção de poderosos lobis armamentistas americanos em função dos seus interesses económicos".
Gerónimo de Sousa e os trabalhadores da Bombardier
PCP alerta que caso Bombardier pode marcar início do mandato de
Sócrates
Numa reacção a decisão da Bombardier, o secretário-geral do
PCP, Jerónimo de Sousa, alertou que o envio da polícia de intervenção para a
fábrica na Amadora "pode marcar o início do mandato" do Governo de José
Sócrates. "Não é um sinal positivo o que está a acontecer na Bombardier. Assume
um carácter muito grave e que pode marcar o início do mandato deste Governo a
ida da polícia de choque para a empresa", afirmou o líder comunista, no final de
uma reunião do Comité Central do PCP.
Vamos aceitar, sem conceder, que é o governo quem destaca a polícia de choque para onde quer que seja. Nessa altura seria de esperar que o PCP protestasse energicamente pela colocação da polícia às ordens directas do governo e não do direito."Mais grave seria, se ao que tudo indica, a deslocação da polícia vier a dar cobertura à retirada das máquinas decisivas para que a empresa retome a laboração", criticou Jerónimo de Sousa.
Já hoje, junto à Bombardier, o líder da bancada parlamentar do PCP, Bernardino Soares, garantiu que o partido vai questionar o primeiro-ministro, José Sócrates, sobre a retirada de equipamento das instalações da fábrica.
Bernardino Soares sublinha que o PCP vai aproveitar a apresentação do programa do Governo no Parlamento, na segunda-feira, para questionar o executivo sobre a situação.Ontem, o PCP já tinha entregue na Assembleia da República um requerimento a exigir ao Governo a explicação das medidas que vai adoptar para resolver a situação da empresa metalúrgica, cujo futuro estaria dependente de um acordo com a CP.
Mas o PCP não protesta contra o princípio. Protesta contra este caso.
É portanto de admitir que ao PCP pareça razoável que a polícia de choque seja directamente controlada pelo poder político. Só não concordará com a decisão do governo (implícita) de enviar a polícia de choque para a Bombardier.
Torna-se claro que, se o PCP chegasse ao poder, utilizaria a polícia de choque de acordo com os seus critérios, à revelia do direito e da legalidade. Não faria mais do que fez o poder político salazarista.
Duvido que os trabalhadores da Bombardier possam contar com amigos destes.
18/03/2005
17/03/2005
Electrões "empurrados" por netrões
Mas, como ele diz muito bem, não são aqueles os únicos a adoptar a táctica de silêncio.
Para que não haja dúvida, suponho que não seria boa ideia construir em Portugal centrais nucleares. Mas parece-me aborrecido que o assunto nem seja tocado - se calhar para evitar que se perceba quanto nos vão agora custar os silêncios (antigos e presentes).
16/03/2005
Utilizador - duplo pagador
Quando conduzimos nas auto-estradas estamos a pagar gasolina a preço de ouro, e pagando nela impostos para infra-estruturas, etc, etc.
Porque não se usa o imposto incluído na gasolina gasta nas auto-estradas para financiar a construção e manutenção de auto-estradas, e se abulem as portagens? A Brisa ficava a ganhar, e nós também.
Seria um bom exemplo de aplicação do princípio do utilizador-pagador … Neste momento estamos, nesta matéria, abrangidos pelo princípio do "utilizador - duplo pagador".
15/03/2005
Não houve "rei morto rei posto"
A minha previsão gorou-se ... o fenómeno subsiste. Parece que continua, ao ataque, por aqui.
Ficamos, portanto, com dois fenómenos em actividade simultânea ...
Tirem-me deste filme!
Adenda:
Diz Pacheco Pereira no Abrupto:
FALTA DE …., OLHEM, FALTA DE TUDO
de sentido de estado, de boa educação, de respeito mínimo por todos. É o que significa esta história da Câmara de Lisboa.
Pois.
Jornalismo e margem de erro
Perguntava o jornalista ao agricultor (coloco entre aspas o discurso que a minha memória diz ter tido lugar): "A chuva que caiu não fez grande coisa, pois não? Ter-se-há infiltrado no terreno talvez o quê … um metro?"
Responde o Agricultor: "Qual metro? Nem um milímetro."
É mais um exemplo do paupérrimo nível cultural dos jornalistas, ou, pelo menos, o paupérrimo nível cultural sobre os assuntos em que se metem.
