31/12/2005

Bom ...

... ano novo.

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Observadores da UE abandonam Rafah

No Expresso de 30 de Dezembro de 2005.

Observadores da UE abandonam Rafah

Os observadores da União Europeia (UE) presentes na Faixa de Gaza foram hoje instados a abandonar o terminal de Rafah, na sequência da tomada de controlo dessa fronteira meridional por dezenas de polícias palestinianos.

Segundo a página digital da BBC, dezenas de polícias palestinianos tomaram de assalto o terminal de Rafah, inconformados com a crescente falta de ordem na Faixa de Gaza e em protesto pela morte de um colega, quinta-feira, num confronto com activistas.

A polícia, apoiada por homens armados do Partido Fatah, bloqueou o acesso a essa fronteira com o Egipto e obrigou os observadores da União Europeia a abandonarem o local.

A passagem de Rafah foi aberta em 25 de Novembro e conta com uma missão de observadores da União Europeia (UE), segundo o acordo assinado entre israelitas e palestinianos, com a mediação internacional.

Nos termos do acordo, os monitores da UE devem estar presentes para que o terminal possa estar em funcionamento, assinala a BBC.

«O terminal de Rafah está encerrado porque os monitores partiram», disse Guardia à agência Reuters, citada pela BBC, mas os monitores deverão regressar assim que a sua segurança esteja garantida.

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30/12/2005

Mário Soares, o Calimero


Mário Soares mostra-se muito incomodado porque os grupos de comunicação social são favoráveis a um outro candidato, não tendo uma informação objectiva.

Pena é que Mário Soares não se tenha manifestado no mesmo sentido pelo anti-americanismo primário que os mesmos grupos têm vindo a exercitar.

Esta situação só não é paradoxo porque Mário Soares se está nas tintas para a qualidade da informação. O que lhe interessa saber, é se a falta de isenção é ou não a favor dele.
Quando se trata de malhar nos norte americanos, Mário Soares está-se nas tintas para saber se está ou não a alinhar numa manobra de mera propaganda. Não se importa nada com a estirpe da manobra em que apanha boleia. Nessa altura, a objectividade, (de cuja falta se acha vítima) é coisa que o não preocupa.

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Arauto



Eu sei que estou a "apontar" muito e a escrever pouco. Enfim, efeitos do bolo-rei.

No Blasfémias:

O Difícil Caminho da Liberdade

No Mitos Climáticos:

Neva em Quioto
No No Pasaran:


"Jack, juras continuar a lutar pelas nossas vantagens
sociais?"

"Direitos sociais, direitos sociais"

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29/12/2005

O vetusto monárquico (b)



Este meu anterior artigo, nunca esteve tão actual.

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Ar mesmo puro



O disco de formação de planetas denominado IRS-46.

História completa aqui (em inglês).

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28/12/2005

Actualização

Este artigo foi actualizado.

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Cavaco Silva meteu a pata na poça

Sobre a história do Secretário de Estado exclusivamente vocacionado para as empresas estrangeiras.

Este artigo de Aspirina B, parece suficientemente esclarecedor.

... Já para não falar da preniciosidade de haver um tratamento especial face às empresas nacionais. Mais dinheiros públicos (impostos) na economia?

Este incidente só não deverá ensombrar a sua eleição porque é uma gota de água no oceano de disparates emitidos pelos restantes contra-candidatos.

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27/12/2005

Deixa lá


No Jornal da Madeira, Serafim Marques faz um excelente diagnóstico de um dos cancros que nos mina.
Deixa lá

Quem se demitir, mesmo no seu simples papel de cidadão anónimo, acabará por poder vir a ser vítima do seu próprio “deixa lá”. Este é um esforço individual e colectivo e não apenas do Governo. Ou vamos esperar que venha alguém para pôr termo a esta bagunça? Se, nos nossos papéis, optarmos pelo “faz de conta” ou pelo “deixa andar”…

O nosso filho, ainda pequeno, porta-se mal e nós não conseguimos educá-lo? Atenuamos a nossa mágoa, com o desabafo: “Deixa lá, quando for crescido vai aprender com a vida”. Depois, já adolescente, aliando a rebeldia com a má educação, voltamos a repetir, perante a nossa impotência em exigir dele comportamentos e hábitos adequados, quer seja de comportamento, de estudo, de educação, etc: “Deixa lá, na escola vai aprender a ser educado e respeitador”. Mais adiante, diremos que será (era, quando ela foi, de facto, uma “escola de homens”) a tropa que fará dele um homem. E se mesmo assim continuar a portar-se mal, diremos que será o “patrão” e pô-lo na linha. Nalguns casos, ficaremos até à espera que seja o casamento que fará dele um homem ou, na outra situação, uma mulher.

Concluiremos, assim, que nas várias fases da educação e da socialização do ser humano e perante a nossa inabilidade ou comportamentos do “deixa andar e não te rales”, acabamos por optar pela atitude do “deixa lá”. Ficamos, assim, à espera que sejam os outros a desempenharem os nossos deveres e obrigações, substituindo-nos nas nossas funções de educadores perante os nossos educandos.

Na sociedade e face a situações de falta de civismo, reagimos: “não há ninguém que faça nada contra isto?”. Arranjamos um ‘bode expiatório’, podendo subir até ao “Governo” ou mesmo até ao Presidente da República, em vez de agirmos e “denunciarmos”, mesmo que seja com uma simples palavra de reparo ou de crítica. O nosso comodismo, leva-nos a, mais uma vez, desabafarmos: “Deixa lá, um dia vai pagar os erros”. Na vida comercial, se formos mal atendidos, por exemplo, ao balcão ou pelo telefone, voltamos a refugiar-nos no nosso comodismo e: “deixa lá, nunca mais cá volto ou compro este bem ou serviço”. Em vez de exigirmos os nossos direitos e denunciarmos as situações incorrectas, corrigindo, assim, os erros dos diversos agentes e cidadãos, “calamos e consentimos”, este outro típico comportamento português.

Mesmo nas instituições, sejam empresas ou outro tipo de organismos, também aí e perante comportamentos de falta de apego ao trabalho, da falta de ética, de comportamentos incorrectos ou mesmo de “real dolo ou prejuízo”, intencional ou por desleixo e omissão, também mais uma vez, dizemos: “deixa lá, pode ser que venha a ser punido”. Ou então, quando a empresa falir, vai conhecer também os “amargos” dos seus comportamentos, consolo de refúgio que encontramos perante a nossa incapacidade para “educar” os maus trabalhadores. Depois, vemos, por esse país fora, muitos trabalhadores a gritarem, porque lhes vai faltar o rendimento de trabalho e, com ele, as suas vidas e das suas famílias, podem atingir situações de verdadeiros dramas. Culpam o “patrão”, mas não olham em redor para, dentre o grupo de colegas trabalhadores, encontrarem alguns deles, qual Judas que traiu Cristo, que contribuíram, com as suas atitudes e os seus comportamentos, para a falência ou para a deslocalização da empresa, para países onde a “mão-de-obra” é mais aplicada e não apenas mais barata do que a nossa. Assim, não evoluímos e não contribuímos para que, também na vida económica, se separe o trigo do joio”.

Os cidadãos mais conscientes e lúcidos, dizem que a sociedade e as suas instituições estão em crise. Os mais optimistas, contrapõem dizendo que sempre foi assim e mesmo no “caos social” a sociedade evoluiu. Não creio que tenham razão, mas, num país pluralista, teremos que aceitar as suas teses. Contudo, verificamos que alguns países evoluem (muito) mais do que nós, portugueses. Por que será?

Os professores, por estarem quase permanentemente em conflito com tudo e com todos, desde há cerca de trinta anos, esquecendo aqueles que são a sua razão de existirem — os alunos, queixam-se de que estes vêm mal-educados das famílias e os educadores (pais) queixam dos “mestres” que se demitem também dos seus papéis de formadores e de educadores. De parte a parte, as acusações crescem e a vida de algumas escolas é um autêntico inferno. Muitos, pensarão ou dirão: “esforçar-me eu?” Deixa lá que alguém virá atrás e fechará a porta mas, tipo bola de neve, que na minha opinião, pessimista, o problema vai crescendo, e a nossa sociedade anda já à deriva e à espera do surgimento de líderes (não esperemos por um qualquer D. Sebastião) e que conduzam este barco para bons portos. Mas, acima de tudo, precisamos de pessoas que não se demitam dos seus deveres e das suas obrigações e reivindiquem também pelos seus direitos. Como cidadãos, pais, educadores, professores, dirigentes, colegas, polícias, juízes, etc., temos o dever de exigir aos outros atitudes e comportamentos adequados, se pretendemos evoluir, como país e possamos melhorar a nossa qualidade de vida em sociedade. Quem se demitir, mesmo no seu simples papel de cidadão anónimo, acabará poder vir a ser vítima do seu próprio “deixa lá”. Este é um esforço individual e colectivo e não apenas do Governo. Ou vamos esperar que venha alguém para pôr termo a esta bagunça? Se, nos nossos papéis, optarmos pelo “faz de conta” ou pelo “deixa andar”, será muito cómodo, mas se não estivesse em causa a nossa própria sobrevivência como povo e como nação independente.

SERAFIM MARQUES
Economista

Hasta la vista ...


Um estádio, em Graz, Áustria, passou a ter um nome genérico, substituindo o anterior - Estádio Arnold Schwarzenegger – em homenagem ao conterrâneo agora governador do Estado de Califórnia, e por este não ter comutado a pena de morte a Stanley Tookie Williams (via No Pasaran).

Outros nomes terão sido sugeridos: “Pós Crips” (Crips era o nome do gang que Stanley Williams fundou) e “Hakoah” em homenagem a um clube desportivo judaico banido após a invasão da Áustria por Hitler.

Segundo o New York Times, uma sondagem de um jornal local terá apurado que 70% dos habitantes locais se oporiam à alteração.

...

E ainda há quem se surpreenda que os europeus votem contra as pretensões das respectivas elites políticas.

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O bafo ~~~~~

O ano está a dar bafo. Perdeu o fôlego.

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26/12/2005

O Verde Jerónimo



Os Verdes resolvem apoiar Jerónimo de Sousa ...

Branco é, galinha o põe.

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23/12/2005

Arauto



No Abrupto, fundamental ler.
Os direitos do estado e os nossos

Excerto:

Mesmo que não houvesse uma intenção perversa, há certamente grave negligência. Dá trabalho e exige profissionalismo fazer investigação usando os recursos tradicionais, logo usam-se as escutas indiscriminadamente porque é mais fácil. A negligência que já existia na investigação tradicional emigra para as escutas. Estas, mesmo em processos em que seria legítimo serem usadas, são muitas vezes feitas de tal maneira descuidada que acabam por ser anuladas como meio de prova. Tudo vive do puro facilitismo - dá-se-lhes a bomba de neutrões e eles, em vez de usarem uma vulgar granada ofensiva, matam tudo à volta, usando a bomba e não a granada. É como matar os peixes a dinamite, para apanhar um, morre o rio ou o lago inteiro.

