01/04/2005
O Bloco de Esquerda defende despenalização do assassinato
- Você defende o aborto em qualquer altura!
- Não defendo não.
- Então você defende que haja julgamentos e prisões para mulheres que abortem à 20ª semana!
- Não, não defendo.
- Nem à 30ª?
- Não
- Nem à 40ª?
- Não.
- Então você defende que haja despenalização mesmo que pratique o aborto imediatamente antes do parto!
- Sim.
…
Qual a diferença em matar o feto imediatamente antes ou logo após o parto?
E porque não até 1 semana de vida?
Ou 1 mês … 6 meses … 1 ano …
Talvez até à idade escolar …
Talvez até à idade de ir à tropa …
Talvez até à idade em que alguém se pode candidatar à Presidência da República …
Porque tem andado, o Bloco de Esquerda, a achincalhar os Estados Unidos da América por só recentemente ter abolido a pena de morte para menores? O Bloco de Esquerda defende o mesmo … sem julgamento …
Isto é a total aberração! Lembram-se da outra primorosa tirada “você nunca gerou uma vida”?
Decidir, por livre arbítrio, quem deve viver ou não, numa altura em que ninguém (mesmo o Bloco de Esquerda) recusa que se esteja perante um ser (a partir das 12 semanas), é nazi.
Salvo erro, a constituição proíbe os partidos de pendor nazi.
Sobre o assunto, com esta já são duas. Há que ilegalizar o Bloco de Esquerda.
31/03/2005
Os sangrentos
O príncipe Carlos de Inglaterra, é de carne e osso como todos nós.
Ele, como nós, tem o direito de estar em casa, apanhar chuva, apanhar sol, caminhar pelo campo ou pela cidade, divertir-se na neve ou onde muito bem entenda.
Ele, como nós, tem direito a dar-se com quem muito bem entenda e tem também o direito a dizer “não me chateiem”.
Ser uma figura pública não o transforma numa figura pública a tempo inteiro.
Ser uma figura pública não o obriga a comportar-se como toupeira para ter vida privada.
…
O que acabei de expor parece ser muito difícil de perceber aos meios de comunicação social e respectivos jornalistas, incapazes de compreender que, estando o homem, em determinado momento, a dar a cara contra a sua própria vontade, está a ser privado da sua liberdade, ou a ser pressionado a passar aos túneis para a poder gozar(?).
Há, aliás, no meio jornalístico, uma “corrente de opinião” que defende qualquer jornalista está inerentemente empossados de um tal “direito à perseguição”. Para quem se lembra do tempo da outra senhora, algo parecido com aquilo a que a PIDE se arrogava e exercitava (a PIDE matava, os jornalistas ainda não – mas provocam mortes).
Enfim, em boa verdade se pode dizer que talvez não seja humano exigir a jornalistas o supremo esforço de perceber que quando alguém diz “deixem-me em paz”, quer dizer, que essa pessoa, quer ser deixada em paz.
Como carraças, determinadas pessoas acham que têm o direito de se instalarem nas costas de outras pelo simples facto de as segundas terem tido o desplante de sair à rua e gozarem a sombra da árvore em que as primeiras se instalaram.
Nem quando uns dizem "gente malvada" … "detesto fazer isto", os outrs são capazes de perceber que estão a exercer violência. E continuam sem perceber que, o facto de "desmascararem" o que escapou, entredentes, da alma da toupeira, exibindo na TV a respectiva lamúria, estão a elevar essa violência à milésima potência.
… há gente (?) que não há maneira de perceber o que é liberdade.
30/03/2005
Se eu pudesse fazer o tempo voltar para trás ...
Hugo Chavez nacionalizará propriedades rurais e redistribui-las-à como fez Mugabe. A queixa do homem a quem a BBC apelida de "guerreiro da liberdade" é a de que 1% da população detém 60% da terra arável.
90% da população é urbana - acrescentando-se que, na melhor hipótese, não mais do que 50% da restante população está envolvida na agricultura. Portanto, pouco mais de 2% da população terá reposto o seu bem estar para benefício dos restantes 3%, juntamente com quem quer que seja que Hugo consiga despachar para o campo na persecução da sua revolução cultural.
Porquê abagunçar tudo? Porque não simplesmente fazer o povo passar fome em vez de tornar os pobres ainda mais pobres, fazendo com que tenham que pagar mais pela comida?
If I could turn back time...
posted by Joe N. @ 6:21 PM
Hugo Chavez will be nationalizing farms and redistribute the land à la Mugabe. The complaint of the man the BBC refers to as a "warrior for freedom" is that 1% of the population owns 60% of the agracultural land. 90% of the population is urban - it goes to follow that, at best, no more than half the remaining population is involved with agriculture. So the 2+% percent of people will have their wealth reposessed for the benefit of the other 3, along with anyone else Hugo can cart off to the countryside in his cultural revolution.
Why muss around? Why not just starve people instead of making the poor even poorer by making their food cost them more?
Voyeurismo Papal
Isto não se está a tornar num caso de puro voyeurismo ao sofrimento humano?
Onde é que isto vai parar?
Suicidas involuntários?
Notas:
1 - O termo “fascistas islamitas”, mais propriamente “islamitas” parece-me excessivo. Muito embora os próprios se reclamem dessa qualidade (islâmitas), duvido que os restantes seguidores do islão os aceitem como tal. No entanto, tentando traduzir tão fielmente quanto possível o documento original (transcrito posteriormente), mantive o termo.
2 - VBIED (Vehicle-Borne Improvised Explosive Device) - Dispositivo Explosivo Improvisado Instalado num Veiculo
O sujo segredinho dos fascistas islamitas é o de que muitos destes carros-bomba não são, como afirmam na sua propaganda de recrutamento, um sacrifício suicida. Demasiado frequentemente, os condutores desses veículos não estão conscientes de que estão a fazer algo mais do que a contrabandear mercadoria através de um posto de controlo ou a colocar um carro bomba para posterior detonação. Aqueles assassinos guiam frequentemente a pouca distância do VBIED levando consigo um dispositivo de detonação por controlo remoto. A bomba é detonada logo que o veiculo chegue suficientemente próximo do alvo, ou, como em muitos casos, num posto de controlo, logo que o dispositivo esteja prestes a ser descoberto e a missão comprometida. O posto de controlo torna-se então um alvo de oportunidade não interessando quantos inocentes lá estejam. Chamamos a isto um Kervorkian, ou um acto de bombardear suicida assistido.
The dirty little secret of the Islamo-fascists is that many of these car bombs are not the suicide sacrifice that they tell of in their recruiting propaganda. All too frequently, the driver of many of these vehicles is unaware that he is doing anything more than smuggling supplies through a checkpoint or planting a car bomb for later detonation. These murderers are often driving not far behind the VBIED with a remote control detonation device. The bomb is detonated as soon as the vehicle gets close enough to the target, or, as in many cases, the device is about to be discovered and the mission compromised at a checkpoint. The checkpoint becomes a target of opportunity, no matter how many innocents are there. We refer to this as a Kervorkian, or an assisted suicide bombing.
29/03/2005
Mais um passo mercantilista
Nos programas de informação das TVs voltou a acontecer o habitual. Um abandalhamento geral do conteúdo das emissões.
Os profissionais do quadro impõem a sua autoridade e vão de férias deixando os escravos, estagiários, a tomar conta.
É a altura ideal para que os jovens demonstrem que “estão com o projecto”. Atropelando todos os princípios deontológicos para “provar” que conseguem as mesmas audiências ficam mais ao alcance das boas graças do grupo de comunicação onde se encontram e onde desejam alcançar um vínculo laboral mais firme.
Passadas as mini-férias, os veteranos regressarão e perceberão que a arraia abateu mais umas barreiras. Mas basta aproveitar a brecha, fazendo como eles, para manter as distâncias.
Especulação analítica
A última fase inclui a dramatização da coisa.
O ruído já raramente é natural. Chegámos ao ponto em que até os peixes fazem “blops” cada vez que abrem a boca, como se, naquelas circunstâncias o ruído existisse.
As imagens são frequentemente conseguidas em estúdio (especialmente para as espécies mais pequenas) sem que isso seja mantido claro.
Pode ser razoável a artificialização do processo, mas deve haver honestidade. De outra forma a fronteira entre o documento e a invenção esbate-se de tal forma que se pode passar a chamar o que se quiser ao que se quiser.
Hoje, 27 de Março, a SIC exibiu um programa sobre vida natural, a que chama, como é da praxe, documentário. Suponho, aliás, que esse termo já lhe é atribuído pela BBC, produtora original do programa.
A determinada altura (parece-me que numa anterior circunstancia já o tinha feito, mas eu não estava muito atento), um babuíno está a preparar-se para deitar a luva a um flamingo, a imagem é parada e é dita a seguinte frase: “Vamos analisar o que poderá ter acontecido para se chegar a esta situação”.
Esta frase é, aliás, muito usada nos nossos meios de comunicação social em programas (supostamente) de informação. De cada vez que algo acontece em que nada se sabe sobre o que tivesse na origem de determinado desfecho, para manter as audiências especula-se a torto e a direito.
Voltando à bicharada, não parece razoável que “se analise o que possa ter acontecido”. Podem analisar-se cenários. Hipóteses. Mas deve ser claro, em cada caso, que se está no campo da mera hipótese.
Pode dizer-se “vamos analisar o que aconteceu” ou “vamos tentar descobrir o que pode ter acontecido”. Declarar-se que se vai analisar o desconhecido parece-me, pura e simplesmente, desonesto.
Não sei se a “bucha” foi impingida na tradução da locução original para português ou se já existia no original. A ser o primeiro caso, não abona a favor da SIC. A ser o segundo, não abona a favor de ambas. Da BBC porque tem responsabilidades, até históricas, na produção de informação isenta (será que se mantém?), da SIC por estar pouco atenta ao que emite.
Febre de Marburg: a invenção da RTP
Hoje, 29 de Março, as autoridades competentes vêm anunciar que, após as análises apropriadas, nenhum dos casos suspeitos se revelou consequência do vírus.
Pode, com legitimidade, concluir-se que, das duas uma:
1 – A RTP tem outras fontes que garantem que o viris está, de facto, no nossos território.
