Perguntado sobre o equilíbrio de informação na RTP, nomeadamente sobre a violência das imagens, deu o seguinte exemplo:
Numa universidade inglesa foi feito um estudo sobre o julgamento dos espectadores ao nível de violência exibido nos programas de informação. Foi mostrado inicialmente, a um grupo seleccionado, um conjunto de imagens que a clara maioria classificou como extremamente violentas, portanto inadequadas para exibição. Depois foi-lhes mostrado o conjunto original de imagens de onde as primeiras tinham sido seleccionadas.
Perante o segundo conjunto de imagens tornou-se claro aos espectadores que as imagens inicialmente seleccionadas (menos violentas) tinham sido as melhores, vindo a mudar a sua opinião inicial deles no sentido de acharem que a selecção era correcta.
Aqui está um exemplo do que vai pela cabeça dos profissionais ligados à informação, nomeadamente de José Rodrigues dos Santos, até recentemente Director de Informação da RTP, e que se pode resumir no seguinte: qualquer coisa se pode exibir, desde que haja ainda pior.
Não há na cabeça deles qualquer valor absoluto a ter em atenção, na totalidade ou em parte. Tudo são valores relativos.
Há ainda, nesta lógica empenada, uma mensagem para os que estão dentro do sistema: há que procurar recolher imagens (e depoimentos) não só muito violentas mas outras, ainda mais violentas. As primeiras para exibir, as segundas para justificar a exibição das primeiras.
Havendo uma explosão algures, não interessa os jogos de poder que lhes estiveram na origem. O que interessa é mostrar as vítimas amputadas, os buracos de balas nos respectivos troncos, etc. Este tipo de imagens nunca será excessivamente violento, porque, para evitar violências excessivas, serão também recolhidas imagens, que nunca serão exibidas, das vísceras das vítimas.
Sobre os jogos de forças que levaram ao ataque, os espectadores s nada ficam a saber. Mas melhoram os seus conhecimentos em anatomia.
Chamam eles a esta lógica, que aplicam tudo, “informação credível”.