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22/12/2005

Reciclemos o TGV

Porque não pedimos à Rayanair para fazer uma ligação Porto Lisboa? Aos preços anunciados aqui, 10 Euros, (via Blasfémias), podia mandar-se às urtigas o TGV.

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A Optimus e a língua Portuguesa

Em relação a este anterior post, a Optimus informa que vai proceder à alteração da mensagem.

É sempre agradável ver respeitar a língua portuguesa.

Errar é humano. Corrigir o erro, ainda mais.

Não posso deixar de me manifestar surpreso pela velocidade de resposta. Note-se, que só há três dias informei a Sonae do artigo do Blog. Eles foram mais rápidos do que eu.

Se o caso se desse com uma entidade pública, desenrolar-se-iam vários cenários, listados por ordem de probabilidade (podia lá eu deixar passar esta oportunidade de cascar ...):

1 – Não haveria resposta e negariam ter recebido a reclamação.

2 – Confirmariam a recepção da reclamação, mas nunca responderiam.

3 – Responderiam 2 anos depois, dizendo que não teriam percebido.

4 – Responderiam 2 anos depois mas informando que nenhuma alteração seria feita pois tratar-se-ia apenas de “gramática moderna”.

5 – Responderiam 2 anos depois dizendo que reconheciam o erro mas que não se justificaria qualquer correcção.

6 – Responderiam 2 anos depois dizendo que iriam corrigir, mas tal nunca aconteceria.

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124 - Responderiam 1 anos depois dizendo que iriam corrigir. Passados mais 2 anos corrigiriam, mas substituiriam o erro por outro erro.

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348 – “... ainda o dia é uma criança ...“
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99º?

Dizem que este blog está em 99º lugar.

Coisa esquisita ... !!!

Cheira-me a esturro de medalha de cortiça.

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20/12/2005

Debate entre Cavaco Silva e Mário Soares - rescaldo

Como eu já esperava, Mário Soares espalhou-se. Na minha opinião ficou no limbo, entre as posições de contra-candidato e entrevistador.

"Fui entrevistado por 3 pessoas, os 2 entrevistadores mais o Dr Mário Soares" comenta Cavaco à saída. Pois.

Depois, naRTP-1, aparecem os morangos, do Diário de Notícias e Público a opinar. A orgia do disparate. Comentam a cor das moléculas das salivas dos candidatos. Tirem-me deste filme.

O Blasfémia, tem uma excelente análise gráfica do debate.

O Desesperada Esperança tem também uma excelente análise, numa perspectiva mais alfanumérica.

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Debate entre Cavaco Silva e Mário Soares

... em directo ...

... Soares diz que nunca fez ataques pessoais ... !!!!

... Soares continua à procura de esqueletos ...

O "debate" tem 3 entrevistadores: os dois jornalistas e Mário Soares. O entrevistado é Cavaco Silva.

Soares tentou a técnica da interrupção do discurso do adversário. Cavaco ignorou-o e perguntou se podia continuar.

Mário Soares usa demasiado a palavra "ele". ... ele, ele, ele, ... Soares e Cavaco falam da mesma pessoa: de Cavaco.

Soares insiste em falar do passado, Cavaco do que propõe para o futuro. Soares, de esqueletos. Cavaco, de bébés.

Soares não voltou a tentar interromper Cavaco. Terá percebido que achincalhar é falta de educação?

---- intervalo ----

Durante a 1ª parte, o contra-candidato Soares nada disse sobre o que propõe. Limitou-se a acirrar espantalhos.

---- 2ª parte ----

"... mas eu queria voltar atrás em relação a [não sei o quê] que falou Cavaco Silva ..." diz Soares.

Cavaco continua a explicar o que propõe, Soares a dar-lha a oportunidade de o continuar a explicar.

Soares volta a tentar interromper, Cavaco lembra que está no uso da palavra.

"Até este momento só se falou das minhas ideias ..." diz Cavaco. Pois.

"Não tem uma formação política", diz Soares de Cavaco. Soares ainda não percebeu que isso joga a favor de Cavaco.

"Estamos a perder tempo falando de coisas de há 10 anos", diz Soares depois de não ter feito outra coisa todo o tempo. E volta a falar do passado.

"Eu pensava que se ia passar para o futuro, afinal voltámos às vacas gordas e vagas magras" responde Cavaco. Pois.

"Voltando ao ponto fundamental", diz Soares. E volta a falar de Cavaco. Segundo Soares, o ponto fundamental é Cavaco.

Soares levanta os espantalhos de Cavaco ser, ou não, social-democrata. Cavaco responde que os portugueses o vêm como tal. Pois.

Soares volta a falar de Cavaco Silva ...

Mário Soares fala de subversão do regime, mas diz que tal não está em causa.

Cavaco diz que ainda não se sabe o que pensa Mário Soares. Mário Soares diz "mas eu explico". Pois, estamos todos à espera.

"Como se continua nas minhas ideias ... eu continuo ..." diz Cavaco.

"Eu nunca dissolvi a Assembleia da República. Eu só dissolvi a Assembleia da República porque ..." ... "Eu nunca dissolvi a Assembleia da República" diz Soares. E continua a falar do passado.

Parece que vai falar do futuro ... não. Volta a falar do passado. Volta a falar de Cavaco. Agora diz que Cavaco "teme o convívio dos outros". Soares diz que "sabe o que lhe diziam" de Cavaco, nas reuniões na Europa. Mas não consubstancia o que lhe diziam. A deselegância total. Brutalidade, mesmo.

Mário Soares diz que Cavaco Silva nada diz da globalização, mas que disse (!), mas não se manifesta sobre qual a "boa" globalização. Volta ao passado ... os galões ... as bruxas ... os espantalhos ...

Cavaco explica (novamente) o que é a globalização. Mário soares deu-lhe essa oportunidade. "a globalização não é algo que possamos escolher" diz Cavaco. Mário Soares diz que "isso toda a gente sabe" ... no comments.

Soares volta a tentar interromper, Cavaco pergunta se pode continuar.

Mário Soares reclama que Cavaco nada sabe da "cidadania global". E volta a falar de banalidades.

Mário Soares, que ainda não falou de outra coisa que de Cavaco Silva, diz que a comunicação social fala demais de Cavaco Silva.

Soares queria um debate à moda dele. Aquele que, segundo me recordo bem, nunca ninguém conseguia perceber coisas alguma.

Intervenções finais:

Soares - O PR serve para exercer o poder moderador. Eu estou nas melhores condições nesse sentido.

Cavaco - Não tenho atacado ninguém ... pensem nos vossos filhos ... posso ajudar os portugueses a ultrapassar esta fase difícil. Escolham em consciência.

... a finalização de Cavaco foi um pouco frouxa.

... FIM.

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Arauto



No A Blasfémia:

As Farmácias e o PIB
No Causa Nossa:

De mal a pior

No Mitos Climáticos:

A Natureza, em particular o clima, não é sensível a debates burocráticos e políticos sobre a sua situação. Era bom que os dez mil viajantes tivessem tido a pretensão de começar a perceber a actual dinâmica real do tempo e o clima.

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Darwin e "intelligent design"

Um juiz federal da Pensilvânia decretou que o "processo"(??) "intelligent design" - nova forma de encarar o criacionismo parida pelos criacionistas - não pode ser ensinado (em inglês) - {via A Blasfémia}.

Ainda não abordei decentemente este desenvolvimento, mas está relacionado com este exercício desconchavado de propaganda.

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19/12/2005

Que distraídos que nós temos andado ...

Actualização (2005.12.28): Aqui está uma excelente ponta por onde Ana Gomes podia pegar: gregos, insigne autoridades em matéria de multilateralidade, e pela mão dos respectivos serviços secretos, em multilateral colaboração com os serviços secretos ingleses.




Para classificar as reacções dos líderes europeus à história do transporte de prisioneiros, pela CIA, em territórios da Europa, Colin Powell usa uma passagem do filme Casablanca.

No filme, refere o inspector: “Estou chocado. Chocado que este tipo de coisas tenham acontecido” - “I'm shocked, shocked that this kind of thing takes place."

Ana Gomes, no blog Causa Nossa, escreve, a determinada passagem: “Por isso o Parlamento Europeu não vai largar.”

Ora aqui está uma coisa sensata. Só não se percebe porque não começa Ana Gomes por sugerir aos seus colegas, deputados ao Parlamento Europeu, que se olhem ao espelho.

Assobiam todos para o lado?

Será que os candidatos a deputados ao Parlamento Europeu são todos escolhidos a dedo por serem “distraídos”?

E Ana Gomes, não sabia de nada? Já lhe terá ocorrido perguntar ao seu próprio partido o que se sabe sobre o assunto? Ou receará que lhe apontem o espelho?

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Em matéria de bruxas, está a rapar-se o fundo ao tacho

Em Portugal, os contra-candidatos às presidenciais já acicataram todas as bruxas contra Cavaco Silva. Só falta a arma atómica: a que “informa” ser Cavaco Silva a mais recente reencarnação do “comedor de criancinhas ao pequeno almoço”.

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Iraque – a desinformação e propaganda continua

A generalidade dos meios de comunicação social portugueses, pautaram-se, durante os últimos anos, por uma autista campanha de propaganda contra os Estados Unidos (anti-americana).

Não foram só os meios de comunicação social. Pelo menos publicamente, a maioria dos meios políticos, embarcou numa cretina campanha pacifista motivada por uma imbecil tentativa de angariação de votos locais, à custa de um tácito apoio à manutenção da sociedade iraquiana debaixo do jugo de Saddam.

O futuro tem-se encarregado de demonstrar quão errados estavam.

O problema (para eles) é que provavelmente se passou já o ponto de viragem.

Tendo ruindo, um a um, os argumentos dos que se opunham à guerra, já só a instabilidade ainda permanecente no território iraquiano lhes dá algum fôlego para continuar a debitar disparates, muito embora muito mais tímidos. Há até quem vislumbre forças terroristas e insurrectas no território. Umas, as que desenfreadamente chacinam civis nas ruas, mercados, mesquitas, seriam simplesmente terroristas. Outras, “insurrectos”, pretenderão simplesmente libertar o território do jugo norte americano. As primeiras são, pelos abstrusos opositores à invasão, ilegítimas. As segundas são, segundo os mesmos “pacifistas”, legítimas ou “compreensíveis”.

O problema é que existe um factor que desarma os permanecentes argumentos. O povo Iraquiano não desiste, e trilha, com vontade férrea, os caminhos que lhes foram abertos pelas tropas libertadoras, maioritariamente norte americanas.

Em eleições legislativas, todos os iraquianos (desta vez até os sunitas) aderiram ao processo e foram às urnas.