2 – A RTP inventou e mentiu.
No primeiro caso pode suspeitar-se que, tendo outras fontes, a RTP está apostada em que o vírus se dissemine e, não revelando as bases que sustentaram a sua afirmação, está a contribuir que a praga se propague. A lógica que leva a esta hipótese é, aliás, a lógica a que se agarram os órgãos de comunicação social quando suspeitam que alguma informação não lhes está a ser facultada.
No segundo caso, que nem a tranquilidade dos portugueses é respeitada quando se trata de gerar stress, espalhar a confusão, enfim, aumentar as audiências.
Garrafas 5 e 6
O cômputo de audiências entre "o desgraçadinho da seca" e "precisamos de chuva para poder facturar culturas queimadas" pende, positivamente, para o primeiro. Portanto, é por aí que a comunicação social vai - na busca do po$$$$itivo".O Miguel respondeu com esta outra garrafa.
E eu, volto à carga:
Tá bem, mas esse "amor" dos media pela classe política não é altruísta. Esse "amor" é mantido porque eles não a podem (ainda) contornar.
O paradigma do grupo media emergente da uma total deglutição dos restantes grupos, seria passar a chamar-se Diário da República. E porquê? Para arrecadar mais carcanhois sem ter que despender energias: com o governo numa primeira fase, com o estado numa segunda.
Já nessa fase (lagarto-lagarto) continuar-se-ia a fazer de conta que o país continuaria a existir.
Tudo caminha no sentido de criar uma nova era colonialista acionistas-trabalhadores, onde as bolsas seriam então demasiado restritivas. Os pequenos accionistas são, por enquanto, um mal necessário (como os governos).
Neste filme, a tropa de choque são os jornalistas.
26/03/2005
A espiral e o prego.
"Aprender pouco interessa, o que interessa é aprender a aprender".
É espantoso como um disparate desta dimensão consegue fazer carreira: o Ministério da Educação está cheio de gente que adora a máxima. Dizem, entre outro desatinos, que “a malta nova, de facto, sabe pouco. Mas sabe outras coisas” … Pode dizer-se, em abono da verdade, que já o diz com pouca convicção, mas não desiste. O prejuízo causado é de tal monta que é mais fácil negá-lo. Nada de novo.
Suponho que a cidade de Boston tem algo a ver com esta ‘corrente de pensamento’ que tem vindo a gerar seguidores por todo o lado.
Ninguém aprende coisa alguma se nada souber. Não basta saber onde fica a livraria para se ficar feliz na sapiência de se saber onde fica o estabelecimento.
Saber, é ter a capacidade de relacionar o que se conhece. Para se conhecer é preciso aprender.
A hecatômbica máxima é tão estúpida quanto esta outra:
Aprender a aprender, pouco interessa. O que interessa é aprender a aprender a aprender.
Ou esta ainda:
Aprender a aprender a aprender, pouco interessa. O que interessa é aprender a aprender a aprender a aprender.
Eis-nos na espiral. Nenhuma das máximas anteriores é mais estúpida do que a outra. São todas uma idiotice pegada. Só o ponto inicial faz sentido. O resto é bebedeira.
Aprendamos e deixemo-nos de disparates. Se aprendermos, aprendemos a aprender. Mas só pela primeira ficamos com a segunda. Adquire-se o ponto que interessa e a espiral é dominada.
Na instrução primária? Tabuada. Cantada e tudo. Não tenhamos medo que os putos confundam a coisa com o hino da mocidade portuguesa.
.
O caos rumo à chacha.
A conversa era suposto andar à volta do exercício da medicina, mas o Contra-informação faria mais sentido.
Nenhuma ideia conseguia ser exposta. Os convidados eram meras lebres em corrida de galgo que permitiam às sumidades detentoras do programa exercitarem as suas artes de tornar qualquer raciocínio num caos, em que reinavam com delicadeza de tornado gigante em aldeia antiga.
A certa altura, minha mãe, que me acompanhava, disse: "Éh pá, esses gajos transformam o programa em pura conversa de chacha. Irra!".
Nota:
Gotaria de lhes enviar este artigo, mas não consegui encontar o e-mail ou blog de qualquer um deles. Se alguém puder ajudar ... Tks.
24/03/2005
O preço da Bombardier
Doença: o copioso verbo
"Para resumir, temos que melhorar substancialmente as formas de transferência do conhecimento através da educação, a produção de novos conhecimentos através da investigação e a utilização e aplicação desse conhecimento através da inovação."Esta frase lapidar é um exemplo de uma das insidiosas doenças que afecta o nosso sistema de educação: a produção de novas definições quando nada há de substantivamente novo.
O autor da frase podia ter simplesmente dito: Precisamos de mais investigação e de melhor ensino.
China e o comércio livre
A abertura do mercado europeu aos têxteis chineses foi mais contestada pelos
defensores dos direitos humanos do que o provável levantamento do embargo da
União Europeia à venda de armas à China.
Pois ...
Desmanche sim, aborto não.
É uma questão política curiosa (choca-me chamar-lhe isto, mas é, de facto, uma questão política): se o “sim” ganhar, a extrema esquerda vai capitalizar politicamente esta vitória (o que será, no mínimo, indigno), mas se o “sim” perder, esta rapaziada continuará com a sua arma de arremesso político favorita.
Já agora aproveito para deixar duas notas que ouvi durante a discussão do problema por altura do primeiro referendo.
1.
O pessoal (?) quer poder abortar se tal achar conveniente, mas não quer que se saiba que tomou essa decisão. Foge de tudo o que lhe cheira a consultas que impliquem a possibilidade de se saber que o fizeram ou o decidiram.
Portanto, consultas de planeamento familiar, etc, etc, que não possam garantir o anonimato ...
2.
Uma amiga minha referiu ter ouvido esta conversa entre duas senhoras:
- Então, como vais votar?"
- Não sei. Essa coisa do aborto não me agrada. Desmanche, está bem .... mas aborto ...
23/03/2005
Freitas do Amaral e o homem que não tinha ido à tropa
Não foi Freitas do Amaral que, nessa altura, justificou que a sua prisão tinha sido resultante de ele ter fugido à tropa?
Freitas do Amaral potencial vítima de intolerância
Freitas do Amaral considera "injusto" ter sido suspenso do PPE
Helena Pereira
"Mas teria pena se o PPE, numa manifestação de intolerância quisesse controlar e condicionar as opções políticas de cada um" ... [diz Feitas do Amaral]
Se o PPE correr com ele, será que ele carimbará o PPE de partido SS, de Partido Nacional Socialista?
Se ele for expulso, será que poderá ser acusado de falta de percepção política, por não se ter apercebido que pertencia a um partido intolerante? Ou, pior ainda, de saber que pertencia a um partido intolerante?
Mesmo que não venha a ser expulso, será que pode ser acusado de pertencer a um partido capaz de equacionar a expulsão de um militante só por ele ser membro do governo legítimo de um país da Europa?
Freitas do Amaral e o imperialismo interior
Vistas assim as coisas, Freitas do Amaral parece sentir-se com todo o peso de um partido político (egocentrismo à parte). Tem o seu pequeno império interior. Imperialismo interior?O Governo e os mitos da esquerda
Manuel Queiró
…
…
P.S. - Ouvi Freitas do Amaral invocar o exemplo de governos de coligação entre socialistas e democratas-cristãos a propósito da sua presença no Governo. Ver-se-á a si próprio como um dos lados de uma coligação? Se assim é, convirá lembrar-lhe que as coligações sem base parlamentar se rompem com muita facilidade. Desconfio que não hão-de faltar motivos.
Proteccionismo suicidário :-))
Proteccionismo a sério
Se o proteccionismo é bom para o desenvolvimento de um país, como diz o Barnabé, então deve ser ainda melhor para o desenvolvimento de uma província, de um distrito, de uma aldeia ou até para o enriquecimento de um indivíduo. Se o comércio externo é mau, então o interno é ainda pior. Acabemos com todo o comércio. Que cada um produza para si próprio. O mercado está garantido e não vai haver desemprego.
Está bem, mas isso lembra-me uma teoria minha (se calhar já alguém, antes de mim, se lembrou desta).
"A globalização está condenada porque no dia em que o planeta estiver completamente globalizado, a impossibilidade em fazer comércio com outros planetas atira-nos para uma situação de proteccionismo suicidário." :-))
Parece-me o proteccionismo razoável quando for, simplesmente, razoável.
Adenda.
Suponho que quando se fala em protecionismo não se fala em boqueamento a todas as trocas comerciais mas somente às importações . Sendo assim não é muito difícil antever toda a espécie de efeitos secundários.
O Far West (www.range-o-dente.com)
O artigo original está aqui.
22/03/2005
Freitas do Amaral em novo momento de não dar a cara?
Adianta ainda que está convencido que o cenário não se tornará realidade por não ser filiado no Partido Socialista, ser independente.
Mas não nos devemos esquecer que o mesmo Freitas do Amaral declarou recentemente ser "o momento exacto de dar a cara", dando a entender que já anteriormente tripulava o barco onde passava então a assumir a face.
Que garantias pode dar Freitas do Amaral que as suas declarações sobre a sua posição presente não devem ser entendidas à luz das suas (não) posições passadas?
Freitas do Amaral compara Hitler a figuras secundárias.
Esta precisão da posição de Freitas do Amaral não abona em seu favor. De facto, comparar aquele ditador a figuras secundárias da administração americana resulta numa ainda mais marcante tentativa de reabilitação de Hitler.
Uma pergunta ingénua
Este fim-de-semana, morreram mais dois agentes da PSP no concelho da Amadora, o que está a levantar uma nova e compreensível onda de indignação nas forças policiais (após o assassinato brutal de outro agente, há cerca de um mês). As reportagens sublinham o que já sabíamos: ao actuar em zonas de risco, a polícia apresenta-se quase sempre mal equipada e muitas vezes com elementos inexperientes (um dos polícias mortos entrara na PSP há apenas seis meses). Quanto aos criminosos, não só estão mais bem apetrechados, em termos de viaturas e armas de fogo, como experimentam agora um sentimento de impunidade que os leva a nem pensarem duas vezes quando lhes surge a ocasião de "despachar um bófia".
