19/06/2005

Ana Gomes - Conselho de Segurança I : "Ignore Germany"



Mais uma tirada divinal de Ana Gomes. A azul, o seu texto original.
Ora aí está! A retaliação pelo não apoio à guerra do Iraque.
Faz sentido que haja retaliação. Basta perceber isto.
Em 1993, quando o Tratado de Maastricht introduziu a noção de Política Externa Comum da UE, os EUA apressaram-se a dar o seu apoio, velado embora, à entrada da Alemanha como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Dividir para reinar. Quanto mais dividida a Europa, melhor.
Que há de especial nisso? Não é que faz qualquer governo do mundo em circunstâncias idênticas? A única excepção que me ocorre é o caso da Europa, que quer reinar dividindo-se a ela própria, e depois amua porque a coisa não surte efeito.
A repartição de custos de funcionamento das NU também aconselhava tal apoio, pois a Alemanha estava disposta a pagar mais e os EUA tinham então uma dívida considerável às NU.
Registe-se que Ana Gomes concorda que deve poder aceder-se ao poder desde que se possa pagar. Tráfico de influências?
Mas em 2000, a Administração Clinton conseguiu resolver o problema da dívida às Naçoes Unidas.
Depois veio a guerra do Iraque em 2003. A Alemanha não apoiou a Admnistração Bush na guerra. E os EUA fizeram finalmente saber, segundo o «Washington Post» de 19/5/05, que afinal já não apoiam a pretensão da Alemanha a membro permanente do CS. Justificação da Sra. Rice: ?Em muitos aspectos a UE tem agora uma política externa comum. Facto que precisa de ser levado em conta no Conselho de Segurança?. ?Por isso há poucos motivos para dar a um outro membro da UE um lugar de membro permanente?.
A Ana Gomes parece razoável que a Europa (?) anuncie ao mundo que vai a caminho de ter uma política externa comum e que os Estados Unidos façam de conta que não se apercebem disso.
A consequência a tirar seria os EUA passarem a apoiar um lugar de membro permanente para a UE.
Apoiar mesmo antes dela existir enquanto entidade política? Ana Gomes queria um cheque em branco? Ana Gomes não percebe que os Estados Unidos querem primeiro perceber em que moldes se fará a entidade política?
Mas a Srª Arroz não vai tão longe. A sua intenção parece ser mais a de ignorar a pretensão alemã, do que reconhecer a necessidade de um lugar para a UE no Conselho de Segurança.
Eu diria que o anúncio de que a Europa vai a caminho de se transformar numa entidade política mata, por si só e pela sua (da Europa) própria mão, as pretensões da Alemanha.
Afinal, foi à Sra. Arroz que se atribuiu a máxima, depois da intervenção unilateral no Iraque:«Forgive Russia, ignore Germany, punish France».
Parece ser uma consequência lógica do comportamento recente desses três países. Se fosse ao contrário, seria exactamente isso que a Europa (?) faria.

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