Mesmo assim a parvoíce impera e os jornais são espelho do autismo que diante dos nossos olhos desfila.

No dia das eleições legislativas, o jornal “O Público” publica, na capa, um título falso sobre as declarações de George Bush acerca das eleições iraquianas.



No dia seguinte, o mesmo jornal publica em capa um título minúsculo sobre o sucesso das eleições em termos de corrida às urnas. Neste último caso, é tão óbvia a imbecil ponderação de importância dos factos do dia, que King Kong ocupa um espaço infinitamente superior ao espaço ocupado pelas linhas sobre o Iraque.



Tratando-se, claramente, de mais um exercício de desinformação e propaganda, sugiro a leitura deste e deste artigos que caracterizam bem o que está em cima da mesa.

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18/12/2005

A RTP e El Kabong


António Esteves Martins, jornalista da RTP, remata nestes termos, no Telejornal da RTP-2 de 5 de Dezembro, a ausência de acordo quanto ao orçamento da Comunidade Europeia:


“Uma proposta inteligente e chantagista do primeiro ministro que se bate em duas frentes: internamente, Tony Blair não pode dar de bandeja aquilo que Margaret Thatcher conquistou há 21 anos; a nível europeu, Tony Blair sabe melhor que ninguém que a ausência de um acordo abala o seu prestígio pessoal e diminui o poder de influência do Reino Unido.

Perante estas opções uma solução: retirar dinheiro aos mais pobres para fazer calar os ricos. Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, comparou Tony Blair ao Xerife de Nottingham recordando assim as peripécias de Robim dos Bosques.”
António Esteves Martins veste a roupa de El Kabong para castigar o Xerife de Nottingham, para defender o Robim dos Bosques.

El Kabong supõe que é chantagismo defender uma conquista. El Kabong não põe em causa a conquista, mas põe em causa a sua defesa.

El Kabong, afirma que o prestígio do chantagista Tony Blair pode ser posto em causa. Não contente, afirma que o prestígio do Reino Unido também pode ser posto em causa. Não explica se esse prestígio terá sido alcançado no campo da chantagem.

Dando de barato que Tony Blair (e Reino Unido) tem prestígio (coisa espantosa para quem “mente” recorrentemente, é dado como “desacreditado” e “à beira do abismo por falta de apoio da população”, etc, - o blá blá do costume) , El Kabong não explica como supõe ter sido possível que um chantagista tenha conseguido almejar e alcançar prestígio para si e para o seu país, no seio da comunidade. Terá sido por ter “invadido” o Iraque?

Mas toda a pérfida trapaça é descodificada logo de imediato por El Kabong, que é capaz de perceber (coisa reservada a iluminados) qual a “solução” que Tony Blair tinha gizado para se salvar da desgraça: “Tirar aos pobres para dar aos ricos”.

El Kabong podia dizer que os ricos se estavam a cansar de sustentar os militantemente pobres – aqueles que, apesar de lhes despejarem dinheiro na cabeça insistem (como tem sido o caso de Portugal) em esbanjar o graveto caído da árvore das patacas. Podia ter dito que os ingleses estavam cansados de dar dinheiro para manter obsoletos estados de coisas. Mas isso poderia ser visto como um colocar dos “pobres” perante as suas responsabilidades e, por definição, pobres são irresponsáveis.

Para rematar, El Kabong “esqueceu-se” de fazer notar que era da cabeça dele próprio que saía a ideia da comparação de Tony Blair ao Xerife de Nottingham e não de Durão Barroso. Mas convinha dar alguma idoneidade à peça (coisa que, aparentemente, ressaltava à consciência de El Kabong) nomeando Durão Barroso voluntário e dando-lhe guia de marcha para o cartoon do “nosso” heroi.

À RTP há que chamar a atenção que, ou se esqueceu de anunciar desenhos animados, ou se esqueceu de anunciar uma aula de propaganda.

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No Desesperada Esperança, outro artigo sobre o mesmo "cartoon".

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Os arruaceiros não reconhecem querubins

Quem diria que isto podia acontecer em França, país profundamente “multilateralista” e cumpridor da “legalidade internacional”.

Sugiro também a leitura deste meu anterior artigo.

Ou isto “é coisa da CIA”, ou os “pacifistas” europeus estão, pouco a pouco, a ter que engolir o que disseram.

Artigo da TSF:

Descoberto esconderijo alegadamente da Al-Qaeda

As autoridades francesas descobriram hoje um esconderijo de armas nos arredores de Paris, no quadro de uma investigação sobre assaltos e branqueamento de capitais destinados a financiar o terrorismo islâmico internacional.

As armas - cinco espingardas e revólveres - foram descobertas esta madrugada numa garagem da cidade de Clichy-sous-Bois, no âmbito da operação antiterrorista encetada segunda-feira e que conduziu à detenção de 27 indivíduos, entre os quais argelinos, tunisinos e franceses.

No esconderijo encontravam-se ainda um quilograma de TNT, 19 paus de dinamite e detonadores, apreendidos pelos investigadores da Direcção de Vigilância do Território (DST, contra-espionagem) e pelo Gabinete Central da Repressão do Banditismo (OCRB).

As autoridades recuperaram também uma farda completa de polícia e vários fatos negros utilizados pelas forças do corpo de intervenção.

Segundo o Ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, alguns islâmicos detidos desde
segunda-feira têm «ligações indirectas com (Abu Mussab) Al-Zarqawi», o líder da
Al-Qaeda no Iraque.

O Ministro sublinhou que «a permeabilidade entre o terrorismo e o grande banditismo é profundamente evidente».

Mas os investigadores suspeitam igualmente de ligações entre este grupo (de Zarqawi) e o islamismo argelino.

Segundo as autoridades francesas, algumas detenções foram efectuadas «em países que têm a atenção dos serviços secretos ocidentais», nomeadamente no Afeganistão, no momento da ofensiva norte-americana lançada contra este país em 2001.

De acordo com uma fonte próxima da investigação, algumas das pessoas detidas «assumem o compromisso» islâmico e a «vontade de financiar a causa».

Entre os indivíduos que se encontram em prisão preventiva, alguns «já tinham aparecido em investigações anteriores por associação de malfeitores em relação com uma empresa terrorista». Outros são «delinquentes de direito comum», precisou a Direcção Geral da Polícia.
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Viva o Iraque



Embora já amplamente publicada, não resisti a esta imagem.

Temos agora toda a comunicação social a dar ampla cobertura as progressos no Afeganistão, fazendo de conta que não repara que o Iraque vai pelo mesmo caminho.

Esperemos que, em ambos os casos, o caminho prossiga.

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Arauto



No Blasfémias:

Mentiras
No Desesperada Esperança:

George W. Bush
Sobre Jerónimo

No Causa Nossa:
O beco sem saída judicial

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16/12/2005

Castigo ao ‘agitador’

Em relação à anunciada provável intenção de levar a tribunal o ‘agitador’ que o insultou, sugiro que Mário Soares se limite a causar-lhe estrago proporcional ao rendimento de ambos e em função do valor da multa que Mário Soares pagou (ou deveria ter pago) por não ter recentemente respeitado a lei eleitoral em proveito (irrelevante, felizmente) de João Soares.

Para o caso de não se perceber, aqui fica a forma como se fazem as contas.

1 - Divide-se o rendimento de Mário Soares referente aos últimos 30 anos pelo rendimento do ‘agitador’ em idêntico período.

2 - Divide-se o valor da multa paga por Mário Soares pelo resultado do cálculo anterior.

O resultado será o valor do estrago máximo a ‘infligir’ ao ‘agitador’, incluindo advogados, custas de tribunal, deslocações, etc, etc.

Talvez assim Mário Soares perceba a relatividade entre o insulto que devolveu e o que recebeu.

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15/12/2005

Mário Soares e o ‘agitador’

** Assunto anteriormente abordado aqui **

Em relação aos incidentes em Barcelos, com Mário Soares, fiz o download completo do Telejornal da RTP, mas não consegui concluir grande coisa.

As imagens e som da respectiva peça, (editadas, naturalmente), dão a entender que toda a refrega se terá desenvolvido já com Soares a curta distância do ‘agitador’.

Pode ter acontecido que a comitiva tenha sido propositadamente levada para junto da área onde era de prever que iria haver confusão. Mas pelas imagens do Telejornal, diria que se pode fazer essa, como outra especulação qualquer.

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Ele já pairava ... adivinhando-os defuntos ...

A propósito deste artigo no Abrupto, não posso deixar de dar uma achega.

A referência feita por Francisco Louçã a João Amaral e Lino de Carvalho soou-me a algo parecido com: “sinto-me bem no papel de abutre “.

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À volta das sopas

Não é sem parcial motivo egocêntrico que chamo a atenção da discussão que tomou lugar no blog Biblioteca de Babel, mais precisamente por aqui e por aqui.

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Mário Soares e a girafa

Soares diz-se republicano, mas para os “seus” tem um comportamento absolutamente monárquico.

Considera-se o maior da cantadeira e, quando alguém da sua “corte” lhe faz frente, responde com a graça da girafa – elegante mas fulminante escoicinhadora.

Espero que dentro de pouco tempo, a “corte” Soares seja afastada, de vez, da vida nacional.

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Alegre e Soares

Opinei aqui que, não fosse estarmos afogados em crise, gostaria de ver Manuel Alegre na presidência.

A verdade e que, à medida que Manuel Alegre vai falando, vou tomando consciência de que seria mau fossem quais fossem as circunstâncias.

Como poeta, tudo bem. Como governante, é só poeta.

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Decorre bem a votação no Iraque

Enquanto os meios de comunicação social nacionais continuam a fazer-se distraídos, as eleições legislativas no Iraque estão a correr bem.

Segundo anuncia a CNN, a afluência a urnas foi tão grande que a comissão eleitoral deu aos governadores provinciais a opção de manter as urnas abertas mais uma hora do que o previsto.

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Iraque - sapo no 2


Votação em legislativas

Mais um sapo para as esquerdas Kitsch, Kro Magnon e ainda outras.

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Voo às estelas



Por europeus, nos Estados Unidos ... coisas da globalização (em inglês).

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14/12/2005

Investigação reforça suspeitas de voos secretos

Eis um belo exemplo da lógica retorcida que impulsiona uma parte substancial da “mentalidade bem pensante” da Europa.

Artigo da TSF:

Investigação reforça suspeitas de voos secretos

Uma investigação do Conselho da europa reforçou as suspeitas da existência de voos da CIA para transportar presumíveis terroristas que terão sido detidos e levados para outros países.

Segundo precisou Dick Martin, encarregue da investigação do Conselho da Europa sobre a detenção de presumíveis terroristas islamitas na Europa pela CIA, «processos judiciais em curso em alguns países parecem mostrar que pessoas foram presas e transportadas para outros países sem respeitar qualquer norma de assistência judicial».