A minha pergunta ingénua é esta: em vez de sacrificar jovens polícias mal armados na Cova da Moura, por que é que não se envia para essas áreas de elevadíssimo risco as forças do Corpo de Intervenção, que normalmente só vemos a carregar, forte e feio, sobre os estudantes que lutam contra as propinas ou sobre os trabalhadores que se manifestam às portas das fábricas? A esses agentes da autoridade, sabemo-lo bem, não falta nada: nem escudos inquebráveis, nem viseiras, nem coletes à prova de bala, nem metralhadoras, nem gás lacrimogéneo...
Mas então onde está a posição “de esquerda” que remete a resolução destas coisas para as causas e não para a força?
Será esta uma nova posição pragmática, belicista, tão ao gosto de George Bush? Será que o Blogue de Esquerda não vê um paralelismo entre o que acima sugere e o que se passou no Iraque? Ou será que pensa que uma intervenção, nos moldes que sugere (“metralhadoras”) não terá efeitos colaterais?
Não vê aqui o Blogue de Esquerda nenhum paralelismo ao “capricho vingador de George W” (ler abaixo)?
Se calhar ele tem razão no que defende agora. Teria ele razão antes?
BUSH EM BAGDAD
Foi num pé e veio no outro. Às escondidas. Em segredo absoluto. Com um boné de basebol enterrado na cabeça, supostamente para enganar os seus próprios guarda-costas. Metido num avião sem luzes e de vidros fumados, que aterrou durante a noite na capital iraquiana. E lado a lado com Condoleezza Rice, para "parecerem um casal". Depois, num refeitório militar cheio de soldadesca esfomeada, surgiu de surpresa com o peru do Thanksgiving, todo sorrisos, apenas o tempo suficiente para ser filmado e fotografado por repórteres escolhidos a dedo, antes de se enfiar novamente no avião presidencial e regressar ao conforto do seu rancho no Texas. Não acham que tudo isto cheira demasiado a Hollywood?
Eu posso responder: não cheira, tresanda. Mas os efeitos nas sondagens já se fazem sentir, essa é que é essa. E torna-se óbvio que o Iraque, depois de ter sido sujeito ao capricho vingador de George W., vai estar cada vez mais dependente das necessidades de protagonismo dos republicanos, em tempo de pré-campanha eleitoral.
O discurso europeu
-
O presidente Bush, fez supostamente charme aos europeus e, implicitamente, eles agora já não nos odeiam. Mas, apesar da recente viagem, é claro que os americanos ainda esperam, dos europeus e das suas lideranças, duas coisas: anti-americanismo profundamente sedimentado e embaraçosas contradições. Nesse contexto, examinemos todo o recente blá-blá europeu.
Não se atrevam a dividir-nos em novo e velho. Nós falamos a uma só voz, de Varsóvia a Lisboa. Nós aspiramos estar tão unidos quanto os vossos estados na América – MAS ajudem-nos a assegurar que a Europa tem assentos separados de Inglaterra e França nas Nações Unidas e, esperamos, que também da Alemanha.
Parem de usar a força para resolver problemas!. Escutem os nossos diplomatas. Promovam tribunais internacionais. O mundo já não funciona de acordo com as vossas leis absurdas de potência militar de desencorajamento – MAS não se atrevam a retirar, da Alemanha, mais tropas americanas.
Fiquem na NATO. Vocês estão empenhados na defesa colectiva da Europa – MAS vão-se habituando ao facto de que em breve teremos uma nova força, rival e independente dos Estados Unidos.
Tenham atenção ao mundo muçulmano!. Ouçam-nos, que temos mais experiência no Médio Oriente. Tentem incorporar em vez de isolar o "outro". – MAS parem de nos dizer que temos que deixar entrar a Turquia na União Europeia.
Parem de militarizar o globo!. Alternativamente, vejam o mundo como uma família de sociedades liberais interligadas que estão a tentar resolver as suas diferenças pela razão – MAS parem de tentar evitar que vendamos armas de alta tecnologia à grande China comunista para que ela possa ameaçar a pequena e democrática Taiwan (Formosa).
Aprendam com a nossa cultura mais humana. Vejam como a nossa semana de trabalho curta, os nossos direitos vitalícios e bem estar pela promoção do pacifismo – MAS como é que vocês, rica e poderosa América, conseguem fazer tudo o que fazem?
Lembrem-se que nós somos os vossos parceiros críticos na guerra contra o terrorismo! Apreciem o nosso trabalho não proclamado que prossegue por entre as vossas bombas sonantes de americanos desordeiros – MAS o Hezbollah não é uma organização terrorista e como tal não pode ser classificada (e a Hamas também não, e precisa do nossos apoio financeiro).
Assinem Kyoto!. Comecem a comportar-se como bons cidadãos do globo! – MAS parem de sugerir que tínhamos uma mão na bagunça do Ruanda, na bagunça dos Balcãs, na bagunça do programa petróleo por alimentos, na bagunça do reactor de Sadam, na bagunça do Hezbollah/Hamas, na bagunça de Arafat …
Desistam de proceder uni-lateralmente! Atribuam às Nações Unidas casos que afectem o mundo. Não actuem simplesmente por vós próprios como se os vossos actos não afectassem os outros – MAS esqueçam as Falkland, a Costa do Marfim, a unificação da Alemanha ou os acordos petrolíferos com Sadam.
Não interfiram no Médio Oriente! Vocês, cow boys, compreendem a loucura que estão a soltar? Mas se tiverem sucesso nós somos capazes de parar de vos caricaturar – Só SE a democracia tiver lugar e nós pudermos dela tirar crédito e lucro.
21/03/2005
Os carimbadores

De cada vez que, nos Estados Unidos, tem lugar um homicídio mais ou menos espampanante, logo a comunicação social lhe aplica a carimbadela de "resultante da disseminação de armamento pela acção de poderosos lobis armamentistas americanos em função dos seus interesses económicos".
Trata-se, evidentemente, de uma das várias carimbadelas típicas de que a maioria dos jornalistas se socorre sempre que acontece algo com características bem definidas.
Neste caso as características são:
1 - assassinato algo bizarro
2 - Estados Unidos
Outro caso típico:
1 – avanço científico
2 – aplicável no campo da medicina
3 – de difícil compreensão por jornalistas (imenso campo)
Neste último caso a carimbadela típica será: "capaz de vir a revelar-se de interesse fulcral na procura da cura do cancro".
Voltando ao caso inicial, é obvio que a disseminação de armamento ligeiro tem um peso irrelevante do orçamento dos fabricantes de armamento. Mais ainda, muito armamento disseminado nos Estados Unidos não é de lá originário.
O que interessa (que tem real peso) aos fabricantes de armamento é a venda de sistemas de armamento sofisticado (carros de combate, sistemas electrónicos de todos os tipos, sistemas de mísseis, de comunicações, aviões, etc). Mas a facilidade com que o carimbo pode ser usado sobrepõe-se aos factos.
Em Portugal tiveram recentemente lugar vários crimes violentos, alguns contra as autoridades policiais, perpetrados por pessoas aparentemente organizadas em gangs, que recorriam a quantidades substanciais de armamento.
Não se tendo verificado a característica 2 do primeiro exemplo dado, não foi declarado que o sucedido foi "resultante da disseminação de armamento pela acção de poderosos lobis armamentistas americanos em função dos seus interesses económicos".
Gerónimo de Sousa e os trabalhadores da Bombardier
PCP alerta que caso Bombardier pode marcar início do mandato de
Sócrates
Numa reacção a decisão da Bombardier, o secretário-geral do
PCP, Jerónimo de Sousa, alertou que o envio da polícia de intervenção para a
fábrica na Amadora "pode marcar o início do mandato" do Governo de José
Sócrates. "Não é um sinal positivo o que está a acontecer na Bombardier. Assume
um carácter muito grave e que pode marcar o início do mandato deste Governo a
ida da polícia de choque para a empresa", afirmou o líder comunista, no final de
uma reunião do Comité Central do PCP.
Vamos aceitar, sem conceder, que é o governo quem destaca a polícia de choque para onde quer que seja. Nessa altura seria de esperar que o PCP protestasse energicamente pela colocação da polícia às ordens directas do governo e não do direito."Mais grave seria, se ao que tudo indica, a deslocação da polícia vier a dar cobertura à retirada das máquinas decisivas para que a empresa retome a laboração", criticou Jerónimo de Sousa.
Já hoje, junto à Bombardier, o líder da bancada parlamentar do PCP, Bernardino Soares, garantiu que o partido vai questionar o primeiro-ministro, José Sócrates, sobre a retirada de equipamento das instalações da fábrica.
Bernardino Soares sublinha que o PCP vai aproveitar a apresentação do programa do Governo no Parlamento, na segunda-feira, para questionar o executivo sobre a situação.Ontem, o PCP já tinha entregue na Assembleia da República um requerimento a exigir ao Governo a explicação das medidas que vai adoptar para resolver a situação da empresa metalúrgica, cujo futuro estaria dependente de um acordo com a CP.
Mas o PCP não protesta contra o princípio. Protesta contra este caso.
É portanto de admitir que ao PCP pareça razoável que a polícia de choque seja directamente controlada pelo poder político. Só não concordará com a decisão do governo (implícita) de enviar a polícia de choque para a Bombardier.
Torna-se claro que, se o PCP chegasse ao poder, utilizaria a polícia de choque de acordo com os seus critérios, à revelia do direito e da legalidade. Não faria mais do que fez o poder político salazarista.
Duvido que os trabalhadores da Bombardier possam contar com amigos destes.
18/03/2005
17/03/2005
Electrões "empurrados" por netrões
Mas, como ele diz muito bem, não são aqueles os únicos a adoptar a táctica de silêncio.
Para que não haja dúvida, suponho que não seria boa ideia construir em Portugal centrais nucleares. Mas parece-me aborrecido que o assunto nem seja tocado - se calhar para evitar que se perceba quanto nos vão agora custar os silêncios (antigos e presentes).
16/03/2005
Utilizador - duplo pagador
Quando conduzimos nas auto-estradas estamos a pagar gasolina a preço de ouro, e pagando nela impostos para infra-estruturas, etc, etc.
