21/04/2005

O voto de George Bush ... - ADENDA



Há uma adenda a este artigo, aqui transcrita:

Adenda
(inserida a 21 de Abril).

Suponho ainda que a administração norte americana se esteja razoavelmente nas tintas para o resultado do referendo francês e para a possibilidade da entrada em vigor, ou não, do Tratado Constitucional.

Se ele for aprovado ficará assistindo ao desenvolvimento das contradições internas da Comunidade Europeia em que cada um dos multilateralistas membros tentará levar de vencida o seu particular multilateralismo.

Se não for aprovado ficarão assistindo, calmamente, à resultante peixeirada. Neste caso ficarão um pouco mais atentos porque a Comunidade estará mais perto da realidade, portanto mais divorciada do planeta dos gambuzinos em que tende a viver, pelo menos no que respeita à política francesa / alemã / espanhola. Evidentemente que os norte americanos terão a vida tanto menos facilitada quanto menos a Europa viver um ambiente de ficção.

Voltando a Mário Soares e George Bush, o que mais interessa saber à administração americana é que figuras de referência da Europa tenham em conta a opinião de George Bush num óbvio assunto interno da Comunidade. George Bush não vota, evidentemente. Mas influencia o voto (muitos votos - vota indirectamente, múltiplas vezes) pela mão de figuras de referência europeias. Antes votasse – seria apenas mais um voto.

Há ainda outra forma de encarar a coisa: será que Mário Soares tenta usar o papão George Bush para influenciar o voto a favor do Tratado? Neste caso além da implícita fraqueza, seria uma reedição da história da deglutição de criancinhas, pelos comunistas, ao pequeno almoço (para os mais novos, há que procurar referências ao assunto na época pós 25 de Abril) – enfim, o problema do sapo (para os mais novos, novamente, trata-se de uma referência à campanha eleitoral presidencial entre Freitas do Amaral e Mário Soares. Já agora, nessa altura, Freitas do Amaral era acusado, por Mário Soares, de “ter acordado tarde para a política” e “ter uma postura pouco claramente anti-totalitária”. Na minha opinião isto era verdade e continua a ser: detecto em Freitas do Amaral uma mistura bizarra de egocentrismo com totalitarismo).

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