Dick Martin adiantou que os elementos recolhidos até ao momento permitem «reforçar a credibilidade das alegações referente ao transporte e detenção temporária de pessoas, à margem de qualquer processo judicial».

«É inevitável constatar que as alegações nunca foram formalmente desmentidas pelos EUA», apontou Martin, acusando também a «ausência de informação e de explicações sobre este assunto» pela secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, na recente viagem que afectou à Europa.

Neste âmbito, o Conselho da Europa pede com insistência a todos os Governos dos Estados-membros para se «comprometerem plenamente na investigação da verdade sobre voos dos respectivos territórios por aviões que tenham nestes últimos anos transportado pessoas detidas e presos à margem de qualquer processo judicial».

Entretanto, os eurodeputados do Parlamento Europeu (PE) deverão chegar quarta-feira a acordo sobre a constituição de uma comissão temporária para esclarecer os alegados voos e prisões secretas da CIA em vários países da Europa, incluindo Portugal.

É um excelente exemplo de ataque a fantasmas.

Tudo se resume a uma simples “ferramenta” de trabalho: se o acusado não desmente, então é verdade.

Há milhões de razões para que não se desminta tudo de que se é acusado, mesmo no caso de não fazer qualquer sentido. A mais óbvia, é a de não se deixar criar um precedente que, no futuro, em circunstâncias idênticas, permita que se possa via a tirar conclusões ainda mais precipitadas e radicais. Os Norte Americanos não são parvos e pensam a longo prazo. Suportam que se duvide bastante deles para não deixarem, da vez seguinte, que a dúvida venha a ganhar ainda mais consistência e mais rapidamente.

Uma das mais insidiosas desvantagens daquela forma idiota de tirar conclusões reside no levantar de tais quantidades de poeira que acaba por permitir aos acusados, caso tenham cometido algo parecido ou exactamente aquilo de que os acusam, de manobrarem na confusão de forma a saírem incólumes. Ainda por cima, a serem verdadeiras as acusações, os Norte Americanos contarão com a complacência dos governos e serviços secretos europeus que com eles colaboraram, quer fechando os olhos, quer, caso o processo tenha simplesmente passado despercebido à mesmas entidades, com a sua pacividade no sentido de que nada se apure para que não se perceba o seu nível de incompetência.

... e a Europa continua a querer brincar às superpotências ... Freitas do Amaral diz umas coisas ...

Pelo andar da carruagem, será mais uma que nos vai sair caro. Se tudo vier a correr mal, sabe-se qual a saída: acusar a CIA de ter feito publicar a notícia que incendiou o rastilho, só para lixar a Europa.

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Os aeroplanos e os espantalhos

Assente alguma poeira em matéria de voos da CIA, sobram duas hipóteses:

1 – A Europa está, mais uma vez, a exorcizar espantalhos
2 – A Europa alinha, unha com carne, com os Estados Unidos, mas quer fazer de conta que não.

Qualquer delas demonstra, mais uma vez, “falta de pedalada” geopolítica.

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Português duvidoso na Optimus

[Desenvolvimento posterior aqui]

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As gravação telefónica da Optimus (grupo Sonae) que nos avisa que teremos que aguardar, é a seguinte:

"Por favor, aguarde. Atenderemos a sua chamada tão breve quanto possível"
Suponho que contém um substancial erro de português. Suponho que deveria dizer “brevemente” em vez de “breve”. Suponho que se lhe deve aplicar um advérbio de modo (brevemente) e não um adjectivo (breve). Ou não será assim?

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13/12/2005

O “chefe” da Maria

Depois de Cavaco Silva ter explicado que a acusação de que ele nunca fala explicitamente das mulheres não faz sentido porque, como estipula a constituição, quando fala no homem fala na mulher, é a vez de Jerónimo de Sousa conceder que acredita que Cavaco Silva seja “bom chefe de família”.

Bom, mas “chefe”, mesmo que à revelia da constituição. Se calhar é por se tratar de um direito adquirido.

Que pensará disto Ilda Figueiredo e Odete Santos?

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O Expresso e a manipulação "de referência"

A ler, no Retórica e Persuasão.

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Eixo do mal

Este artigo (de Jorge Bento, leitor do blog Desesperada Esperança) deve ser lido.

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11/12/2005

O PS e Mário Soares estão cada vez mais em pânico

Mário Soares reclama que Manuel Alegre se deve demitir do PS por não ser apoiado pelo partido, dando de barato que a ligação dele próprio ao PS não é de mero apoio a um candidato independente. Em boa verdade a fazer sentido esse pedido de demissão, deveria haver, paralelamente, lugar a uma desistência do candidato Soares. Se a ligação mantida por Manuel Alegre ao PS enquanto candidato à Presidência é perniciosa para o partido não se percebe como não é pernicioso o apoio do PS a Mário Soares em relação à Presidência.

Mário Soares reclama que só há dois candidatos, puxando a brasa, evidentemente, à sua sardinha. Por mim diria que só há um candidato.

Mário Soares, entretanto, não se coíbe de qualificar de “atrasado mental” um popular que o insulou. Lembra a história de Sarcozi.

--- Actualização ----

De facto, nas imagens da RTP, percebe-se que alguém está, inicialmente, via megafone, a dizer coisas bizarras sobre Mário Soares. De acordo com a posição de Soares e da câmara e pelo tipo de som, percebe-se que Soares está, inicialmente, longe do interpelador.

A verdade é que me parece que Paulo Pinto Mascarenhas, n’O Acidental, tem razão. Parece fazer sentido que a caravana tenha, propositadamente, aproximado Mário Soares do interpelante. A ser assim, é muito grave. Há, na equipa de Soares, uma paranóia de vitimização?

--- Reactualizado a 16 de Dezembro de 2005 ---

Em relação aos incidentes em Barcelos, com Mário Soares, fiz o download completo do Telejornal da RTP, mas não consegui concluir grande coisa.As imagens e som da respectiva peça, (editadas, naturalmente), dão a entender que toda a refrega se terá desenvolvido já com Soares a curta distância do ‘agitador’.

Pode ter acontecido que a comitiva tenha sido propositadamente levada para junto da área onde era de prever que iria haver confusão. Mas pelas imagens do Telejornal, diria que se pode fazer essa, como outra especulação qualquer.

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Edite Estrela e os concertos para violino de Chopin



Já muitos o disseram, frequentemente Pacheco Pereira, que os que estão ligados ao mundo de letras encaram com mais condescendência os disparates, em ciência, de quem está ligado ao mundo das letras do que vice-versa.

Se um cientista não soubesse quantos cantos teriam Os Lusíadas, não faltaria quem levantasse o dedo. Basta lembrarmo-nos da história dos concertos para violino de Choupin.

Mas será que, a euro-deputada Edite Estrela, especialista no campo de letras, sentirá como um erro de palmatória relacionar a ocorrência de furacões e tsunamis com o consumo de combustível no planeta? Dando de barato (coisa que não está estabelecida) que a ocorrência de furacões está relacionada com o consumo de combustível, ela refere ainda ... que a ocorrência de tsunamis tem a mesma origem ... :-).

Se Edite Estrela não percebe que se trata de um erro crasso, devia perceber.

A associação foi feita no programa Parlamento, de 11 de Dezembro de 2005, por ela em pessoa.

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“Poderão”

Rui Moura refere, no Mitos Climáticos, que é curiosa a utilização do tempo verbal relativo à palavra “poderão”.

De facto ele tem razão. Suponho que seja o tempo verbal (e o verbo) mais usado para espalhar a confusão. Lançar “notícias” sobre coisas que não aconteceram mas que poderão, na “opinião” no jornalista vir a acontecer. Pura especulação.

De cada vez que um jornalista se quer fazer notado, “antecipa” a “notícia” alavancando-a no termo “poderão”.

Se não se tratasse de pura especulação, não raras vezes pura propaganda, poderiam, ao menos, dizer: “poderão ou não”, ou, “poderá ou não”. Mas isto seria demasiado honesto para a generalidade eles.

Mas há casos piores. Relembro o caso em que, após um período em que o referido tempo verbal foi profusamente usado, José Rodrigues dos Santos anunciou a chagada, a Portugal, da febre de Marburg.

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Arauto



Lobi do Chá:
Há questões que não existem ...
A liberdade tem preço
Eu vi os cubanos a desembarcarem nos portos de Angola...

... outros virão, mais daqui a pouco. Vou ler Mitos Climáticos

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Volto aqui para referir que acabei de tropeçar num novo(?) programa (?) informativo(?) na RTP-2. Nem sei o nome, mas parece-me que virá a ser um manancial de comentário ao disparate.

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Ainda sobre o mesmo programa, acabo de ver uma peça que abordava a mensagem subliminar que exalava da roupa de Saddam Hussein ...

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"Olhar o Mundo", chama-se o dito programa.

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Ainda na RTP-2, no programa Parlamento, Edite Estrela acaba de meter furacões e tsunamis no mesmo saco: o do aquecimento global.

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Corrida ao armamento

Os programas acerca da mãe natureza já há muito saturaram a imaginação de quem os produz, especialmente de quem para eles escreve.

À medida que os recursos técnicos vão evoluindo, novas gravações são efectuadas, e mais esclarecedoras imagens são obtidas (muitas delas em estúdio). Mas pouco de novo se vai adiantando.

Hoje (11 de Dezembro de 2005), na RTP1, saíram-se com uma nova: a “corrida ao armamento”.

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09/12/2005

O debate entre Cavaco Silva e Francisco Louçã

Tenho finalmente Internet em casa. Vou tentar comentar em tempo real o debate entre Cavaco Silva e Francisco Louçã.

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Lá teve Cavaco que explicar a Louçã a diferença entre pobreza relativa e absoluta, que a absoluta é mais preocupante e que quem tenta resolver a primeira agrava a segunda.

Suponho que Cavaco se baralha sistematicamente quando refere biliões ... Tenho ideia que já com Manuel Alegre isto tinha acontecido ...

A qualidade de som desta estação de TV, que raramente vejo, é abaixo de cão. Farfalheira, farfalheira ... compressão insuportável ... de cada vez que os presentes respiram ouvem-se até as tripas ...

O irrealismo permite que digamos tudo - diz Cavaco.

Acabou a 1º parte. O debate está a ser muito atabalhoado. Bagunço. Nem outra coisa é de esperar com aquelas dois morangos.

(Não esquecer cortar o som durante o intervalo para que o lixo não conspurque o ambiente).

(Recomeçou o debate).

Inaceitável aumentar a idade da reforma – diz Louçã. Não explica onde propõe ir buscar o taco.

Afinal explicou. Diz que será pelo "esforço colectivo". Impostos, pois claro.

Quem nasceu cá, é português, diz Louçã. Se cada visitante feminino parir em Portugal, o filho é português. Evidentemente que não se podem repatriar pais de portugueses. Portanto, bastaria visitar Portugal na fase final de gravidez para que todos cá ficassem. A parvoíce total.

... Louçã e o terrorismo. A parvoíce habitual.