Porque não se usa o imposto incluído na gasolina gasta nas auto-estradas para financiar a construção e manutenção de auto-estradas, e se abulem as portagens? A Brisa ficava a ganhar, e nós também.
Seria um bom exemplo de aplicação do princípio do utilizador-pagador … Neste momento estamos, nesta matéria, abrangidos pelo princípio do "utilizador - duplo pagador".
15/03/2005
Não houve "rei morto rei posto"
A minha previsão gorou-se ... o fenómeno subsiste. Parece que continua, ao ataque, por aqui.
Ficamos, portanto, com dois fenómenos em actividade simultânea ...
Tirem-me deste filme!
Adenda:
Diz Pacheco Pereira no Abrupto:
FALTA DE …., OLHEM, FALTA DE TUDO
de sentido de estado, de boa educação, de respeito mínimo por todos. É o que significa esta história da Câmara de Lisboa.
Pois.
Jornalismo e margem de erro
Perguntava o jornalista ao agricultor (coloco entre aspas o discurso que a minha memória diz ter tido lugar): "A chuva que caiu não fez grande coisa, pois não? Ter-se-há infiltrado no terreno talvez o quê … um metro?"
Responde o Agricultor: "Qual metro? Nem um milímetro."
É mais um exemplo do paupérrimo nível cultural dos jornalistas, ou, pelo menos, o paupérrimo nível cultural sobre os assuntos em que se metem.
O nível de infiltração no terreno, proposto pelo jornalista, era cerca de 1000 (mil) vezes superior ao real.
É caso para se perguntar se o jornalista saberia o que era chuva e terreno.
14/03/2005
Pirataria de água doce
Irrelevâncias
Espero não me deixar descair para lá.
12/03/2005
José Rodrigues dos Santos e a violência nas imagens
Perguntado sobre o equilíbrio de informação na RTP, nomeadamente sobre a violência das imagens, deu o seguinte exemplo:
Numa universidade inglesa foi feito um estudo sobre o julgamento dos espectadores ao nível de violência exibido nos programas de informação. Foi mostrado inicialmente, a um grupo seleccionado, um conjunto de imagens que a clara maioria classificou como extremamente violentas, portanto inadequadas para exibição. Depois foi-lhes mostrado o conjunto original de imagens de onde as primeiras tinham sido seleccionadas.
Perante o segundo conjunto de imagens tornou-se claro aos espectadores que as imagens inicialmente seleccionadas (menos violentas) tinham sido as melhores, vindo a mudar a sua opinião inicial deles no sentido de acharem que a selecção era correcta.
Aqui está um exemplo do que vai pela cabeça dos profissionais ligados à informação, nomeadamente de José Rodrigues dos Santos, até recentemente Director de Informação da RTP, e que se pode resumir no seguinte: qualquer coisa se pode exibir, desde que haja ainda pior.
Não há na cabeça deles qualquer valor absoluto a ter em atenção, na totalidade ou em parte. Tudo são valores relativos.
Há ainda, nesta lógica empenada, uma mensagem para os que estão dentro do sistema: há que procurar recolher imagens (e depoimentos) não só muito violentas mas outras, ainda mais violentas. As primeiras para exibir, as segundas para justificar a exibição das primeiras.
Havendo uma explosão algures, não interessa os jogos de poder que lhes estiveram na origem. O que interessa é mostrar as vítimas amputadas, os buracos de balas nos respectivos troncos, etc. Este tipo de imagens nunca será excessivamente violento, porque, para evitar violências excessivas, serão também recolhidas imagens, que nunca serão exibidas, das vísceras das vítimas.
Sobre os jogos de forças que levaram ao ataque, os espectadores s nada ficam a saber. Mas melhoram os seus conhecimentos em anatomia.
Chamam eles a esta lógica, que aplicam tudo, “informação credível”.
09/03/2005
Partidos libaneses pró-sírios mostram, na rua, a sua força
Os manifestantes gritaram palavras de ordem de apoio e "fidelidade" à Síria e cantaram o hino nacional. Foram ainda entoadas frases contra Israel ou a América e sublinhada a ideia da "independência" do país
...
Não se percebe se o hino cantado foi o sírio (a quem são, segundo o artigo, fieis) ou, como afirmação de independência (que o artigo diz pretenderem sublinhar), o libanês.
A propaganda tem destas coisas.
Redefinição de "estrangeiro"
O saco de Freitas do Amaral

Só pode tratar-se de uma manobra para reabilitar Hitler, bem aos gostos neo-nazi e neo-fascista.
O Público em nova morada
Para se conseguir, nesta nova morada, aceder aos artigo do jornal, tem agora que se escavar por entre uma enorme quantidade de agressivo lixo (publicidade).
07/03/2005
Freitas do Amaral - O submarino
Quem é suposto saber de diplomacia, sabe que esta declaração equivale à confissão de que ele (Freitas do Amaral) tinha já estado anteriormente a trabalhar no projecto, mas na qualidade de submarino.
Ou as intenções de Freitas do Amaral são melhores que os seus conhecimentos em diplomacia, ou vice-versa. No primeiro caso há que lembrar que de boas intenções está o inferno cheio. No segundo, que há um problema de competência.
Freitas do Amaral e as boas companhias
Calcula-se que Freitas do Amaral ache razoável que qualquer pessoa deva procurar relacionar-se com quem esteja acima do seu nível no sentido de aprender, ou com pessoas abaixo do seu nível no sentido de ensinar.
Não se percebe qual foi o caso presente. Ou Freitas do Amaral vai para o governo para ensinar a "escumalha", ou vai para ser ensinado.
06/03/2005
Fenómenos


Despachado, que está prestes a ser, o primeiro e gigantesco fenómeno português do século XXI, eis que, do horizonte, novo fenómeno desponta.
28/02/2005
António Guterres ajuda, por que via?
A noticia de que António Guterres vai a Bagdad dar uma aula de democracia trás à memória a sua frase vácua de que "é preciso dar uma oportunidade à paz". Por essa altura o seu contributo na guerra contra o terrorismo (um contributo apoiado na descrença quanto a uma democratização do médio oriente). Por sua vez, a esta altura, os Iraquianos já aprenderam que
antes de mais nada a democracia se constroi com coragem e persistência.Bem vistas as coisas Guterres tem mais a aprender do que a ensinar.
João Santos Lima
Não se percebe ainda, se a ajuda que António Guterres quer dar à democratização do Iraque é dada no quadro da sua implementação por via militar, se por outra.
Sendo pela primeira, António Guterres devia agradecer publicamente ao presidente Bush pela oportunidade por ele criada, sem a qual Guterres jamais poderia participar.
24/02/2005
Inefáveis pacifistas

Enquanto inefáveis "pacifistas" se manifestavam, em Bruxelas, contra George Bush, iraquianos manifestavam-se frente à embaixada dos Estados Unidos em apoio ao mesmo presidente.
Qual dos grupos saberia de que falava?
Photos courtesy of Corentin de Salle and Joël Rubinfeld of the Atlantis Institute. More photos are available in this Pixagogo album.
23/02/2005
Abstrusividade de grau 1
Não estou certos que fosses aquelas as palavras exactas, mas o opinante deve ter pingado do contra-informação para o lameiro.
22/01/2005
Não sabe o que é gerar vida
"O Senhor não pode falar do direito à vida porque nunca gerou vida. Não sabe o que é gerar vida. Eu tenho uma filha. Eu sei o que é um sorriso de uma criança."
Por muito que exercite a minha memória, não me lembro de mais imbecil frase.
19/01/2005
Quem não deve não teme
Esta mania que algumas figuras públicas têm de invocar a sabedoria popular é um bocado deslocada. O dito "quem não deve não teme" é altamente suspeito: porque não deve temer quem não deve? Não entra, ainda, este dito popular, em contradição com “tira o cavalo da chuva”, igualmente popular?
Por outro lado, porque não escolhe ele, por exemplo, “não há fumo sem fogo”? Sabedoria popular por sabedoria popular …
Se ele tivesse simplesmente dito “está um lindo dia”, teria feito mais sentido (não necessariamente para a comunicação social).
03/01/2005
O apelo ao enxovalho
…
Em primeiro lugar é um bom exemplo de mau jornalismo.
Esse depoimento não devia ter chegado ao ar.
Duvido que a pessoa tenha tido consciência do que estava a dizer e o jornalista devia ter-se apercebido disso.
Apontar uma câmara para qualquer pessoa pode dar esse resultado. A pessoa sente-se compelida a dar um resposta qualquer e debitar a coisa mais impensável do mundo. A responsabilidade não é da pessoa, é do jornalista, em último caso da estação de televisão.
Este tipo de entrevistas não faz qualquer sentido. A única coisa que dali se pode concluir é a de, além existirem cidadãos capazes de fazer, perante as câmaras de TV, declarações de mau gosto, existirão ainda, hipoteticamente, pessoas incapazes de perceber que o sofrimento alheio não deve ser usado para próprio gáudio - outra razão alternativa para que o jornalista tivesse rejeitado o depoimento.
A mesma SIC, por via de uma jornalista sua, posteriormente, em reportagem de uma das ilhas do Índico, comentou, em tom de censura, que havia turistas a alugar barcos para admirarem a zona de desastre. Logo de seguida, a mesma jornalista, visitando ilhas destruídas mostra os estragos e os corpos (supõe-se que sem autorização dos respectivos familiares para os poder exibir). Não se tratará de produção do mesmo voyeurismo que ela censurava aos turistas?
Não parece haver qualquer diferença entre censurar a dita senhora e não censurar a exibição pública, pela TV, de cadáveres, e a produção de entrevistas a pessoas em estado de choque, ainda por cima, nalguns casos, a menores.
De acordo com os critérios com que o mail inicial apela ao enxovalhamento da senhora, parece razoável enxovalhar todos os que achem normal que as situações reportadas acima sejam aceitáveis – se calhar a maioria dos portugueses (também sou).
Aliás o próprio apelo ao enxovalho da senhora é, além de incitamento a uma forma de justiça popular (punível criminalmente), mais repelente que a infeliz declaração inicial. Trata-se de um apelo a uma forma de linchamento popular e à produção de julgamento e justiça sem direito a defesa. Um apelo pidesco.
