Diz Ana Gomes (a azul):
Se os actuais líderes políticos europeus ainda liderassem alguma coisa, deveriam, face à adversidade dos resultados do referendo francês (e possivelmente do holandês), estar agora a esforçar as meninges congeminando medidas que transmitissem rapidamente ao resto do mundo e a todos os cidadãos europeus (franceses incluídos) sinais políticos claros de que há Europa para além do referendo em França (e Holanda)Pois podia. Mas como se conseguiria isso se se andou a dizer (Ana Gomes inclusive) que sem o avanço rumo a uma Europa política (sim ao referendo) não poderia haver Europa?
Deviam estar a preparar-se para fazer a UE avançar, mesmo sem a Constituição ratificada pelos restantes países (mas no sentido que a Constituição prevê). Para fazer a Europa intervir mais decisivamente no controlo da globalização.O que Ana Gomes defende, é que nas próximas legislativas, caso os resultados iniciais indiquem uma derrota do partido no governo, se suspenda a contagem da votação, se queimem os votos e se permita que o governo continue em exercício prosseguindo a política que vinha exercendo. Mais salazarista não pode ser.
A Ana Gomes está obcecada pelo controlo da globalização. Suponho que ande a ler demasiada ficção científica e se passou para aquelas paragens.
No final de contas, não foi essa a poderosíssima mensagem que os eleitores franceses quiseram passar à liderança política europeia? que a Europa não pode continuar a ver passar os tsunamis das deslocalizações selvagens, sem mexer um dedo para regular a globalização?… e ela a dar-lhe …
Não se trata de enfrentar a globalização numa perspectiva defensiva, nacionalista e proteccionista, como sugeriu a propaganda xenófoba e amedrontante dos defensores do NÃO em Franca. Mas de agir no quadro da Estratégia de Lisboa, apostando na competitividade e crescimento da economia europeia e na projecção mundial de uma Política Externa e de Segurança Comum (política comercial e política de ajuda ao desenvolvimento incluídas) realmente coerente e eficaz, todos os azimutes.Gambuzinos, gambuzinos, gambuzinos …
Isso deveria traduzir-se em decisões ousadas no próximo Conselho Europeu de Junho. Por exemplo,Numa palavra, constituir uma Europa à medida de Ana Gomes. Ela só não explica se seria, ou não, anunciado, que essa Europa teria ainda um problemazito a resolver: estar cheia de europeus (?) que nada teriam a ver com o assunto. O que Ana Gomes quer é arrastar a Europa para a sua (de Ana Gomes) guerra à globalização, nos moldes de Oliveira Salazar: à revelia dos europeus e “rapidamente e em força”.
1- antecipar a entrada em vigor da previsão do Tratado Constitucional de conferir personalidade jurídica à União Europeia;
2- acelerar a constituição do Serviço de Acção Externa ? o serviço diplomático comum que deverá apoiar o MNE europeu previsto na Constituição;
3- anunciar a entrada em campo antecipada do MNE europeu;
4- anunciar a decisão de pedir um lugar, com todos os atributos inerentes, de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU para a União Europeia. (o que implicaria a desistência de qualquer candidatura nacional; mas não, nesta fase, o afastamento dos membros da UE que já lá estão como P5, França e Reino Unido; nem o abandono de candidaturas nacionais a lugares não-permanentes).
Viva o planeta dos gambozinos.
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