O debate não foi melhor que os anteriores. O primeiro foi o melhor, o segundo, pior, este, ainda pior.

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06/12/2005

Os canhotos, a eficácia e a eficiência

Suponho não ser de deixar passar em branco o quão gosta a esquerda contemporânea de falar em eficácia enquanto detesta falar em eficiência.

Eficácia, remete para a resolução de um problema não importa a que custo.

Eficiência, para a resolução, em qualidade, de um problema, mas ao mais baixo custo possível.

Percebe-se que, à esquerda, eficiência cheire a competitividade – coisa que tresanda a globalização.

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O analgésico Mário Soares

Declara Mário Soares, a 5 de Maio de 2005, à revista Visão:

Mário Soares diagnostica bem, mas resolve mal.
... não houve reciclagem oportuna das nossas empresas.
Quando uma empresa não se recicla, é suposto ir às urtigas. Em Portugal, demora muito tempo. A morte de uma empresa é um processo tão tortuoso que arrasta para o calvário todos o que a ela estiverem ligados. Se ela morresse mais facilmente, quem nela trabalhasse poderia fazer-se à vida ainda num estado psicológico aceitável e sem numa situação financeira não catastrófica. Por via da ‘morte lenta’ já só o faz em desespero de causa.

Quanto às formas de o evitar, naturalmente por via da reciclagem, há que contar com dois componentes: maquinaria e pessoal. O problema da maquinaria resolve-se com investimento, como aliás o da reciclagem do pessoal. O problema é que a maquinaria, sendo adquirida, não se nega a funcionar. A reciclagem do pessoal pode resultar ou não, arrastando consigo a eficácia e eficiência da maquinaria (eficácia é difícil de conseguir, eficiência ainda mais).

A formação em Portugal, tem fracos resultados numa inquietante percentagem dos casos porque os formandos não estão de facto convencidos que ela é fulcral para o seu futuro. Vêm nela uma espécie de praxe. Algo que lhes dará um canudo que valerá por si próprio, desligado das matérias que, devidamente assimiladas, não podem ser ‘para esquecer’.

Perante este cenário, Mário Soares remete as responsabilidades do processo para as tais medidas que o governo não terá tomado. Sempre o governo, tutor de tudo e todos. O governo e o estado como um deus todo poderoso, omnipresente e omnipotente. O velho problema de encarar o estado como um substituinte
das religiões tradicionais. Nem passa, aparentemente, pela cabeça de Mário Soares que a melhor forma de resolver o problema é tirar o estado do caminho das empresas, para que elas não passem a vida a tropeçar nele.
... em virtude dos baixos salários [na China] ...
Quanto ao problema da China, Mário Soares compreende o problema mas foge-lhe. Que fazer? Impor taxas alfandegárias à entrada de produtos chineses para colmatar a concorrência desleal face à falta de garantias sociais chinesas? Não pode ser porque, por um lado, Mário Soares poderia ser acusado de pretender boicotar o desenvolvimento do terceiro mundo. Por outro, porque Mário Soares sabe que a China só importa tecnologia europeia caso a Europa lhes abra as alfândegas. Ontem, aliás, foi noticiada a compra, pela China, de 150 aviões Airbus. Essa tecnologia, sendo maioritariamente europeia, não é portuguesa.

Alternativamente, Mário Soares podia chamar a atenção que, face ao que chegámos (falta de competitividade) não nos resta outra coisa que concorrer com os salários dos chineses até que consigamos competir com a sua produtividade. Mas Mário Soares não o faz ... remete o assunto para um culpado - o estado - por interposto governo, como se o dito não fossemos todos nós.

Mário Soares coloca-se, portanto, na posição de dinamizador de uma lógica retorcida em que todos somos sistematicamente torpedeados pelo estado, que somos nós próprios. Enfim, aquilo a que se chama um tiro nos pés.

Mário Soares, paladino de uma esquerda ‘moderna’!! coloca-se mais uma vez, na posição de entorpecente cerebral. Opinando nos moldes em que o faz camufla o problema contribuindo para o seu agravamento.

Com uma esquerda destas a defender os interesses do povo, quem sobra para os defender?

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Prós e Contras – 25 de Abril

(Emitido em 5 de Dezembro de 2005 na RTP-1)

É espantoso assistir à argumentação produzida no programa e não ficar com a impressão que algo supra natural terá sustido o país de se desfazer em plasma como este outro blog, e pelas mesmas razões.

É curiosos ver a lógica da batata de Otelo Saraiva de Carvalho, um gajo simpático, muito provavelmente perigosamente simpático. Diria mesmo que o expoente máximo do nosso ‘nacional porreirismo’.

Ter visto a forma como Otelo navegou a bordo do couraçado da teoria da conspiração, com a percepção que esse exercício continua com imensos seguidores (será que eu também?), não deixa de me preocupar. Ver a forma como Otelo conta ter acreditado que a PSP seria capaz de suster a turba que previsivelmente desfaria a Embaixada de Espanha e contar o sucedido como se não fosse mais que um percalço análogo ao pisar de uma poça, deixou-me estupefacto.

... e lá apareceram, lado a lado, as figuras de Frank Carlucci e Artur Albarran, que, de facto, continuam de mãos dadas ...

Eu já o li há muito tempo, mas vem-me sempre à memória o livro de A. E. Van Vogt, O Colosso Anarquista. Estaria também relacionado com o conspirativo nacional porreirismo? Tenho que o reler.

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Os chafurdadores

Não deixa de ser sintomático que vários jornalistas, ou jornaleiros, ou, melhor dizendo, cerejas de bolo de excremento, se tenham apressado a avaliar o debate entre Cavaco Silva e Manuel Alegre como “morno”, ou “alegre cavaqueira”.

Não é mais que uma triste confirmação que a ‘informação’ em Portugal está pejada de amantes da peixeirada, ou, para distinguir deles as senhoras peixeiras, chafurdadores em tripa de peixe.
“Que pena”, devem pensar estes amantes de vísceras, “que não tenhamos ficado com material para desenvolver o assunto em pormenores sórdidos, de faca e alguidar, enfim, que não tenha havido matéria para demonstrarmos, mais uma vez, que os detentores do poder democrático nada contam face à nossa imensa capacidade em chafurdar no mais alarve pântano mediático”.

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Cavaco Silva versus Manuel Alegre

O debate entre Cavaco Silva e Manuel Alegre foi um debate civilizado. Suponho que do ponto de vista do cargo a que almejam, nenhum possa cantar vitória – ter demonstrado que é claramente mais competente que o outro. Do ponto de vista da luta para o cargo, Cavaco Silva saiu vencedor.

Não se trata de uma vitória sobre os argumentos de Manuel Alegre, mas uma vitória por ter conseguido desmontar alguns slogans que a esquerda lhe tem atirado à cabeça, nomeadamente o da ‘força de bloqueio’, que ele resolver dizendo fundamentalmente que em caso de dúvida virá a ser uma força de desbloqueio, e o de explicar que almeja para o país o mesmo nível cultural que Manuel Alegre, mas que supõe que o país precise de uma indispensável estabilidade económica mínima para lá chegar.

Inteligentemente, Manuel Alegre não entrou no disparate da conversa da globalização, mas suponho que Mário Soares não vai perder a oportunidade para se espalhar ao comprido.

Ainda sobre Manuel Alegre, não gostei de duas coisas: a conversa sobre o Procurador Geral da República e o facto de nunca referir a economia como um dos ramos do saber.

Já agora, para quem tiver dúvidas, se Portugal não estivesse atascado até ao pescoço em problemas económicos da sua (da nossa) inteira e exclusiva responsabilidade, preferiria ver Manuel Alegre na Presidência a ver Cavaco Silva – necessariamente na posição de bombeiro. Mas uma coisa é aquilo que eu gostava que Portugal fosse, outra aquilo que ele é. Como dizia Melo Antunes, é a dura ditadura da realidade.

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30/11/2005

Judite de Sousa e Manuel Alegre

Judite de Sousa entrevistou ontem, 29 de Novembro de 2005, na RTP1, Manuel Alegre, contra-candidato à Presidência da República.

Judite de Sousa xingou o juízo de Manuel Alegre, durante mais de 18 minutos, sobre politiquice. Manuel Alegre deixou-se embrulhar.

Judite de Sousa é uma excelente entrevistadora em matéria de politiquice. Vasculha tudo o que diz respeito a fofoca interna do mundo da política.

No que respeita à abordagem de matérias entre eleitor e eleito, Judite de Sousa não está tão à vontade. Será que o mundo dela é o mundo da politiquice?
Voltando ainda a Manuel Alegre, será que se mostrará capaz, caso chegue à Presidência da República, de impor a disciplina e dizer o que tem a dizer no momento próprio, ou deixar-se-á também, facilmente, embrulhar em conversa de chaxa?

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Aquecimento global



A prova final (recebido via e-mail).

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28/11/2005

Esperança

Via O Observador, Esperança.

Condeleeza Rice, no Institut d'Études Politiques em Paris, a 8 de Fevereiro de 2005. Excerto retirado da revista American Interest, Outuno 2005, pág. 50.

"We know we have to deal with the world as it is. But we do not have to accept the world as it is. Imagine where we would be today if the braves founders of French liberty or of American liberty had simply been content with the world as it was. They knew that history does not just happen; it is made. History is made by men and women of conviction, of commitment and courage who will not let their dreams be denied."

(Tradução)
"Sabemos que temos que nos haver com o mundo tal como ele é. Mas não o temos que o aceitar como ele é. Imaginem onde estaríamos hoje se os bravos fundadores da liberdade francesa ou da liberdade americana se tivessem dados por satisfeitos com o mundo tal com era. Eles sabiam que a história não acontece simplesmente; ela é feita. A história é feita por homens e mulheres de convicção, de empenho e coragem, que não deixam que os seus sonhos sejam negados.”

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Só faltava esta

http://www.worldjumpday.org/

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24/11/2005

A "informação" da RTP e a propaganda

Actualização: Posteriormente, este outro artigo veio acentuar o disparate abaixo analisado.



Nas estações de TV nacionais, a propaganda (neste caso anti-americana) atinge, por vezes, um pináculo de estupidez militante difícil de igualar. Suponho que alguns dos seus exercitantes pertençam a um grupo de eleitos entre os mais aguerridos niilistas nacionais ou, quem sabe, pela acção da globalização, mundiais.

Vejamos esta peça, aparentemente produzida pela batuta de Graça Andrade Ramos, jornalista da RTP, sobre “a luta”, nos Estados Unidos, entre a teoria científica desenvolvida por Charles Darwin que explica a evolução das espécies (evolucionismo) e um dogma (religioso) que defende que as espécies surgiram tal qual as conhecemos hoje após terem sido criadas pelo Criador, (criacionismo).

O áudio da peça (emitida às 22 horas de 16 de Novembro de 2005) pode ser aqui escutado.