17/12/2004
As Notícias que Nunca Saem na Primeira Página
Gostaria de ver reposta a verdade pelo menos nos órgãos de comunicação social em que foi difundida a propaganda. Já para não reclamar que, provado o conteúdo propagandístico da "notícia" inicial, a descoberta de que se tratava de propaganda seria uma excelente razão para uma notícia.
É um excelente exemplo de como a propaganda, a difusão preferencial daquilo que ao público mais agrada ouvir (independentemente se ser ou não verdade) e o aumento de audiências (leia-se apoio ao projecto comercial - facturação) habitam nos órgãos de comunicação social "livres" e/ou "independentes".
Dezenas de dias ocorreram com dezenas de passagens sobre uma "notícia" falsa. Foram vertidas opiniões por dezenas de comentadores de todos os tipos.
E agora, como os órgãos de comunicação social gostam de dizer: quem são os culpados (directos e coniventes - igualmente criminosos)?
14/12/2004
07/12/2004
Ficando balhelhas ...
Que dizer a isto?
Se nas mesmas condições George Bush tivesse feito o mesmo que Soares e o tivesse declarado, ninguém de esquerda diaria "A falta que hoje nos fazem mais políticos assim". A algazarra anti-bush e anti-americana saltaria até ao afélio de Plutão. Certamente que Soares não se ficaria ...
... bateu uns papos com um jornalista, comprou uns livros (Tintin?)...
Ai ai. Não há pachorra ...
Range-o-Dente
06/12/2004
04/12/2004
Às 3 foi de vez.
Pedro Santana Lopes queixa-se de ter perguntado ao Presidente da República, por 3 vezes, se ele estava a pensar demitir o governo, e que o Presidente lhe terá sempre respondido que não.
1º - Isso não é pergunta que se faça ao Presidente.
2º - Feita a pergunta, é motivo suficiente para que o presidente demita o governo.
3º - Qualquer político de meia-tijela é suposto saber que o Presidente não é suposto dizer o que tenciona fazer nesse tipo de matéria.
A única coisa a apontar, nesta matéria, ao Presidente, foi a de ele ter dado hipótese a que pergunta tivesse sido feita mais de uma vez.
Esta não lembra nem a um "…" . Dir-se-á que Pedro Santana Lopes terá sido inspirado por Stº. Ambrósio em duas ocasiões: quanto fez as perguntas e quando as divulgou.
Stº. Ambrósio fez, finalmente, alguma coisa de jeito - Santana Lopes nem por isso.
.
16/11/2004
As setas
Há, de facto, uma via de comando entre o estado e a PT. No entanto parece-me plausível que essa linha de comando possa ser subvertida de forma a tornar-se bidireccional, talvez até mais activa no sentido inverso que no directo (estado-PT).
Lembremo-nos da série Yes, Minister. A competência do secretário sobrepunha-se quase sempre às decisões do ministro.
Os grandes grupos económicos escudam-se eficientemente ao escrutínio da opinião pública, tanto mais que parece ser óbvio não ser suposto que a comunicação social por ali faça estardalhaço, ao contrário do que parece praxe com o estado e o governo.
Enquanto os grandes grupos económicos são comandados por pessoas de grande competência no sentido da defesa dos seus interesses (individuais e do grupo) o estado, e com particular ênfase o governo (este ou outro qualquer) tendem a ser comandados por aqueles que vão sobrando da debanda dos mais competentes. Esta debanda é resultado de serem alvo preferencial de cada vez mais violentos ataques pessoais, insultos, desconsideração, acusação de incompetência, etc, vindos nomeadamente de uma comunicação social incompetente e cada vez mais ao serviço dos interesses dos privados que a controlam.
Face a este estado de coisa é fácil perceber que é mais provável que sejam os interesses privados a comandar, ou condicionar, no sentido inverso, o governo e o estado, do que este, os interesses privados.
A golden share do estado na PT é perigosa porque resulta num canal de acesso privilegiado dos privados ao estado e ao governo por via da subversão da “cadeia de comando”.
02/11/2004
Americanos, passaportes, europeus
De qualquer forma aqui ficam algumas notas.
A idade de Mário Soares já se começa a fazer notar, relembrando-nos quão definitiva é uma das muitas impiedosas leis da natureza.
A determinada altura um dos convidados argumenta que determinada classificação atribuída a George Bush (já me não recordo qual) não passava de uma caricatura. Mário soares responde que “está bem, será uma caricatura, mas os meios de comunicação social europeus estão cheios dela”. Depreendi que Mário Soares ache normal que os meios de comunicação social europeus se “encham” de George Bush em versão caricatura e depreendi ainda que ele achava razoável que a conversa nesses meios de comunicação girsse à volta da dita caricatura como se de uma caricatura se não tratasse.
Foi curioso o silêncio resultante da afirmação de um convidado quando disse que, contrariamente à acusação inicial de que a invasão do Iraque pelos norte-americanos se destinava “a deitar as mãos ao petróleo”, o tempo tivesse vindo a mostrar que quem tem estado a deitar as mãos ao líquido têm sido empresas petrolíferas europeias, nomeadamente italianas, espanholas e anglo-holandesas (esta última se bem percebi). Esta afirmação vem confirmar as minhas anteriores expectativas. A Comunidade Europeia está silenciosa porque tem o seu quinhão – neste caso a totalidade das exportações iraquianas. Zapatero retirou as tropas mas não as empresas (abandonou o custo e ficou com o lucro). Os pacifismos europeus estão pacificados, talvez anestesiados pelos vapores voláteis do ouro negro.
Várias desgraças foram anunciadas no que tocava ao desempenho dos Estados Unidos em relação à balança de pagamentos, crescimento económico, desemprego, inovação em tecnologias, etc, e todos os convidados confirmaram que os Estados Unidos têm vindo, face à Europa, a recuar nestes factores. Mas também todos estiveram de acordo que, em relação aos mesmos factores a Comunidade Europeia está ainda muito atrás dos Estados Unidos.
Em relação às ditaduras que castigam os estados árabes, é curioso que a maioria dos convidados tenham estado de acordo que esse factor nefasto possa ser atenuado em direcção a valores democráticos por via de acordos de desenvolvimento, combate à pobreza, etc, mas não sintam como bizarro o facto de ser necessário por um lado ajudar os países de mais ricos recursos no mundo e pelo outro possível alcançá-lo debaixo de regimes autoritários sem se ser acusado de imperialismo ou, no mínimo, de pactuar com ditaduras.
Por fim pareceu-me que alguns candidatos ficaram de olhos esbugalhados quando alguém disse que até Bin Laden tinha chamado à atenção da falta de democracia no mundo Árabe e pareceu-me que esse esbugalhamento se devia ao facto (que me parece óbvio) de que em matéria de democracia Bin Laden, pela prática em que esteve envolvido no Afeganistão, só podia referir-se a uma ditadura ainda mais sanguinária e obscurantista. Lembremo-nos das crianças afegãs que finalmente podem ir à escola. Pareceu-me, por breves momentos, que a referência, pelo convidado, a Bin Laden o colocava ao lado deste, ou colocava este ao lado dele.
Fundamenta-se, frequentemente, a tomada, por George Bush, de decisões disparatadas, pelo facto de só depois de ele ter conquistado a Casa Branca ter tirado passaporte. Esta acusação recorrente, que não ponho em causa, tende a generalizar ao povo americano a perniciosa falta de contacto com outras civilizações. O busilis é que sempre que assisto a este tipo de debate sinto que a Europa discute um mundo que não existe, que os Norte Americanos o conhecem melhor que os europeus (eventualmente até acerca da própria Europa) e pergunto-me para que servirão os passaportes que na Europa são mais tirados e usados.
24/10/2004
A independência da dependência
De seguida a jornalista, em voz-off, clarifica que a dita estação de televisão “era a única independente e pró-oposição”. Depreende-se que as restantes estações de televisão sejam dependentes e pró-governo.
Por aquelas paragens e pela RTP, matérias de liberdade de imprensa conseguem conciliar-se de forma que uma estação “pró-governo” seja dependente e outra, “pró-oposição”, seja independente.
A RTP parece não discernir este paradoxo, sendo portanto de admitir que nele navegue.
23/10/2004
Professores ajudantes
De qualquer forma, percebe-se que parece SL que a profissão de Juiz é uma espécie de pináculo das profissões, talvez até com um pé no esotérico.
Outras coisas são difíceis de perceber.
Porque é que SL não declara, simplesmente, estar aberto a propostas para que esses professores possam fazer algo? Quererá evitar ser encharcado com eventuais disparates a que terá que fazer face?
Porque é que SL não investiga, ou pede para investigar, se na legislação já existente, não há algo que é suposto ser feito por esses professores? Dar-se-á o caso de os professores já deverem estar a fazer algo de alternativo?
Porque é que o Sindicato dos Professores não vem declarar que a proposta de SL não faz sentido porque esses professores, por mote próprio, já encontraram trabalho alternativo dentro dos estabelecimentos de ensino onde (deviam) estar a leccionar, ou nas suas redondezas? Será que a razão de existir do sindicato é a de reclamar um máximo de proveitos com um mínimo de esforço?
Porque é que o Sindicato dos Professores não evitou que o problema se levantasse dinamizando, ele próprio, a alternativa de trabalho? Quererão que os professores em horário zero fiquem sem fazer nada? Será que têm medo de mexer num ninho de vespas?
Porque é que um Juiz, num canal de Televisão, vem declarar que tal ideia é tão bizarra que é até desprestigiante para os professores? Quererá ele, com isso, dizer que os Juizes são má companhia?
Será que temos todos a mania de querer estar no topo da nossa piramidezinha?
Porque estamos todos, sempre, contra todos?
21/10/2004
Zapatero ataca preventivamente
Desarticulada Rede Terrorista Islâmica em Espanha
Por NUNO RIBEIRO, Madrid
O Pùblico - Quarta-feira, 20 de Outubro de 2004
Na madrugada de ontem, em diversas regiões do país, a polícia espanhola desarticulou uma rede terrorista islâmica que tinha como objectivo perpetrar um atentado contra a Audiência Nacional de Madrid. A operação, dirigida pelo juiz Baltasar Garzón e ainda em aberto, saldou-se com nove detidos, um dos quais, o chefe da célula, na Suiça, e levou na tarde de ontem os agentes a diversas prisões de Espanha, onde estão detidos outros membros do grupo.
