PCP alerta que caso Bombardier pode marcar início do mandato de
Sócrates
Numa reacção a decisão da Bombardier, o secretário-geral do
PCP, Jerónimo de Sousa, alertou que o envio da polícia de intervenção para a
fábrica na Amadora "pode marcar o início do mandato" do Governo de José
Sócrates. "Não é um sinal positivo o que está a acontecer na Bombardier. Assume
um carácter muito grave e que pode marcar o início do mandato deste Governo a
ida da polícia de choque para a empresa", afirmou o líder comunista, no final de
uma reunião do Comité Central do PCP.
Vamos aceitar, sem conceder, que é o governo quem destaca a polícia de choque para onde quer que seja. Nessa altura seria de esperar que o PCP protestasse energicamente pela colocação da polícia às ordens directas do governo e não do direito."Mais grave seria, se ao que tudo indica, a deslocação da polícia vier a dar cobertura à retirada das máquinas decisivas para que a empresa retome a laboração", criticou Jerónimo de Sousa.
Já hoje, junto à Bombardier, o líder da bancada parlamentar do PCP, Bernardino Soares, garantiu que o partido vai questionar o primeiro-ministro, José Sócrates, sobre a retirada de equipamento das instalações da fábrica.
Bernardino Soares sublinha que o PCP vai aproveitar a apresentação do programa do Governo no Parlamento, na segunda-feira, para questionar o executivo sobre a situação.Ontem, o PCP já tinha entregue na Assembleia da República um requerimento a exigir ao Governo a explicação das medidas que vai adoptar para resolver a situação da empresa metalúrgica, cujo futuro estaria dependente de um acordo com a CP.
Mas o PCP não protesta contra o princípio. Protesta contra este caso.
É portanto de admitir que ao PCP pareça razoável que a polícia de choque seja directamente controlada pelo poder político. Só não concordará com a decisão do governo (implícita) de enviar a polícia de choque para a Bombardier.
Torna-se claro que, se o PCP chegasse ao poder, utilizaria a polícia de choque de acordo com os seus critérios, à revelia do direito e da legalidade. Não faria mais do que fez o poder político salazarista.
Duvido que os trabalhadores da Bombardier possam contar com amigos destes.