Repare-se como, a propósito de uma exposição evocativa dos 150 anos da elaboração da teoria da evolução, se difunde propaganda que mais não pretende que remeter o estado norte americano da Pensilvânia, e os americanos em geral, para as calendas da Idade Média.

A peça começa por fazer crer que a teoria da evolução necessita de defesa face ao criacionismo, aproveitando para propagandear que haja rejeição a esta teoria por largas camadas da população americana . Diz o jornalista pivô (em estúdio) na fase inicial da peça:
Uma exposição sobre Darwin vai abrir em Nova Iorque. O objectivo é defender a teoria da evolução elaborada pelo cientista há 150 anos e que continua a ser rejeitada por largas camadas da sociedade americana.
Já que a jornalista (suponho que também esta fase inicial da peça seja da autoria de a jornalista) se imbui em educadora da classe operária, podia ter esclarecido que, qualquer católico que siga a Bíblia à risca, terá que rejeitar necessariamente a teoria de Darwin porque esta transforma implicitamente numa falsidade tudo o que a Bíblia defende neste campo. No entanto, na Europa como nos Estados Unidos, a percentagem de pessoas que segue por essa via é residual. Aliás, muito menos residual na Europa como nos Estados Unidos é a percentagem de pessoas que desconhecem tanto a teoria como o dogma e esse assunto escapa à jornalista.

Avança então a jornalista:
Em 1850, Charles Darwin publicou ‘A Origem das Espécies’. A sua teoria postula que toda a vida evolui graças a um mecanismo de selecção natural e está em constante mudança.

Numa exposição que levou 3 anos a preparar os visitantes podem acompanhar a própria evolução dos estudos e da teoria de Darwin, depois da sua visita às ilhas Galápagos.
Um entrevistado intervém:
The theory of evolution by natural selection, Darwin’s theory, is only a theory. I would say that it’s a theory that is testable in many ways, is based on observations. A huge wealth of material has been gathered over the 150 years since it was published.

(Tradução)
A teoria da evolução por selecção natural, a teoria de Darwin, é apenas uma teoria. Eu diria que é uma teoria, baseada em observações, testável de muitas maneiras. Uma vasta riqueza de materiais tem sido recolhida desde que a teoria foi publicada, há 150 anos.
A jornalista entrega-se agora, de viva voz, ao exercício do disparate absoluto:
Mas a contestação continua. Alguns consideram a teoria da evolução insuficiente por não explicar toda a complexidade da origem da vida.
Isto pode ser dito sobre toda e qualquer matéria científica. As únicas teorias que explicam tudo e mais alguma coisa são as explicitadas, por exemplo, na Bíblia. Para fundamentar o disparate a jornalista referiu a insuficiência, em abrangência, da teoria da evolução, para lhe lançar uma mancha que lhe permitirá projectar-se para o mundo do absurdo, continuando:
Nos Estados Unidos há mesmo estados que recusam ensiná-la nas escolas. Na Pensilvânia, por exemplo, prefere-se o criacionismo, que se baseia literalmente na descrição bíblica da criação do mundo.
Se a peça acabasse aqui eu diria que a jornalista estaria a propagandear o criacionismo. Entretanto, a história da Pensilvânia é falsa.

As escolas e universidades dos Estados Unidos têm uma flexibilidade acima do que estamos habituados. Nas zonas em que algumas delas estão situadas há uma larga faixa de habitantes (estudantes) que, por via da educação religiosa, são postos perante o choque da existência da teoria da evolução. Nesse contexto surgem reacções e, para evitar criar “matérias tabu”, essas escolas decidiram que, além de ensinarem a teoria de Darwin, explicariam também, especialmente aos alunos que nada sabem de criacionismo, que biblicamente, se defende que as espécies teriam sido criadas espontaneamente.

É claro que o parágrafo anterior nunca daria jeito para se poder sugerir que os estados unidos estão de tal forma pejados de imbecis que, pelo menos num estado, a Pensilvânia (mas depreende-se que haverá outros), não se ensina, de todo, o evolucionismo nas respectivas escolas.

A peça continua, e é o fim da peça a única coisa que leva a concluir que a jornalista não propagandeia simplesmente o criacionismo. Nessa altura uma outra entrevistada explica:
Darwin’s theory of evolution is the only scientific explanation for the diversity of life on earth, as we know it today. These other theories are reactions, social non-scientific reactions.

(Tradução)
A teoria da evolução de Darwin é a única explicação científica para a diversidade da vida tal como a conhecemos hoje na Terra. Essas outras teorias são reacções, reacções sociais não científicas.
Na eminência de que este último depoimento pudesse pôr em causa toda a manobra de propaganda, a jornalista apressa-se a abafar o esclarecimento prestado pelo entrevistado.

É claro que se poderia argumentar que, se fosse o caso, a entrevista podia ter sido, simplesmente eliminada. Mas já dizia António Aleixo:

P’ra mentira ser segura
E atingir profundidade
Tem que trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade.

... e continua a jornalista à carga:
A mostra também inclui a controvérsia, tentando esclarecer os hesitantes.
Esta frase é lapidar. Parece dela saltitar: “mas a mostra jamais conseguirá esclarecer os estúpidos dos americanos, de tal forma que, até na exposição o criacionismo está presente”.

Finalmente a jornalista remata com pura informação:
A exposição abre sábado, dia 19, em Nova Iorque. É já uma antecipação das comemorações do nascimento de Darwin em 2009.
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Vejamos o que nesta peça é informação:
Uma exposição sobre Darwin vai abrir em Nova Iorque.

Em 1850, Charles Darwin publicou A Origem das Espécies. A sua teoria postula que toda a vida evolui graças a um mecanismo de selecção natural e está em constante mudança.

Numa exposição que levou 3 anos a preparar os visitantes podem acompanhar a própria evolução dos estudos e da teoria de Darwin, depois da sua visita às ilhas Galápagos.

The theory of evolution by natural selection, Darwin’s theory, is only a theory. I would say that it’s a theory that is testable in many ways, is based on observations. A huge wealth of material has been gathered over the 150 years since it was published.

(tradução)
A teoria da evolução por selecção natural, a teoria de Darwin, é apenas uma teoria. Eu diria que é uma teoria, baseada em observações, testável de muitas maneiras. Uma vasta riqueza de materiais tem sido recolhida desde que a teoria foi publicada, há 150 anos.

A exposição abre sábado, dia 19, em Nova Iorque. É já uma antecipação das comemorações do nascimento de Darwin em 2009.
Tudo o resto, ou é pura propaganda, ou depoimentos resultantes de perguntas que pretendem levar os especialistas a falar do criacionismo por forma a dar “um cunho científico” à “luta” entre evolucionismo e criacionismo.

O facto de ela ser anti-americana é apenas um pormenor. Este método é frequentemente usado nos mais variados meios de comunicação social para “defenderem” os mais diversos “pontos de vista”.

Um belo exemplo da mais pura propaganda.

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Extinções ...

Suspeito que este partido se extinguirá antes desta outra extinção ter lugar...

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... aviões da CIA ...

A histeria sobre os voos e aterragens de aviões da CIA na Europa começa a dar os primeiros frutos (neste caso bolas encestadas).

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We apologize ...

22/11/2005

Orgia

A orgia mediática à volta das baixas sofridas por Portugal no Afeganistão deveria demonstrar-nos quão pacóvios somos.

Não só a produção informativa é absolutamente descabida como se denota uma absoluta incapacidade de demarcação das instituições (forças armadas) no alinhamento ao disparate.

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21/11/2005

... então e o Teorema de Pitágoras e a Lei de Ohm?



Mário Soares diz que:


“... um PR deve conhecer 'Os Lusíadas' “
... e também o teorema de Pitágoras, e a lei de Ohm.

Será que Soares se enquadra neste espírito?

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Queremos o graveto!!! Queremos o graveto!!!



O Fenómeno, produziu mais uma tirada, desta vez contra os ingleses.

Segundo Freitas do Amaral, Tony Blair nada fez para resolver o embróglio do financiamento da comunidade.

Diz o Ministro dos Negócios Estrangeiros Luso (via TSF):
«É o que está à vista. Portanto, temos de lutar pelo nosso, que é mais antigo e que é mais substantivo e que não é o de uma Europa de comerciantes mas sim um projecto político, económico, financeiro e social. Tudo coisas que a Grã-Bretanha não quer admitir e está a tentar diluir»
Não se percebe onde é que Freitas do Amaral vê algo de errado com a conduta dos ingleses. “Nós” lutamos para sacar o graveto à Comunidade. Os Ingleses lutam para não lho entregarem. Em que é que a nossa “perspectiva” do assunto nos dá uma idoneidade especial face aos ingleses?

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17/11/2005

Sobre a ANF, onde anda o PCP?



Relembro este meu artigo, de Abril, sobre declarações de Bernardino Soares do PCP acerca do comportamento do governo.

Gostaria de saber o que pensa ele agora sobre este outro artigo do DN (via Causa Nossa). Será que o PCP ainda defende que a Associação Nacional de Farmácias deve ser uma instituição a proteger das garras do governo?

Já agora, este outro artigo de Vital Moreira é excelente e enquadra-se na ocupação do éter.

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RTP - Telejornal de futebol

No site da RTP, o link correspondente ao Telejornal de 15 de Novembro de 2005 (canal 1), contém um jogo de futebol ...

Viva o serviço público.

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16/11/2005

Redundância ...


... escreve Vital Moreira no blogue Causa Nossa.

É forte.

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TVs francesas auto controlam-se

Pela voz de uma pessoa da Rádio Paris Lisboa entrevistada num programa da RTP-2 exibido de madrugada de hoje (16/11/2005), ficámos a saber que as estações de TV francesas, num acordo tácito, tinham decidido deixar de exibir imagens dos incêndios e dos incendiários, após terem percebido que a exibição dessas imagens estava a ter o efeito de dinamizar o processo de fogo posto.

Segundo explicado, os responsáveis pelas TVs foram-se apercebendo, ao longo dos primeiros dias, que a exibição dos incêndios era, para os incendiários, uma espécie de trofeu conseguido pelo feito, portanto encorajador de novos desacatos.

Para quando decisão idêntica, em Portugal, relativa aos incêndios florestais? Relembro este meu outro texto sobre o assunto.

E, já agora, alguém se recorda de ter visto este assunto abordado nos órgãos de comunicação social portugueses? Ter-se-há dado o caso de todos eles terem alinhado, mesmo sem acordo expresso ou tácito, num black-out (censura) à notícia da decisão das TVs francesas, por esta decisão poder vir a levantar a lebre e colocar em causa a forma como os jornalistas lusos fazem a cobertura dos nossos fogos de verão?