"Foi uma operação preventiva contra uma célula do radicalismo islâmico que preparava um atentado", disse, ao fim da manhã de ontem, José António Alonso, ministro do Interior de Espanha.
Aaaaaahhhhhhh ……. este termo de “operação preventiva” lembra-me qualquer coisa. Se calhar não lembra, é simplesmente parecido com a palavra “preemptive” usada por George Bush.
António Alonso precisou, ainda, "que o grupo não tinha material para cometer o atentado", mas que já tinha escolhido o alvo: o edifício da Audiência Nacional de Madrid, o tribunal que em Espanha julga e instrui os processos de terrorismo.
Péra lá … então prenderam os rapazes e nem as armas de destruição maciça de que os acusam de pretender usar encontraram? Moveram-lhe caça baseados em quê? No diz-que-disse?
"O grupo já tinha escolhido o meio, um camião carregado com 500 quilogramas da explosivos", revelou Alonso. Aliás, os planos teóricos do ataque estavam muito avançados, incluindo os contactos para a compra de explosivos.
Tudo teoria, portanto. Não encontraram camião, não encontraram explosivos, mas encontraram teorias. Avançadas dizem. No entanto engavetaram-nos … e se calhar ameaçaram-nos com armas … e se calhar eram capazes de disparar se eles defendessem a sua propriedade intelectual (os planos).
O titular do Interior do Governo de Espanha não confirmou que o fornecedor da dinamite fosse a ETA. "As forças de segurança e os juizes conduzem a sua acção por factos não por palpites", comentou.
Bem, percebe-se logo que eles mentem. Se não a dizem logo a verdade mentem. A verdade é outra … os gajos tinham ligações a Al Qaeda, - perdão, - à ETA ... estão mas é a esconder qualquer coisa ... velhos hábitos do tempo de Aznar.
"Manual do martírio"
As prisões dos argelinos e marroquinos que constituam esta célula ocorreram na Andaluzia, nas províncias de Málaga e Almeria, em Valência, em Madrid e em Pamplona, Navarra. Dos oito detidos que há muito residiam em Espanha, alguns dos quais tinham estado presos por delitos comuns, um foi posto em liberdade. Nas buscas, os agentes da Brigada de informação da polícia apreenderam cheques bancários, vários exemplares de um livro peculiar - "manual do martírio" - utilizado pelos terroristas suicidas, agendas telefónicas, computadores portáteis e dois mil euros em dinheiro.
Bem, cada um tem a liberdade de escolher seu próprio martírio. É uma questão cultural. Só George Bush não percebe. Quanto ao resto, e à excepção dos euros, tenho tudo em casa e não ando a tramar nada.
A meio da tarde de ontem, as diligências policiais alargaram-se a diversas prisões espanholas onde estão detidos outros muçulmanos que os investigadores vinculam com esta célula. A investigação sublinha que este grupo nada tem a ver com o que perpetrou em 11 de Março a matança de Atocha, tratando-se de outra célula autónoma, e que se relacionava com outras da Europa, Estados Unidos e Austrália.
Era simplesmente um problema de falta de informação. Os gajos voltaram à carga com os espanhóis porque não sabiam que Zapatero tinha retirado do Iraque. Para que os engavetaram? Os espanhóis já não estão com os restantes algozes americanos e australianos, portanto nada havia a recear. Bastariam lá ter enviado assistentes sociais para explicar que Zapatero já tinha posto as coisa “en su sítiu”. Há que não esquecer que, tudo o que de mal nasce, não nasce sem um motivo, e esse motivo não pode ser Zapatero porque não é unilateral. Bastava terem explicado isso às criaturas que elas percebiam logo.
O chefe do grupo, Mohamed Akra, um argelino que a polícia relaciona com o GIA, foi detido há dois dias na Suiça a requerimento do juiz Garzón. Trata-se de um indivíduo que viveu em Navarra, Valência e Málaga, esteve preso por duas vezes em Espanha por pequenos delitos, e que em Setembro do ano passado residia na Suiça. Geralmente utilizava as identidades falsas de Mohamed Achraf ou Mikael Etinenne Christian.
Mas o Garzón não se chama Baltazar Garzón? Então é isso, é essa a ligação à Bíblia de George Bush. Garzón deve querer repetir a visita do rei mago Baltazar ao menino Jesus. Garzón é um submarino de Bush – há que avisar Zapatero – presto, presto.
"As mesquitas são hoje pontos chave para se detectarem as mentalidades extremistas", sublinhou, ontem, Gregório Gómez, da Plataforma de Associações de imigrantes da Andaluzia. "O Governo deve promover acordos e estreitar as relações com as mesquitas para evitar as tentativas de terrorismo islâmico em Espanha", acentuou Gómez. "O Islão e o terrorismo são incompatíveis", considerou, por seu turno, Mansur Escudero, secretário-geral da Comissão Islâmica de Espanha.
Qual terroristas, qual carapuça. O governo quer estreitar relações com as mesquitas? Pois tivessem estreitado relações com os gajos que prenderam. Assim só vão exacerbar mais os ânimos e criar mais terrorismo. Olha que pouca vergonha. Terrorismo islâmico? Mas onde?
"Nós, os muçulmanos, somos pessoas normais que respeitamos a lei", referiu.
Assim não brinco. “Terrorismo islâmico” e “muçulmanos pessoas normais” quer dizer “terroristas são pessoas normais”. Vão brincar com o raio que os partam. Isto até parece um Bushismo.
25/09/2004
Diplomacia de Fahrenheit
- Viu o filme Fahrenheit 9/11?
- Vi.
- E?
- É um acto de propaganda política muito bem feito. Aliás, Michael Moore não o escondeu e disse que fez o filme para tentar que Bush não ganhasse as eleições. Mas há muita manipulação, muita distorção. A montagem que é feita com a cena em que o presidente Bush está numa sala e começam os ataques às torres gémeas é absolutamente terrível. Completamente demolidor. E depois as verdades que não são ditas. Moore apenas conta o que lhe interessa. Por exemplo, dá relevo, e isso é importante, ao facto de logo após o atentado ter sido autorizada a saída de uma série de sauditas e membros da família de Bin Laden, mas não diz que quem o autorizou foi Richard Clarke, na altura o responsável pelo combate ao terrorismo da administração Bush, que depois se desentendeu com o presidente e escreveu o livro Contra Todos os Inimigos, denunciando aspectos da administração Bush. O certo é que foi ele quem, na altura, considerou que seria possível deixá-los sair do que deixá-los ficar, com o argumento que era inevitável uma acção sobre eles. O filme está todo construído de uma forma extremamente manipuladora. Pelo que não diz, e pela forma como o diz.
16/09/2004
Autoridades Iranianas escolhem Farenheit 9/11 por convergência de interesses
Que Farenheit 9/11 é um filme de propaganda não parece merecer muita discussão. O real significado do filme para quem não goza de liberdade aparece estampado na última frase do artigo que se segue.
O Público, 16 de Setembro - Cultura
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O filme "Farenheit 9/11" estreado no Irão.
O filme de Michael Moore "Farenheit 9/11" foi ontem estreado no Irão, numa única sala de cinema de Teerão, controlada pelo Ministério da Cultura e da Orientação Islâmica. O projecto de Micheal Moore contra George W. Bush, que colocou o Irão no eixo do mal, passou a censura iraniana com uma rapidez pouco habitual para uma obra estrangeira, diz a AFP. "Entre todos os filmes de grande público que as pessoas devem ver, as autoridades escolheram 'Farenheit' porque os interesses do regime islâmico coincidem com as do realizador", disse uma espectadora, Sima Gharavi, à agência. Segundo a AFP, alguns espectadores não se deixaram convencer pelo filme que divide gerações. "Muito político", "aborrecido", "manipulador", foram algumas das reacções recolhidas pela agência, que registou uma conversa de uma senhora de meia idade a tentar convencer um pequeno grupo sobre o interesse do filme. Este espectador entusiasmou-se particularmente com a liberdade com que Moore se dirige a um chefe de estado.
07/09/2004
Div-pro
Fiquei-me, nessa altura, por aí, por me não ter conseguido lembrar de um termo então invocado. Entretanto, o termo voltou à memória: Div-pro.
Div-pro – invocou o Vitorino no intervalo de duas músicas. 3 segundos se silêncio e suspense - isto está a precisar de Div-pro.
Mais 3 segundos e esclareceu Div-pro, divulgação e propaganda. E prosseguiu: esse barco [o dito do aborto] devia ter entrado. Entrava e depois logo se via. Estamos a precisar de Div-pro, para ver se as coisas andam para a frente.
Divulgação e propaganda. Segundo o Vitorino estamos a precisar de ambas.
Até ter ouvido a reluzente prosa, digo que, em separado, divulgação aconselha atenção crítica e propaganda remete para a mais absoluta rejeição da sinistra coisa. Ambas juntas, quando invocadas, revelam uma acrescentada sinistra falta de escrúpulos.
Ficamos a saber que, para Vitorino, divulgação e propaganda andam bem juntas …
Não parecendo, em princípio, que alguém com alguma espécie de consciência cívica defenda o uso de propaganda, penso ter lido nas estrelinhas que existe uma propaganda benigna, saudável, recomendada e recomendável. Talvez assim se torne logo que acompanhada por divulgação. Ambas devem constituir algo parecido com as manifestações pacifistas e os escudos humanos altamente divulgados há pouco mais de um ano mas que, daí para cá, e contrariamente ao que seria de esperar, desapareceram, muito embora ocasiões para se exercitarem não tenham parado de ter lugar.
Divulgação e propaganda. Deve ser algo de pacífico. Certamente mais pacífico que as obras cinematográficas da Riefenstahl que alguns partilhantes do mesmo ramo de pensamento que o Vitorino facilmente consideram de propaganda. Curioso.
