31/03/2005

Os sangrentos

"Bloody people." … "I hate doing this" - “gente malvada” … “detesto fazer isto”.

O príncipe Carlos de Inglaterra, é de carne e osso como todos nós.

Ele, como nós, tem o direito de estar em casa, apanhar chuva, apanhar sol, caminhar pelo campo ou pela cidade, divertir-se na neve ou onde muito bem entenda.

Ele, como nós, tem direito a dar-se com quem muito bem entenda e tem também o direito a dizer “não me chateiem”.

Ser uma figura pública não o transforma numa figura pública a tempo inteiro.

Ser uma figura pública não o obriga a comportar-se como toupeira para ter vida privada.



O que acabei de expor parece ser muito difícil de perceber aos meios de comunicação social e respectivos jornalistas, incapazes de compreender que, estando o homem, em determinado momento, a dar a cara contra a sua própria vontade, está a ser privado da sua liberdade, ou a ser pressionado a passar aos túneis para a poder gozar(?).

Há, aliás, no meio jornalístico, uma “corrente de opinião” que defende qualquer jornalista está inerentemente empossados de um tal “direito à perseguição”. Para quem se lembra do tempo da outra senhora, algo parecido com aquilo a que a PIDE se arrogava e exercitava (a PIDE matava, os jornalistas ainda não – mas provocam mortes).

Enfim, em boa verdade se pode dizer que talvez não seja humano exigir a jornalistas o supremo esforço de perceber que quando alguém diz “deixem-me em paz”, quer dizer, que essa pessoa, quer ser deixada em paz.

Como carraças, determinadas pessoas acham que têm o direito de se instalarem nas costas de outras pelo simples facto de as segundas terem tido o desplante de sair à rua e gozarem a sombra da árvore em que as primeiras se instalaram.


Nem quando uns dizem "gente malvada" … "detesto fazer isto", os outrs são capazes de perceber que estão a exercer violência. E continuam sem perceber que, o facto de "desmascararem" o que escapou, entredentes, da alma da toupeira, exibindo na TV a respectiva lamúria, estão a elevar essa violência à milésima potência.

… há gente (?) que não há maneira de perceber o que é liberdade.