Aqui estava uma boa ocasião para que os pseudo esquerdistas jornalistas de serviço mostrassem que estavam “contra o sistema”. Aposto que se este tipo de coisa se passasse nos Estados Unidos da América não faltariam vozes sibilinas a acusar os americanos de censura. Basta lembrarmo-nos do chinfrim que foi feito pelos anacletinhos jornalistas (entre outros) quando as estações norte americanas resolveram não divulgar imagens das vítimas do 11 de Setembro, exactamente pelo mesmo tipo de razão: não atribuírem um prémio aos terroristas.

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Estados Unidos – Mais uma vitória diplomática?

Enquanto a administração norte americana, pela pessoa de Condoleezza Rice, consegue mais um acordo histórico entre israelitas e palestinianos, os mais insignes multilateralistas europeus continuam atascados até aos cabelos em problemas internos.

A Alemanha tentando fazendo gatinhar um governo que demorou séculos a formar. A França, literalmente tentando apagar fogos ateados por aqueles de quem sempre achou ser a mais paladina defensora.

O comportamento de potência imperial norte americano torna-se patente não só por via do seu “arregaçar de mangas” como pela absurda conversa multilateralista de europeus que ciclicamente levantam a galinácea cabeça pensando serem girafas.

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Jornalismo e propaganda

Sobre o acordo entre israelitas e palestinianos conseguido por Condoleezza Rice, vejamos mais um exemplo de pura propaganda anti israelita exercitada por uma jornalista da RTP-2 no Jornal das 22h.

Dizia a jornalista a determinada altura:

“Até agora os israelitas alegaram que o potencial perigo de entrada de armas e explosivos em Gaza, resultaria em ataques contra o seu território. Os palestinianos respondem dizendo que Israel tentou sempre asfixiar a economia palestiniana.”

A propaganda consiste em denegrir um dos contendores em favor de outro e apoia-se em duas palavras: “alegam” e “respondem”.

Os israelitas alegam, os palestinianos respondem.

A jornalista podia dizer que ambos alegavam. Ou que israelitas diziam e palestinianos respondiam. Mas não. Alegar soa a: “alegar mas ...”. Soa a: “eles alegam mas sabe-se que não é bem assim”. Alegar, lança uma suspeita implicando um juízo de valor sobre o que se alega. Os palestinianos “respondem”. Coisa simples, sem encrencas.

E assim vai, no serviço público, a informação isenta.

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15/11/2005

Os avestruzes



Já com a fervura assente em França (com a promessa de que o cheiro a esturro vai continuar), vai assentando a ideia de que o projecto de multiculturalidade em França tem que receber novo impulso. E eu continuo a dizer que continua a política de avestruz.

Voltamos à velha história de sempre se fugir ao problema de se discutir até que ponto conseguem duas culturas, extremamente diferentes, coexistir porta a porta.

No seu blogue Abrupto, Pacheco Pereira escreve sobre o programa Diga Lá Excelência, com Rui Marques:

Tenham medo, tenham muito medo da série de ideias ultra-politicamente correctas do pomposamente chamado Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas (eu a pensar que num mundo "multicultural" não havia "minorias étnicas"), expostas no estilo da Raposinha do Aquilino, "com muita treta", no Programa "Diga lá Excelência" e reproduzidas no Público de hoje. Aqui vai uma pobre amostra do discurso cheio de certezas do Alto-Comissário:

Só nós:

"A Europa está a viver um tempo triste em que se está a fechar numa concha, erguendo muros e barreiras à sua volta. A opinião pública espanhola ra das poucas que se mantinham abertas, agora restamos praticamente só nós, os portugueses."

Onde estão "talheres" coloquem coisas como o estado de direito, a democracia, valores civilizacionais como a igualdade das mulheres e dos homens, repúdio da violência "cultural" (excisão do clitoris, etc.):

"Quando eu convido alguém para almoçar comigo não é normal que eu exija que todos comam com talheres?

Não é obrigatório. Eu acho possível sentar à mesma mesa pessoas com registos culturais, históricos e eligiosos completamente diferentes.

Com pratos diferentes, instrumentos diferentes?

Exactamente. Em contexto global, é isso mesmo que temos que fazer. O grande perigo que corremos é querer que toda a humanidade se sente à nossa mesa comendo com os nossos talheres e com a nossa culinária."


Preconceitos:

"Vamos então a um caso concreto. Defende escolas só para algumas comunidades imigrantes, com currículos especiais?

Não, a interculturalidade não é isso. Isso são versões suaves de multiculturalismo, versões de segregação, de separação de diferentes comunidades.

Mas parece que a escola portuguesa não interessa muito aos filhos dos imigrantes...

É um preconceito.

O insucesso escolar nestas comunidades é um preconceito?

Mas o insucesso escolar não tem que ver com o interesse na escola portuguesa. Temos
todos a ganhar com a aceitação da diversidade. De ver a realidade a partir do ponto de vista do outro."

As certezas enfatuadas e o tom dogmático eram tão evidentes que até os jornalistas habitualmente calmos estavam irritados.

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Gostava de saber que casal ocidental era capaz de aguentar um almoço com outro casal em que a respectiva mulher tivesse de ficar na mesa ao lado para não haver misturas.

E, neste caso, quem seriam os intolerantes? Os ocidentais, se não aguentassem a cena, ou os “alternativos” que não quereriam misturas?

E ainda, como “integrar”, sem que uma das partes abdique de algo que julgue absolutamente fundamental? Quem defende que, no cenário acima, a mulher ocidental vá para a mesa da mulher “alternativa” como sinal de respeito pela outra cultura?

Como ficamos neste cenário em que uma cultura “alternativa” não quer mistura de sexos? Criamos escolas “alternativas” em que rapazes e raparigas ficam separados? E isto não é exclusão? Criamos turmas “alternativas” em que rapazes e raparigas ficam separados? E isto não é exclusão?

Que direito tem um estado, pelo ponto de vista dos “multiculturalistas”, de obrigar que turmas sejam compostas por jovens de ambos os sexos?

Como se dá trabalho a pessoas que por terem uma cultura “alternativa” não se querem relacionar de igual para igual com pessoas do sexo oposto?

E, caso os seguidores dessa cultura “alternativa” cedam e comecem a comportarem-se como ocidentais, isso não implica um abandono da sua cultura “alternativa”?

Continuemos, pois a aderir aos pontos de vista do Alto-Comissário, e veremos se dentro em pouco não estoira a bronca em Portugal.

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Pescando



Saltitando por outros blogues, aqui junto três artigos que suponho serem de realçar:

No Câmara Corporativa (via Causa Nossa), Lista de Aposentados no ano de 2005 (Janeiro a Novembro) com pensões superiores a 5 mil euros mensais.

No Causa Nossa, Soma e Segue.

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Dependência - Ajdrubal


Aqui, há uns tempos, deambulei pelo mundo da dependência da esquerda face à direita. Vou consubstanciar.

Usando a linguagem da esquerda, imagine-se que havia outro candidato “à direita”.

Chamemo-lhe Ajdrubal.

Suponhamos que, nessa perspectiva, uma s primárias davam os seguintes resultados:

Ajdrubal 25%
Cavaco - 23%
Soares - 18%
Alegre - 16.9%
Louçã - 8.8%
Jerónimo - 8.3%

Já repararam quem passaria à segunda volta? Já repararam que, mesmo tendo a esquerda, neste cenário, mais de 50% dos votos (52%), quem passaria à final seriam os dois candidatos da direita?

A esquerda só se dá a luxo de apresentar uma capoeira de candidatos porque está confiante de que a direita só apresentará um único.

A esquerda quer usar as eleições presidenciais para, à custa de todos os portugueses, dirimir a liderança no seu campo. Espero que a manobra lhe saia furada, para ver se ela percebe que há mais mundo para além da esquerda. Seria bom para todos.

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14/11/2005

Justiça e jornalismo



No Jornal das 20 de 12 de Novembro, a SIC abordou um caso em que uma pessoa teria sido sentenciada a 2 anos de cadeia por ter roubado um telemóvel.

A coisa andava ainda à volta de um problema relativo à presença, ou não, do acusado, no local em que lhe era apontado ter cometido a patifaria e do valor dos objectos roubados.

Se a sentença era justa ou não, não é por aí que vou nesta prosa, mas de algumas facetas do assunto que me saltaram à vista.

Em primeiro lugar, o tom de agressividade com que um juiz interrogava uma testemunha. Julgava que não fosse, de todo possível, que num tribunal fosse usado aquele tom, que julgava morto e enterrado desde o 25 de Abril. Quando vejo alguém a falar com outra pessoa naquele tom, pergunto-lhe habitualmente: “Oiça lá, isso são modos de falar com alguém?”

Logo depois, em estúdio, o Jornalista entrevistou o juiz desembargador Eurico Reis que explicou, mais ou menos por estas palavras; “ ... a sentença não é proferida pelo valor das coisas, mas pelo abalo moral que a vítima sofre pelo facto de ser vítima de um roubo”. E logo a seguir pormenorizou: “Quando se rouba alguma coisa a alguém, está-se a retirar horas de vida a essa pessoa, porque os objectos foram comprados pelo ganho em horas de trabalho ...”

Raios me partam se a segunda explicação não contraditou completamente a primeira ...

Já agora, a explicação inicial do Juiz faz, quanto a mim, sentido. E a segunda também porque, suponho, permita um processo de compensação monetária face ao prejuízo causado. Mas continuam a ser duas coisas que não se podem meter no mesmo saco porque só a primeira me parece fazer sentido justificar prisão.

Entretanto percebe-se que nem a jornalista que tinha feito o trabalho nem o pivot em estúdio estavam conscientes do que tinha em mãos. Para eles, a sentença era função do valor do telemóvel. Parecem também ter achado razoável que o juiz tivesse entrevistado a testemunha da forma como o fez e era patente na gravação, caso contrário deveriam ter abordado essa matéria. Quanto a este último assunto, parece-me ter detectado um certo mau estar em Eurico Reis.

Como quem não quer a coisa é ainda abordada, em jeito de tangente, a delicada posição da advogada que defendia o acusado. Segundo percebi, a posição dela seria crítica porque tendo sido nomeada pelo tribunal não sentiria liberdade suficiente para fazer, na sala de audiências, o que era suposto. Pareceu-me que haveria ali um conflito de interesses entre a advogada e o tribunal, o que implica que este já tivesse uma ideia pré concebida face ao acusado.

Segundo julgo ter percebido, a advogada não quereria morder a mão que lhe dava de comer ...

Com tanto pano para mangas, a peça informativa (?) insistia na questão do preço to telemóvel ...

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Mário Soares faz mais uma comparação tosca



Referindo-se a Cavaco Silva e respectivo posicionamento face ao défice, Mário Soares comparou a eventual vitória daquele à subida ao poder de Salazar que “depois ficou lá 48 anos”.

A falta de consciência de Mário Soares é de tal ordem que já não se importa de limpar a imagem de Salazar para tentar mordiscar Cavaco Silva.