A Riefenstahl sempre recusou liminarmente a classificação da sua obra como propaganda. Mais o Vitorino não tem dúvidas e vai direito ao assunto – aceitemos e exercitemos propaganda. Não se percebe, portanto, porque Riefenstahl se abespinhava tão vivamente de cada vez que alguém lhe punha o carimbo de executora de propaganda Nazi. A decalage de épocas nunca lhe terá permitido ter tomado conhecimento da doce e simbiótica nuance Div-pro?
Pena é que o Vitorino não tenha, de viva vós, exemplificado a coisa Div-pro. Aposto que ele avançaria (há que andar para a frente – com um diabo) Fahrenheit 9/11.
E ainda há quem se espante com os telúricos e gargalhantes ruídos que Salazar faz na cova. Serão barulhos Div-pro?
Tão brilhante, progressista (“para a frente”, não se esqueçam) e intelectual tirada, ajudará a perceber porque George Bush (ou outro ainda pior) se arrisca aos próximos 4 anos de Casa Branca? Se tal vier a acontecer, as suas gargalhadas vão certamente ouvir-se mais que as de Salazar.
Será que o Vitorino também defenderá alguma espécie de variante benigna para a defesa do uso de amas nucleares? Ou talvez a esquerda deva procurar explicações para o rumo que o mundo tem levado e que invoca de tenebroso no seu (dela) aparentemente intrínseco niilismo. A não ser que, no caso da esquerda, se trate de niilismo benigno, saudável, recomendado e recomendável, a ser aos quatro cantos do mundo levado, como boa nova, num voador tapete Div-pro.
Com amigos destes …
Vitorino. Continue a fazer o que faz bem. Componha e cante. Quando fala sem cantar …
02/09/2004
Tiro de couraçado - barco do aborto ao fundo
Até podiam perguntar: e se fossem 20 barquinhos, pediria ajuda à Nato?
01/09/2004
O impossível equilíbrio pacifista
Protestaram violentamente contra Bush por causa do ataque ao Iraque. Não se manifestam, nem por sombras pela mesma medida, contra a execução de reféns, nomeadamente franceses.
Compreende-se porquê - aos executores é indiferente que haja ou não manifestações. A ser assim, significa que não é a questão de princípio que lhes interessa, mas a de poderem, ou não, ‘chatear’ norte-americanos - a única coisa que sabem fazer.
A equação torna-se impossível quando eles protestam contra aqueles para quem o protesto faz algum tipo de moça mas não protestarem contra quem o protestado Bush ataca, mesmo quanto os “agredidos” executam pessoas (claramente civis, de qualquer nacionalidade, por mais proletas que sejam – caso dos nepaleses). A questão da quantidade é suplantada pela qualidade, tanto mais que a quantidade de reféns apanhados só não é superior porque não conseguem.
Onde anda Zapatero? Neste momento deve estar a procurar maneira de encarar os franceses nos olhos. Esta ameaça de execução é perpetrada por aqueles a quem Zapatero cedeu. A Espanha vai desaparecer da cena internacional por muito tempo.
A posição imperial dos norte-americanos vai-se fortalecendo com estas europeias e caricatas cenas. Velha Europa - obsoleta Europa.
E onde anda o pacifismo trans-fronteiriço? Onde estão os movimentos pacifistas internacionais? Não seria suposto aparecerem em apoio dos reféns? Onde estão os muitíssimo badalados milhões de pacifistas ingleses? Não protestam contra a execução dos jornalistas franceses? Ou será que já não o podem fazer porque o não fizeram antes de norte-americanos serem executados?
Na minha opinião os movimentos pacifistas e a esquerda moderna só existem num eixo - contra os norte-americanos. Não têm posição a favor ou contra mais nada, nem lhes interessa, de facto, o que se passa. Havendo norte-americanos no planeta é tudo o que querem saber – bota abaixo.
Entretanto os norte-americanos estão retirando da Europa, deixando-a "sozinha", coisa que, embora possa parecer surpreender e preocupar os pacifistas dirigentes europeus por perceberem que vão ter que os substituir (ouvem-se as gargalhadas de Donald Rumsfeld), não surpreende, de facto, porque eles sabem que os Estados Unidos estão, simplesmente, a fazer o que tem que ser feito, e a fazer, com pouca, ajuda aquilo em que toda Europa os devia ajudar. A ama-seca já não toma conta dos catraios e a criançada já está tentando tapar o buraco declarando que o dispositivo de segurança da Europa tem que avançar (teoricamente). Os americanos podem comportar-se como potência imperial, mas estão fartos de cachopada.
20/08/2004
Patriotismo comercial
Viva o Patriotismo Comerciaaaaaaal (que, a propósito, em que consiste?).
Sinto-me tão 100% satisfeito pelo nascimento de um (progressista, certamente) novo conceito, que proponho o meu próprio: Patriotismo Sexual.
Mas não deixo ninguém em suspenso pela respectiva consubstanciação. O desígnio do dito alcança-se tatuando a bandeira portuguesa nos nossos patrióticos mangalhos. Estou nessa, compatriota Paulo Portas.
E de cada vez que as coisas dêem para o torto ... exibamos a nossa bandeira bem "desembrulhada" aos quatro pontos cardeais (só aos pontos).
Nota importante - é obrigatório que a bandeira não seja exibida amarrotada, ficando à consideração de cada qual o processo a que deitem mão para o conseguir.
... é verdade ... e em relação às mulheres, que fazemos? ... ou melhor, que terão elas que inventar e fazer (a elas próprias claro)? Avencem, patrióticas criaturas. Proponham e exerçam. Se precisarem de ajuda, este vosso servo ...
Beijinhos e abraços (conforme aplicável),
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04/08/2004
Flutuante crude
Por ser algo que muito apreciamos (ou devíamos apreciar) a água serviu como padrão para várias unidades. Uma delas foi a unidade de peso.
Um quilo não é mais que o peso de um volume de água com 10x10x10cm (o mesmo que 1dm3 e o mesmo que 1 litro).
Fazendo contas pode concluir-se que 1m3 de água pesa 1000Kg (1Ton) porque 1 m3 tem 1000 dm3 que pesam 1Kg cada.
Diz o jornal O Público na sua edição de 4 de Agosto,
http://jornal.publico.pt/publico/2004/08/04/LocalPorto/LP05CX01.html
na secção Loca Porto.
"Nada menos de trinta toneladas de crude (o equivalente a seis metros cúbicos) foram já retiradas da marina de Leça durante as operações de limpeza que se seguiram ao violento derrame de sábado passado."
Todos sabemos que o crude flutua na água. De outra forma nunca o crude derramado pelos petroleiros ficaria a flutuar.
Isso significa simplesmente que 1m3 de crude pesa menos do que 1m3 de água.
Diz O Público que 30t de crude equivaliam a 6m3.
Para o crude poder flutuar (e disso basta ver as imagens para ver que assim é), ou teria 30t e mais de 30m3, ou 6m3 e menos de 6t.
Daí se conclui que a notícia refere um tipo de crude especial que, apesar de ter uma densidade muito superior (5t/m3 - 5 vezes mais denso do que a água), consegue flutuar.
Se calhar qualquer coisa está errada. Que a um jornalista sejam dadas indicações erradas, não admira. O que é de estranhar é que coisa tão simples (matéria do ensino básico) passe despercebida e seja publicada.
A não ser que este crude, de tão espantosas características, flutue por inspiração divina.
29/07/2004
Urânio, chumbo e ai ai, que me dói a mona
Rezava algo assim:
"Às vezes não percebíamos a indiferença com que os tanques Iraquianos iam direitos a nós, em campo aberto, podendo nós acertar-lhes a uma distância a que as balas deles nunca nos atingiriam.
Os poucos sobreviventes ficavam de mãos atrás da cabeça até que fossem feitos prisioneiros e após o que apontavam para os nossos tanques e diziam qualquer coisa que nós não percebíamos.
Tanto insistiam apontando para os tanques que mandámos vir um intérprete que nos informa que eles estavam simplesmente a pedir para tocarem com o dedo nos nossos tanques.
Tanto pediram que nós deixámos.
Tocado o tanque eles ficavam estupefactos e perguntavam de que era feito o tanque, ao que nós respondíamos que eram feitos de aço e urânio empobrecido.
Perguntámos nós então porquê aquela insistência em tocar os tanques, e eles responderam que os generais deles lhe tinham garantido que não tivessem medo dos nossos tanques porque eram feitos de ... contraplacado."
Voltando à reincidente suspeita, porque será que, na Europa, de cada vez que há problemas bizarros com a saúde dos soldados se canaliza a coisa para o urânio empobrecido, fazendo testes para determinar se sim ou não, e não se canaliza a coisa no sentido de investigar, mais abrangentemente, que diabo de coisa está a provocar problemas?
Até parece que, havendo problemas, algum encobridor insuspeito projecta a coisa no sentido do urânio re-camuflando o problema.
Por mim, se for ao médico tendo um problema, espero que o médico tente perceber o que tenho eu, e não simplesmente se tenho qualquer coisa que desconfio ter, ou que alguém sugere ao médico que averigue. Neste último caso, só sugeriria a um médico de um amigo meu que averiguasse determinada coisa de que esse meu hipotético amigo se queixasse, se eu estivesse a envenena-lo com outra coisa qualquer.
Do ponto de vista da radiação ionizante (capaz de escavacar outros átomos) o urânio empobrecido é incólume (liberta protões - atomos de hidrogénio sem electrões - a alta velocidade, que, normalmente, não viajam mais de meio metro). Do ponto de vista químico é perigoso (como o chumbo, que se despeja pela caça, por esses campos, aos milhares de toneladas), mas, neste modo, para haver problema tem que se encontrar urânio no corpo da vítima … o que nunca tem acontecido …
Evidentemente que ninguém gosta de lamber ou manusear urânio empobrecido, como ninguém deve lamber ou manusear chumbo (que aliás é produto do decaimento do urânio), mas dar-lhe poderes mágicos (ou de macumba) parece demais. As fábricas de electrónica, que manuseiam grandes quantidades de chumbo contido na solda (estanho + chumbo), sugam os vapores da solda derretida e canalizam-nos para filtros onde os átomos de vapor do chumbo é suposto ficarem retidos.
Mas enfim, já se sabe que não vale a pena lutar contra “dados adquiridos”.