O nível de infiltração no terreno, proposto pelo jornalista, era cerca de 1000 (mil) vezes superior ao real.
É caso para se perguntar se o jornalista saberia o que era chuva e terreno.
14/03/2005
Pirataria de água doce
Irrelevâncias
Espero não me deixar descair para lá.
12/03/2005
José Rodrigues dos Santos e a violência nas imagens
Perguntado sobre o equilíbrio de informação na RTP, nomeadamente sobre a violência das imagens, deu o seguinte exemplo:
Numa universidade inglesa foi feito um estudo sobre o julgamento dos espectadores ao nível de violência exibido nos programas de informação. Foi mostrado inicialmente, a um grupo seleccionado, um conjunto de imagens que a clara maioria classificou como extremamente violentas, portanto inadequadas para exibição. Depois foi-lhes mostrado o conjunto original de imagens de onde as primeiras tinham sido seleccionadas.
Perante o segundo conjunto de imagens tornou-se claro aos espectadores que as imagens inicialmente seleccionadas (menos violentas) tinham sido as melhores, vindo a mudar a sua opinião inicial deles no sentido de acharem que a selecção era correcta.
Aqui está um exemplo do que vai pela cabeça dos profissionais ligados à informação, nomeadamente de José Rodrigues dos Santos, até recentemente Director de Informação da RTP, e que se pode resumir no seguinte: qualquer coisa se pode exibir, desde que haja ainda pior.
Não há na cabeça deles qualquer valor absoluto a ter em atenção, na totalidade ou em parte. Tudo são valores relativos.
Há ainda, nesta lógica empenada, uma mensagem para os que estão dentro do sistema: há que procurar recolher imagens (e depoimentos) não só muito violentas mas outras, ainda mais violentas. As primeiras para exibir, as segundas para justificar a exibição das primeiras.
Havendo uma explosão algures, não interessa os jogos de poder que lhes estiveram na origem. O que interessa é mostrar as vítimas amputadas, os buracos de balas nos respectivos troncos, etc. Este tipo de imagens nunca será excessivamente violento, porque, para evitar violências excessivas, serão também recolhidas imagens, que nunca serão exibidas, das vísceras das vítimas.
Sobre os jogos de forças que levaram ao ataque, os espectadores s nada ficam a saber. Mas melhoram os seus conhecimentos em anatomia.
Chamam eles a esta lógica, que aplicam tudo, “informação credível”.
09/03/2005
Partidos libaneses pró-sírios mostram, na rua, a sua força
Os manifestantes gritaram palavras de ordem de apoio e "fidelidade" à Síria e cantaram o hino nacional. Foram ainda entoadas frases contra Israel ou a América e sublinhada a ideia da "independência" do país
...
Não se percebe se o hino cantado foi o sírio (a quem são, segundo o artigo, fieis) ou, como afirmação de independência (que o artigo diz pretenderem sublinhar), o libanês.
A propaganda tem destas coisas.
Redefinição de "estrangeiro"
O saco de Freitas do Amaral
Só pode tratar-se de uma manobra para reabilitar Hitler, bem aos gostos neo-nazi e neo-fascista.
O Público em nova morada
Para se conseguir, nesta nova morada, aceder aos artigo do jornal, tem agora que se escavar por entre uma enorme quantidade de agressivo lixo (publicidade).
07/03/2005
Freitas do Amaral - O submarino
Quem é suposto saber de diplomacia, sabe que esta declaração equivale à confissão de que ele (Freitas do Amaral) tinha já estado anteriormente a trabalhar no projecto, mas na qualidade de submarino.
Ou as intenções de Freitas do Amaral são melhores que os seus conhecimentos em diplomacia, ou vice-versa. No primeiro caso há que lembrar que de boas intenções está o inferno cheio. No segundo, que há um problema de competência.
Freitas do Amaral e as boas companhias
Calcula-se que Freitas do Amaral ache razoável que qualquer pessoa deva procurar relacionar-se com quem esteja acima do seu nível no sentido de aprender, ou com pessoas abaixo do seu nível no sentido de ensinar.
Não se percebe qual foi o caso presente. Ou Freitas do Amaral vai para o governo para ensinar a "escumalha", ou vai para ser ensinado.
06/03/2005
Fenómenos
Despachado, que está prestes a ser, o primeiro e gigantesco fenómeno português do século XXI, eis que, do horizonte, novo fenómeno desponta.