Há alguém que lembre ao nosso ancião que quando Cavaco Silva ganhou eleições (legitimamente) exerceu o poder, e quando as perdeu, se afastou? Será que Mário Soares já só recorda a história antiga?

Salazar e Cavaco foram primeiros ministros (embora no tempo de Salazar se chamasse Presidente do Concelho) e Salazar, de facto, só largou o poleiro quando caiu da cadeira.

Mas quem ocupa agora a posição que Salazar ocupava é José Sócrates. Mário Soares deveria portanto chamar a atenção de que José Sócrates poderia vir a não querer largar o poder.

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Centrais sindicais públicas e privadas

Já se tornou lugar comum que as centrais sindicais se preocupam, basicamente, com o sector público.

É pena. E é pena que não se forme uma central sindical exclusivamente dedicada aos sector privado.

Nesse cenário seria interessante criar ainda um outro. A presença, em simultâneo, de ambas as centrais nas negociações no âmbito da concertação social.

Suponhamos que a central representativa do sector público reclamava aumento de salários. Seria interessante ver a outra central opor-se por perceber que isso implicaria um aumento de impostos.

E seria ainda mais interessante ver a central representativa do sector privado reclamar que a outra alinhasse na dinamização de maior eficiência dos seus trabalhadores de forma a libertar verbas que pudessem permitir o abaixamento de impostos que possibilitasse uma melhoria do nível de vida dos trabalhadores do sector privado.

… wishful thinking ...

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Dependência



Uma das bandeiras da esquerda portuguesa dos anos 70 consistia na promoção da emancipação do homem (leia-se proletariado - homem do povo). Era um movimento que pretendia retirar à direita alguma base de sustentação, minando a tradicional relação entre senhor e servo.

Quando era criança lembro-me, que na zona onde vivia havia dois condes. Um deles ainda o avistava de vez em quando. O outro, nunca lhe pus a vista em cima.

O conde habitava uma casa enorme, tinha vastos terrenos, tinha vida de burguês. Os que para ele trabalhavam habitavam casas modestíssimas, trabalhavam de sol a sol, verão ou inverno, chovesse ou não, geasse ou não, e não recebiam se não trabalhassem. Caso ficassem durante algum tempo sem trabalho, valiam-lhes as galinhas, os perus, os coelhos que iam criando.

Eu vivia com avós reformados, e, por essa via, tinha uma vida de mais qualidade do que os meus colegas da primária. A maioria deles (6 a 10 anos), vindos da escola (que só ocupava umas 4 horas por dia), trabalhava nas fainas da casa apanhando erva, alimentando os animais, mudando a cama dos animais, etc. Um trabalho que hoje seria absolutamente inaceitável, mas que era o dia a dia há cerca de 40 anos. O meu caso não ia além da pastagem de perus. Tendo presente a fome do tempo da guerra que nos era relatado pelos mais velhos, o meu trabalho e o dos meus colegas não passavam de uma brincadeira face ao que os anciãos contavam.

A vasta maioria dos meus colegas da primaria não passou da 4ª classe. Eu pertenci a um pequeno grupo de meia dúzia de bafejados que fizemos os exames de admissão à escola técnica e liceu (que corresponderia hoje a um exame de admissão no segundo ciclo do ensino básico).

Voltando à carga inicial, sentia-se muito directamente o peso da instituição “condes”.

Os condes não seriam parvos de todo. Penso não estar longe da verdade se disser que haveria uma deferência respeitosa destes face aos trabalhadores. Essa deferência não chegava evidentemente ao ponto de os tornar plenamente sensíveis face às dificílimas condições de vida dos trabalhadores da zona, mas esses trabalhadores sentiam-se, de alguma forma, que eram tratados com alguma deferência pelos condes. Talvez o sentissem por se lembrarem dos idos ...

Com o 25 de Abril espalha-se o vírus da emancipação do homem. Penso que muita gente ficou em pânico de ambos os lados da barricada. Os condes por razões óbvias. Mas também muitos trabalhadores sentiam que as novas ideias de emancipação os deixariam órfãos ... mais vale o diabo que se conhece ...

Os tempos passaram e nalguns casos mais noutros menos, a emancipação teve lugar e a influência dos condes esbateu-se.

Eram tempos em que uma direita mais ou menos caceteira queria perpetuar esta relação paternalista/exploradora com o trabalhador.

A esquerda, regra geral, acabou, nesta matéria, sendo bem sucedida, e, em abono da verdade também muita direita, mais ou menos burguesa mas mais civilizada, acabou por alinhar numa relação mais bem nivelada com a generalidade dos proletários de então.

Evidentemente que o filme que acima recordo espelha, se as minhas faculdades de percepção não falham (ou falharam) uma realidade local, bastante limitada no espaço e no tempo.

Mas suponho que seja suficiente para abordar problemas relativos à dependência.

Sou capaz de não estar muito baralhado se afirmar que a maioria da população de Portugal desenvolve alguma espécie de mecanismo de dependência, face a alguém ou a algo. Não sei se não será, simplesmente, um mecanismo semelhante à dependência que, desde tenra idade, todos tendemos a manter, durante pelo menos a menoridade, com nossos pais. A verdade é que me intriga a dependência que a maioria dos portugueses parecem demonstrar, e que me parece doentia, a futebol, telenovelas, reality shows e outros programas de elevada toxicidade, música pimba, chunga, de encher pneus ou penicos, até dependência religiosa face a alguns comportamentos que suponho serem algo aberrantes.

Depois do sucesso que a esquerda obteve na dinamização da auto-emancipação do proletário, suponho que aquilo que então se esperava vir a ter lugar, a evolução no sentido do assumir de uma identidade de cidadão, veio a revelar-se um processo frouxo.

Enquanto por um lado a generalidade da população se foi emancipando face às dependências reinantes no panorama pré 25 de Abril, por outro foi aderindo aos vários tipos de dependências já antes referidas. Se muito embora as implicações dessas novas dependências tenham pouca relação às anteriores, elas têm fortíssimas implicações indirectas no nível cultural de todo o país.

Por nível cultural não entendo saber quantos cantos têm os Lusíadas, mas cultura em relação a todos os campos das letras e ciências.

Estando consciente de que, apesar de tudo, o nível global cultural (médio) sofreu uma melhoria, suponho que não terá sido suficiente para que tenhamos podido acompanhar o ritmo (para já não falar em aproximarmo-nos) dos restantes países da Europa.

Voltando à dependência, suponho que a globalidade da esquerda, não sei se consciente ou inconscientemente, se tenha deixado lentamente escorregar para a dinamização de um mecanismo em que passou a defender a elevação do estado à posição de tutor do cidadão comum.

Para alguma esquerda sindical, especialmente após a queda do muro de Berlim, este mecanismo revelou-se capaz de auto-sustentar a promessa de um estado de coisas em que, por um lado, um estado cada vez mais omnipresente e “zelador” passa a poder justificar a sua própria dimensão, e por outro, promete e ensaia um cada vez maior papel de tutor do cidadão comum. Este comportamento é particularmente notório no ensino, (elevado a educação, tal a fúria tutorizante), segurança social, e para com os cidadãos mais desprotegidos. Este comportamento para com o ensino não é inocente. Ele pretende garantir a “sustentabilidade” do estado de coisas.

Tudo isto conduziu o estado a assumir uma relação paternalista para com o cidadão ao arrepio de uma saudável relação adulta, de cidadão emancipado, a caminho do exercício de uma salutar cidadania.

Tal como fazem os adolescentes mal criados para com os progenitores, temos todo um país a insultar o estado e a exigir dele, simultaneamente, tudo e mais alguma coisa. E os governos, venham lá de onde vierem, mesmo que se apercebam do problema, nem sabem para onde se hão de virar.

Suponho que o estado de coisas em França tenha algum grau de paralelismo com o que escrevo porque é exactamente ali que parece morar a mais infinita fé no estado social “à moda da Europa” – dizem os seus defensores embora suponha que uma boa parte dela não alinhe pelo disparate.

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10/11/2005

Sem a presença de Cavaco Silva, Mário Soares esfuma-se


O contra‑candidato Mário Soares está com problemas existenciais.

De acordo com as declarações de hoje à TSF, se Cavaco Silva não lhe ligar nenhuma, a existência da contra‑candidatura de Mário Soares fica posta em causa. O problema é, aparentemente, de tal forma sério que, se Cavaco Silva continuar sem lhe ligar peva, é de supor que Mário Soares venha mesmo a tomar a decisão de retirar a sua contra‑candidatura.

Diz Mário Soares:
«Parece que o professor Cavaco Silva vai agora fazer uma viagem, o que lhe permite continuar numa posição de não fazer pré-campanha. É uma posição que lhe agrada certamente, mas vai-se tornando uma espécie de candidato esfinge».

Esta aflição pela ausência de Cavaco Silva é espantosa. Deve-se certamente a altruísmo político. Veja-se bem, Mário Soares está preocupado por Cavaco Silva estar a perder a possibilidade de expor as suas ideias durante a pré‑campanha. Suponho que não será outra coisa. A não ser que Mário Soares esteja seco de ideias e precise de Cavaco Silva como fonte de inspiração.

E que dizer da “esfinge”? Será uma referência aos atributos de beleza de Cavaco? A ser assim será, talvez, uma piscadela de olho aos Anacletos!

E Mário Soares continua. Segundo a referida TSF, “na opinião de Soares, a circunstância de o candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP estar «silencioso e ausente do país» está a condicionar a pré-campanha dos restantes candidatos no que se refere à organização de debates, o que considerou «inaceitável»”.

Não tarda muito Mário Soares aventará a possibilidade de não se poderem realizar eleições presidenciais por causa da ausência de Cavaco. Para Mário Soares, sem Cavaco não há Portugal.

Para quem ainda tenha dúvidas, Mário Soares clarifica:
«Os debates devem ser com todos, não há que discriminar nenhum candidato e, portanto, ele próprio não pode ser discriminado. É um bocadinho pesado que, por ele ter organizado a sua vida de modo a prolongar o tabu do silêncio, os outros fiquem privados da palavra, o que não pode ser. Isso é inaceitável».

Veja-se bem quanto Mário Soares se preocupa com a eventual discriminação de que Cavaco Silva possa vir a ser vítima. Até parece que Mário Soares está com receio de não vir a ter a oportunidade de votar em Cavaco Silva.

E quanto à possibilidade de a ausência de Cavaco Silva vir a privar da palavra aos restantes candidatos? Até parece que, sem Cavaco Silva todos ficam sem pilhas.

Percebe-se que Cavaco Silva vá viajar. Fica em Portugal Mário Soares para relembrar da indispensabilidade de Cavaco Silva como figura fulcral no panorama presidencial português.

Não admira que já anteriormente, Mário Soares, elegesse George Bush como figura de referência a ter em conta em relação à aprovação, ou não, do Tratado Constitucional Europeu.

De cada vez que Mário Soares abre a boca, o disparate é absoluto e total ...

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