16/07/2004
Soldados da ONU são acusados de violarem crianças no Congo
Hipotéticas razões para que não haja alarme:
1 - As tropas não são americanas.
2 - As tropas não usam máquinas fotográficas (coisa que alegraria os media).
3 - São, em geral, tropas de origem africana - tudo em família, portanto.
4 - Os pacifistas de circunstância não sabem que em África se pratica sexo à margem do direito internacional – o único de que eles ouviram falar.
Face às 4 hipóteses anteriores, não parece que a inicial (calinada Bushista) tenha pernas para andar, ou já teria caído o Carmo e a Trindade.
Alguém mais vislumbra outro plausível motivo?
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15/07/2004
Cabeça de tijolo
Dizia ela: "A democracia é feita de formalidades".
Ele achava tal, só como forma de protelar o anúncio de um candidato à liderança do PS. Ele achava, portanto, que não fazia sentido anunciar candidaturas sem que elas fossem formalmente apresentadas.
Uma formalidade, muito importante, fundamental à democracia.
O facto de o Presidente da República ter escolhido uma das duas hipóteses para que formalmente a constituição apontava, e, de acordo com os poderes que a constituição formalmente lhe atribuí, e ter nomeado novo 1º ministro, parece, surpreendentemente, ao PS, inaceitável, supõe-se que por não ser um dos tijolos constituintes da democracia.
Ou ele ou Ferro Rodrigues merecem levar com um formal tijolo na cabeça.
Este puzzle só se consegue perceber se se considerar que o PS, como cabeça, tem um monte de tijolos.
PS. Já alguém apanhou o desertor Ferro Rodrigues? O eleitorado que votou no partido à frente do qual ele se apresentou em duas eleições seguidas anda à procura dele. Parecem não estar dispostos a aceitar o que umas dúzias de barões vão escolher num qualquer fumarento congresso. O que eles querem é ver o dirigente apresentado e votado há pouco tempo, e não um outro qualquer, gerado à pressão. De outra forma o novo dirigente nunca terá legitimidade.
Se Alguén não perceber, consulte as declarações de Ferro Rodrigues antes da polémica decisão do PR.
12/07/2004
A decisão do Presidente da República
Eu, pessoalmente, pendia entre as duas. Se, por um lado, me parecia que a segunda opção poderia resolver mais definitivamente o problema, por outro suspeitava que a primeira teria o mérito de não deixar que este jardim à beira-mar plantado viesse a cair numa guerrilha institucional permanente de cada vez que uma eleição, ou mesmo uma sondagem, não resultasse de feição a quem quer que fosse que se encontrasse no poder em determinado momento. Nessa altura o precedente criado pela dissolução do parlamento iria dar largas à mais desbragada, intempestiva, folclórica e populista reclamação de legitimidade de exercício do poder.
Não posso avaliar o que poderia ter ocorrido se o PR tivesse decidido em sentido contrário, mas a verdade é a decisão foi tomada e é sobre ela que a história se poderá debruçar.
Nessa perspectiva estrebucharei um pouco sobre o efeito secundário mais imediato da dita decisão, a demissão de Ferro Rodrigues (FR).
FR reclamava eleições antecipadas porque a composição da AR já não espelhava a vontade do eleitorado e porque o apontado novo primeiro ministro não se havia apresentado para esse efeito nas últimas legislativas.
Claro que este tipo de argumentação tem uma razoável base de sustentação política (embora pouca formal), muito embora também a argumentação saída da maioria da AR proponente de suporte a um novo governo tivesse sustentação (talvez um pouco mais formal que política).
A verdade é que a proposta de dissolução, podendo ser a mais correcta face ao país real, é a que mais navega ao arrepio da constituição gerada pelos eleitos que o mesmo país real têm vindo a eleger. Isto aplica-se num ponto em especial: as eleições realizadas foram para o Parlamento Europeu e não foram legislativas.
Claro que se pode invocar que se fossem legislativas, o resultado seria o mesmo. Talvez, mas isso é adivinhação.
O problema é que, neste momento, face ao pedido de demissão de FR, quanto mais valor se der à argumentação que ele apresentou em favor de eleições antecipadas, mais valor se obtém a favor da posição contrária.
Contrariamente ao que me parece acharem a maioria dos portugueses, pareceu-me que a retirada de Guterres foi um acto de coragem, de quem percebe que tendo as coisas descarrilado substancialmente, e face ao cansaço dele próprio e à fatiga dos poucos que ainda não tinham debandado das suas fileiras (quando cheira a esturro os ratos fogem), a melhor solução para o país seria passar o poder a um governo de outra cor. Nada que não tivesse já acontecido anteriormente, nomeadamente com Cavaco, que saiu da vida política (pelo menos até ver) deixando o partido suficientemente armadilhado para garantir que as eleição seguinte transferisse o poder a outro partido político. Tanto no caso de Cavaco, como no de Guterres, foi um acto de coragem, de quem percebia ter as rédeas de um poder que se tornava contraproducente aos interesses do país e as larga, cedendo-as a quem mais energia tivesse para as agarrar.
Evidentemente que se tratava de as largar aos inimigos figadais. Mas quando se trata de transitar da oposição ao poder, os partidos têm inflectido bastante as posições que defendiam enquanto oposição para, de alguma forma, convergirem em função da uma política face ao país real e em detrimento de um país inventado para consumo oposicionista, como alavanca para colher chavões facilmente deriváveis dessa virtual realidade.
A dita “fuga” de Guterres, como, pelo mesmo prisma a “fuga” de Cavaco, não foi, para mim, mais que um acto de responsabilidade que se deve respeitar. Aliás, Guterres já contava com 6 anos de governação. Pode dizer-se que Cavaco não interrompeu o seu mandato, mas, Cavaco terá simplesmente sido salvo pelo gongue.
A fuga de FR é absolutamente incompreensível …
FR foge mesmo sem ter o desgaste da governação e desgaste nas suas fileiras (que nem chagaram a existir) … e os eleitos nas eleições para o Parlamento Europeu ainda nem sequer tinham aquecido a cadeira.
FR foge mesmo tendo do seu lado todo um eleitorado que nele teria, segundo argumentava antes de perder a causa junto do PR, votado de fresquinho.
FR foge quando se esperava que se mantivesse fiel aos que nele tinham recentemente votado.
FR demonstra não estar à altura (nem sequer tendo o fardo atenuado de oposição) de defender os seus eleitores.
As consequências são inúmeras ...
Até que se realizem novas eleições (e nem discuto de que tipo pois, para o PS, o facto das últimas europeias não serem legislativas não era problema), nenhum outro dirigente socialista poderá invocar as recentes eleições europeias como prova de legitimidade popular. Se Santana não tinha legitimidade política para ser primeiro ministro por nunca ter sido apresentado como pretendente ao cargo, qualquer outro futuro dirigente socialista ficará em idêntica posição, mesmo que como líder da oposição, tanto mais que se sentará na AR, em lugares de eleição directa (o primeiro ministro não é).
Nunca mais o PS poderá fulanizar este tipo de questões (coisa que, aliás, nunca devia ter feito), porque só o correr de muito tempo apagará o percalçozito. Caso contrário alguém lembrará que o PS é incapaz de reconhecer e manter a mais ténue ligação eleitor ao eleito porque este, no caso do PS, se poderá afastar logo à primeira dificuldade.
Imaginemos FR como primeiro ministro (longe vá o agoiro). Ao primeiro decreto chumbado pelo Tribunal Constitucional, lá se demitiria o sensível dirigente, como pétala de papoila.
…
A decisão do PR foi a correcta. Talvez o PR tenha decidido desta forma, não por vontade de que não houvesse eleições, mas por saber quão de pouca confiança era Ferro Rodrigues.
Em boa verdade o Partido Socialista devia fazer renunciar ao mandato os seus eleitos ao Parlamento Europeu. Quebrada a ligação do seu líder com o eleitorado, que legitimidade política tem os seus deputados? E que dizer dos deputados socialistas na Assembleia da República? Com que chapéu passarão a fazer oposição? Como justificar que o PSD, pelo afastamento do seu líder, tenha deixado de ter legitimidade suficiente, justificativa a dissolução da Assembleia da República, cujos deputados foram tão directamente eleitos como os do PS? De que direitos monárquicos da idade média pensa gozar o PS, que quer negar ao PSD?
O PR decidiu acertadamente. A direita nem sequer vai precisar procurar limar as suas arestas porque o Partido Socialista deu, voluntariamente, dois tiros em cada um dos próprios pés.
O PS precisa uma desinfecção generalizada porque começa a transparecer um ódio visceral que, cada vez mais, aparenta ter ao povo. Como monárquicos do século XXII, o PS parecer ter dificuldade em reconhecer o eleitorado como digno de qualquer espécie de respeito. Nesta matéria já pouco falta para ultrapassar o Bloco de Esquerda.
O PS e, em especial Ferro Rodrigues, ainda não percebeu que já nem a direita considera que o PR é “dos nossos” ou “dos deles”, e que há coisas resolúveis à canelada telefónica para este ou para aquele “dos nossos”.
Convém que o PS dedique os anos mais próximos a uma desinfestação interna simultânea com a retirada de esqueletos dos armários e seu envio ao ferro velho.
Convém que o PS não seja acometido da tentativa da travessia do deserto por avião. Ir a pé, neste caso, é o mais recomendável, para que possam readquirir alguma relação com a realidade.
Talvez tenha sido a mais difícil e acertada decisão de política interna que um PR jamais tenha tomado desde o 25 de Abril.
A oposição ficou, portanto, absolutamente manietada pela deserção de FR. A não ser que alguém ainda nutra alguma esperança pelo PC …
E esperemos não ser que a direita se espalhe completamente (estão lá todos os ingredientes para a hecatombe)… deixando um país caótico entregue a um caótico e derivante PS.
PS. Quando a Ana Gomes, tem sido tão incompetente como política quanto competente foi, como embaixadora, em Jacarta. Compreende-se as razões que a movem contra Durão Barroso o ao PSD face a espezinhamentos anteriores de que foi vítima, mas é contraproducente que um político paute a sua acção por ódios figado-viscerais, mesmo que contra George Bush.